Bispos do Brasil – Reféns da própria teia: Pastorais comandam – Bispos obedecem


30.04.2009 - Os bispos do Brasil tanto fizeram para ‘democratizar’ a Igreja, para abrir todo o governo diocesano aos leigos que agora já não podem mais governar nem mesmo na esfera mais individual e particular que existe no universo dos sacerdotes – a homilia.
A homilia, ou sermão, é a construção própria do Padre/Bispo para transmitir a Doutrina Católica e os mistérios da fé. Mas hoje não apenas os ministros ordenados proferem suas homilias, mas também muitos leigos, nas famosas “celebrações da Palavra”, ganharam um ‘indulto’ dos bispos do Brasil para ‘explicar’ aos irmãos os temas bíblicos que eles próprios não conhecem.
Dessa abertura tão ‘generosa’ concedida pelos Bispos aos leigos, não poderia surgir coisa boa. Resultado – sola scriptura católica! Cada um é livre para interpretar a bíblia como quiser...exatamente como desejava o sulfuroso monge alemão Lutero.

Não é de hoje que as pastorais assumiram o comando da Igreja brasileira. Mandam em tudo, decidem que letra usar nos documentos, que título dar às declarações. Os bispos agora bebem do próprio veneno...
A celebração para o Dia do Trabalho, organizada pelo Cardeal Scherer em São Paulo e que, pelo próprio desejo do cardeal, iria reunir trabalhadores e patrões foi censurada pelos integrantes de uma poderosa Pastoral Social.
A notícia, primeiramente, nos deixa perplexos. Se um cardeal da Igreja já não consegue organizar soberanamente as missas na sua diocese, então quem poderá? O bispo é o chefe da Igreja local, porque sua autoridade vem, primeiro, da sua sucessão apostólica e também da sua comunhão com Pedro. Uma condição não sobrepõe ou substitui a outra. Um bispo válido, mas em cisma, não pode comandar validamente uma diocese católica e nenhum católico é moralmente obrigado a segui-lo, mas pelo contrário, deve solenemente ignorá-lo.
Até onde eu sei o cardeal Scherer não está em cisma, portanto se o purpurado planejou uma missa desse ou daquele jeito ele deve ser obedecido (desde que a celebração não seja sacrílega ou herética, é claro). Contudo, os membros dessa poderosa Pastoral, investido de todo o poder adquirido na época do cardeal Arns (certamente!), agora ditam ao bispo – Desse jeito não!

A atitude do cardeal, em reunir ‘patrões e empregados’ no dia do trabalho é até interessante, considerando os antecedentes da catedral da Sé, mas transformar a celebração numa “celebração classista” é ridículo. Os membros da pastoral usarão a missa para promover suas idéias revolucionárias, seus chavões cheios de ódio. O próprio cardeal admite que “possa transparecer algum confronto nas manifestações que haverá, depois da missa, em praça pública”. Se isso provavelmente vai acontecer, por que o cardeal não cancela a missa? Não seria uma incongruência a Arquidiocese apoiar uma manifestação, após a santa missa, onde pode “transparecer algum confronto”? Não é a mesma arquidiocese que tão enfaticamente promove as campanhas da fraternidade? Onde está a Fraternidade nesse potencial confronto?
O discurso da CNBB – fraternidade, justiça, paz, blábláblá – é só, como diria Yasha, para ozoprimido.
A esquerda eclesial é contraditória, ridícula e involuída. Está sempre dando passos contra o tempo, para manter os católicos brasileiros numa eterna década de 80! Depois os tradicionalistas são saudosistas...
E por falar em tradicionalistas, conservadores, etc, eu gostaria de saber se um católico ou grupo tradicional pedisse ao senhor bispo Pedro Luiz Stringhini (o mesmo bispo do caso dos padres apoiando a senhora Marta Suplicy... aquele bispo que há pouco foi apontado pela mídia como potencial sucessor de Dom José Sobrinho!) para fazer uma homilia mais católica, com temas católicos, com um linguajar católico, enfim, se o bispo aceitaria com tanta receptividade o pedido e as sugestões. Será?
A Pastoral dos Operários, indestrutível e onipotente em São Paulo, sugeriu algumas coisas para que o bispo colocasse em seu sermão. O caminho da homilia, em São Paulo, é feito na contramão: os leigos ensinam ao bispo! E ensinam errado, é claro.
Em São Paulo eles farão exatamente o que o Vaticano II (a única linguagem que eles entendem) pede para NÃO fazer na missa – acepção de pessoas

Na Liturgia, à exceção da distinção que deriva da função litúrgica e da sagrada Ordem e das honras devidas às autoridades civis segundo as leis litúrgicas, não deve fazer-se qualquer acepção de pessoas ou classes sociais, quer nas cerimônias, quer nas solenidades externas.

SACROSANCTUM CONCILIUM – n.32

E o caso de São Paulo, embora mais grave, não é a única asneira que nos chega aos ouvidos. Os bispos do Brasil, em dispendiosa reunião em Itaici, vão publicar as suas declarações famosas, que são subsídios para mais aberrações como essas que são armadas em SP.
Os bispos falaram da formação do clero? Sim, mas só para criticar implícita e maliciosamente o celibato. Crítica essa que eles foram obrigados e a engolir depois do escandaloso “Cio do Bispo Lugo”.
Os bispos falaram de evangelização? Sim, mas só para criticar “os métodos ultrapassados de evangelização adotados até agora”. Por ultrapassados, leia-se “Vaticanos” e não os métodos marxstóides adotados pela CNBB, esses sim já há muito empoeirados e infrutíferos.

Os bispos falaram da Doutrina? Não.
Os bispos falaram da fidelidade ao Papa? Não.
Os bispos falaram ou leram o catecismo? Não.
Os bispos planejaram como acabar com os abusos litúrgicos? Não.
Os bispos comentaram sobre a situação lastimável das PUCs? Não.

Enfim, uma reunião inútil e, como já disse, cara! Reunir mais de uma centena de bispos não deve sair de graça... Perdoem o meu ‘pragmatismo’ financeiro, mas já que a reunião seria e foi infrutífera, do ponto de vista da fé, então pelo menos poderia ter sido barata...
Mas os bispos ficaram discutindo o quê? A maioridade penal! Para mais detalhes vejam o texto de Jorge Ferraz.
Os bispos brasileiros adoram discutir coisas que não são da sua competência. Infelizmente, nesse caso, nenhum político ou jurista veio com o clichê do “estado laico”. Ah, como faz falta esse “Estado Laico” quando os bispos discutem aquilo que não é absolutamente importante para a fé e salvação das almas!!!
De qualquer forma, pelo menos até julho, vamos ser bombardeados nas homilias semanais pelas ‘decisões’ da CNBB. Todo ano é a mesma coisa, a mesma chatice. Depois de Julho a coisa passa, pode esperar.

Fonte: http://igrejauna.blogspot.com/


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