27.04.2009 - Em Londrina, uma mulher portadora da Síndrome de Eisenmerger engravidou. O que isso tem de tão especial? Essa síndrome pode levar a uma mistura do sangue arterial com venoso, acarretando a morte da paciente. O risco de morte para a mulher, no momento do parto, é bastante elevado. Mesmo com esse quadro, uma londrinense engravidou.
Os médicos do Hospital Universitário de Londrina assumiram uma conduta, a meu ver, absurda. Escreveram laudos apontando risco de 75% de chance de morte para a mulher. De onde tiraram esse número? Fizeram uma estatística de casos análogos? Uma média ponderada? Uma média harmônica? Independente disso, o fato é que a única solução apontada foi o aborto. Um tanto quanto maquiavélica essa equipe médica. E, claro, imagino que a grande 'preocupação' deles fosse com a a vida da mãe. Sei, sei...
Ocorre que tanto a mulher quanto seu marido não quiseram o aborto. E, para poder ter o filho, tiveram que ir a São Paulo. Os médicos londrinenses não quiseram lutar pelas vidas, queriam acabar com uma em função de outra. E mais: eles não respeitaram o direito de escolha do casal, que queria lutar pelas duas vidas, a da mãe e de seu filho.
O horror dos horrores é que o HU de Londrina apontou o aborto como uma 'necessidade', de acordo com a reportagem. Eis a irresponsabilidade desta equipe médica: por eles, a criança não teria nascido. Isso seria uma tragédia na vida daquela familia. Felizmente há médicos sensatos, que respeitam verdadeiramente a liberdade das pessoas, e que cumprem o seu dever, que é zelar pelas vidas.
E o resultado está aí: Gianna Vittoria nasceu, a mãe dela está muito bem, obrigado, e há mais uma família sendo constituída, apesar de todas as dificuldades. O mais chocante é saber que a maior dificuldade é oferecida não foi pela doença em si, que permitiu que as duas vidas seguissem seu curso, mas por médicos, que queriam acabar com uma das vidas.
Agora as pessoas não terão que lutar mais contra doenças, mas terão que lutar contra os próprios médicos?
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Eu não tenho certeza, mas dá para intuir que o nome Gianna Vittoria é, em primeiro lugar, uma homenagem a Santa Gianna, e em segundo, uma homenagem à vitória em uma situação tão adversa. Reforço que não foi a doença da mãe que quase impediu o nascimento de Gianna, foram alguns médicos.
Fonte: http://minhavereda.blogspot.com/
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Notícia do Jornal de Londrina PR
0104.2009 - Após lutar contra aborto, londrinense dá à luz Vittoria
Gianna Vittoria nasceu ontem no Incor em São Paulo após um parto tranquilo e sem complicações – quadro clínico que nem de longe lembra os momentos de aflição da família, que cogitou o aborto.
Em novembro, aos três meses de gestação, a mãe de Gianna, a dentista Gracy Kelly Oliveira Elreda, 31 anos, preparava-se para uma intervenção abortiva no Hospital Universitário (HU) de Londrina, após dois laudos apontarem risco de 75% de morte para mãe e filha caso a gravidez não fosse interrompida.
Gracy é portadora da Síndrome de Eisenmerger, uma cardiopatia que pode misturar o sangue oxigenado pelo pulmão com o venoso – rico em gás carbônico. Até mesmo durante o parto o risco de uma morte súbita era grande, como sugere a história médica de portadores da rara síndrome, que só pode ser resolvida com um transplante conjunto de coração e pulmão.
Mesmo com a indicação para o aborto, uma necessidade apontada pelo HU, o esposo de Gracy, o publicitário Guilherme Elreda, não aceitou. Mudou-se com a esposa para São Paulo e começou uma cruzada pela vida – da filha e da esposa. “Ela tem o direito de escolher. E foi atrás desse direito que viemos para São Paulo. Em Londrina não nos deram esperança”, afirmou o publicitário. “Agora minha filha nasceu!”, comemorou, logo após informar à reportagem que “a luta pela vida ganhou”. De acordo com o pai da criança, Gianna nasceu com quase um quilo, prematura de oito meses – mas com boa saúde.
A busca do casal por respostas que indicassem chances de sobrevivência para ambas ganhou adesões no estado de São Paulo. Políticos, religiosos e instituições como a Pró-Vida – uma das maiores entidades anti-aborto do País. O grupo formou uma rede de ajuda e suporte ao casal: “Todos se emocionaram muito com o caso da Gracy”, afirma o marido. Ontem, ela se recuperava em uma UTI do Incor. Em breve, espera estar com o bebê, que foi transferido para o Hospital de Clínicas da USP.