25.04.2009 - “Vai anunciar o Reino de Deus” (Lucas 9,60).
“Ai de mim, se eu não anunciar o evangelho” (1 Coríntios 9,16).
O que estamos fazendo para anunciar a Boa Nova de Salvação de Jesus Cristo diante de tantas e confusas propostas religiosas?
As estatísticas são inequívocas. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há pouco mais de 20 anos, quase 90% da população brasileira se dizia católica, uma diferença gritante em relação aos evangélicos. Na virada do século, o número de crentes já havia crescido consideravelmente, representando cerca de 16% dos brasileiros. Atualmente, de acordo com o Instituto Datafolha, os evangélicos já chegam a 22% da população, ou seja, cerca de 40 milhões de pessoas. O Departamento de Pesquisas da Servindo Pastores e Líderes (Sepal), vai ainda além. De acordo com a entidade, sediada em São Pulo, o crescimento atual do segmento é da ordem de 7,5%, o que, se mantido nas próximas décadas, fará com que metade do país seja evangélica em meados deste século (1).
O Brasil é considerado o maior país pentecostal e espírita do mundo. São 17.689.862 de pentecostais e 20 milhões de adeptos espíritas. Este teve um crescimento de 40% nas últimas duas décadas (2).
Cresce o islamismo no Brasil. Segundo o último senso do IBGE, de 2000, havia 58 mil muçulmanos nos país, mais de 60% concentrados em São Paulo. Hoje, de acordo com a União Nacional das Entidades Islâmicas, o número saltou para 300 mil. Há dois meses, foi inaugurada em Maringá, no interior do Paraná, uma Academia Islâmica, para formar divulgadores do Islã (3).
Em 1991, a Igreja Messiânica Mundial tinha 81.000 fiéis, hoje, 109.310. O budismo tem 245.00 seguidores no Brasil (IBGE – 1991 – CERIS).
O senso 2000, além de ter revelado a posição dos cristãos e dos maiores agrupamentos religiosos, mostrou também um avanço terrível das seitas e das religiões orientais.
A camuflada Nova Era tem realizado uma tremenda lavagem cerebral em seus adeptos via literatura de auto-ajuda, filmes, novelas, sites, xamanismo, filosofia hindu, relativismo e centros de treinamentos para o poder da mente.
Segundo o especialista no assunto, o Padre Oscar Quevedo, SJ, existem, só no Brasil, mais de 56 mil seitas e religiões.
Disse Santo Arnaldo Janssen: “O anúncio do Evangelho é a mais sublime expressão de amor ao próximo”.
Será que praticamos essa expressão ao nosso semelhante pela Boa Nova da Salvação? Será que somos obedientes à ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo de pregar o seu Evangelho a toda criatura?
Onde estão os apologistas da santíssima fé católica para proclamar a verdade que liberta o ser humano de tantos erros, enganos, heresias, cismas, religiões e seitas?
Diz o Documento de Aparecida: “Hoje se faz necessário reabilitar a autêntica apologética que faziam os pais da Igreja como explicação da fé” (nº 229).
OPORTUNISTAS DA VIA DOLOROSA
“Alma farta pisa o favo de mel, mas à alma faminta todo amargo é doce” (Provérbios 27,7).
Ninguém está imune à crise econômica mundial e outros tipos de crises.
Diante das perspectivas de 50 milhões de novos desempregados até 2010, segundo estimativas da Organização Internacional do Trabalho (OTT).
Na França, da década de 70 para a década de 80, o número de depressivos aumentou 50%. No Brasil, nos primeiros anos do século XXI, 17 milhões de pessoas foram diagnosticadas como depressivas. Os dados da Organização Mundial de Saúde, do CID – 10, indicadores de tratamento e de estatísticas sobre doenças mentais, indicam um crescimento epidêmico das depressões.
A psicanalista paulista Maria Rita Kehl diz: “Considerando a hipótese de que a depressão poderia estar se tornando um sintoma social no século XXI” (4).
Crise financeira, moral, afetiva, crescimento da violência, da criminalidade, da corrupção, do tráfico de drogas, de órgãos, de mulheres, abusos sexuais, terrorismo, conflitos raciais, políticos, religiosos, consumismo globalizado, cresce também uma incômoda e desconfortável sensação de incerteza difícil de suportar, e com a qual é ainda mais difícil de suportar, e com a qual é ainda mais difícil conviver de forma permanente. Uma incerteza difusa e ambiente, ubíqua, mas aparentemente desarraigada, indefinida e, por isso mesmo, ainda mais perturbadora e exasperante. Tudo isso é denominado de mal-estar da pós-modernidade pelo renomado sociólogo e professor polonês Zygmunt Bauman.
O sistema impõe a “ditadura da felicidade”, ou seja, o gozo, a alegria e a satisfação a qualquer custo. É aqui que entram sem piedade as enganosas propostas religiosas que são consumidas exacerbadamente.
Os religiosos oportunistas aproveitam o caos social, a dor, a miséria e o sofrimento das pessoas para aumentar o seu império religioso e econômico.
Nós sabemos que a vida é dura, difícil, ingrata, cruel, de encontros e desencontros, de encantos e desencantos, cheia de mistérios e paradoxos. É calvário, todavia, vivendo a esperança do túmulo vazio.
Disse o filósofo grego Sófocles: “A vida é uma tragédia”, e o nosso escritor maior Machado de Assis disse: “A vida é boa”.
Nosso Senhor Jesus Cristo afirmou: “Eu vos disse tais coisas para terdes paz em mim. No mundo tereis tribulações, mas tende coragem: eu venci o mundo” (João 16,33). Disse também Jesus Cristo: “Vinde a mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e eu vos darei descanso. Em mim encontrareis descanso para vossas almas” (Mateus 11,28-30).
TEMOS TUDO
Nós católico temos tudo para fazer a maior obra de evangelização do mundo, vejamos:
1. Um Salvador que não cobra para salvar, curar, fazer milagres e libertar o pecador da cultura de morte.
2. Uma Igreja com mais de dois mil anos de história. Ela sempre brilha mais com tempo devido os mártires, santos e doutores.
3. Doutrinas cristãs verdadeiras.
4. Templos lindos e acolhedores.
5. Obras de caridades espalhadas pelo mundo inteiro.
CONCLUSÃO
O Brasil e o mundo precisam de proclamadores do evangelho de Jesus Cristo sem interesse financeiro, sem heresias, sem fanatismo e sem o culto à personalidade. Carecemos de católicos discípulos e missionários do Reino de Deus, cuja pregação Jesus Cristo é o centro das atenções com a sua Igreja.
Muita gente adere às religiões e seitas devido à propaganda de suas doutrinas e promessas de soluções de seus problemas. Vivemos conflitos interiores e a fome abissal de Deus e do amor. A alma faminta carece do Pão da Vida, não deixemos as almas morrerem com o pão amargo dos fraudulentos pregadores do evangelho da morte.
Nós amamos e temos experiência do poder e comunhão com Jesus Cristo, que a vida com Ele tem absoluto sentido de felicidade e certeza de vida eterna.
A vida só tem um significado maior a ser vivida na dimensão da fé, da graça, da verdade e do amor em uma única PESSOA: NOSSO SENHOR E SALVADOR JESUS CRISTO!
Por isso, mãos a obra, evangelizemos...
Pe. Inácio José do Vale
Pároco da Paróquia São Paulo Apóstolo
Professor de Hstória da Igreja
Faculdade de Teologia de Volta Redonda
E-mail: [email protected]
Notas:
(1) Eclésia, nº 121, p. 36.
(2) IBGE – 1991 – CERIS.