25.04.2009 - “Todos os cristãos são chamados a dar testemunho de verdadeiros evangelizadores”. Papa Paulo VI - Evangelii Nuntiandi, nº 21
“Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,8).
A citação que Jesus faz da videira e dos ramos é uma analogia pitoresca e clara de como nós devemos dar frutos através da evangelização. Isto porque, se não evangelizarmos:
.Mais de quatro bilhões de pessoas deixarão de ouvir a Boa Nova da salvação e seremos cobrados se não agirmos (Ez 3,18-21).
.Estaremos pecando contra o Senhor, por nossa desobediência (Mc 16,15).
.Nós mesmos nos lançaremos ao fogo, e lá queimaremos (Jo 15,6).
.Nós não seremos felizes e realizados, pois, fomos criados para evangelizar (Sl 126,3-6; Lc 9,60).
.Nossas igrejas irão encolher (Ler a reação em Atos 2,42-47).
.O Corpo de Cristo correrá perigo de atrofiar, por falta de funcionamento adequado ( Ef 4, 11.12).
.Os membros da Igreja correm os riscos de ficarem brigando entre si, em vez de juntos, brigarem contra as forças do inferno (Ef 6,10-12).
Este último efeito de não evangelizarmos pode parecer um tanto fora do contexto, mas, efetivamente, isso não ocorre, pois é mais do que certo que se não fazemos aquilo que se espera de nós, passamos a fazer aquilo que não se espera de nós. Ou seja, se não estivermos distribuindo aquilo que recebemos, estaremos abusando dos nossos irmãos, que desconhecem o Senhor (Lc 12,42.45), e se, não estivermos lutando contra o maligno, quando menos esperarmos, estaremos lutando entre nós mesmos.
Portanto, a evangelização é importante e devemos exercê-la para levar o mundo todo ao Senhor Jesus Cristo e para não perdermos o nosso bom relacionamento com Deus e com nossos irmãos (1).
O desempenho da missão evangelizadora pede de cada um de nós, uma profunda vivência de fé, fruto de uma experiência pessoal de encontro com a pessoa de Jesus Cristo, no seu seguimento. Nossa conversão pessoal nos possibilita impregnar, com uma “firme decisão missionária todas as estruturas eclesiais e todos os planos pastorais (...) de qualquer instituição da Igreja”, exigindo nossa conversão pastoral que implica escuta e fidelidade ao Espírito, impelindo-nos à missão e sensibilidade ás mudanças socioculturais, animada por “uma espiritualidade de comunhão e participação” (2).
A MISSÃO DA IGREJA
“Tendo eles assim orado, tremeu o lugar onde se achavam reunidos. E todos ficaram repletos do Espírito Santo, continuando a anunciar com intrepidez a Palavra de Deus” (Atos 4,31).
A Igreja, desde as suas origens, é depositária da mensagem de salvação, que Jesus Cristo lhe confiou, por meio dos apóstolos.
Ao mesmo tempo, tem a tarefa de pregar esses ensinamentos de Jesus a todos os povos. A Igreja nasceu para evangelizar, para ensinar ao povo que Cristo é o Rei e Salvador do mundo. Que Cristo é o enviado do Pai, o missionário por excelência. Ela nasceu para espalhar a Boa Nova da salvação ao mundo inteiro.
Disse-lhes: “Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15).
Foi assim que Cristo procedeu antes de subir ao céu. Após a sua ressurreição reuniu os apóstolos e os enviou, para anunciar a Boa Nova. Na obediência ao mandato de Cristo e envolvidos pela graça do Espírito Santo e pela caridade, com alegria e vigor, os Apóstolos lançaram-se entusiasmados, para pregar o Evangelho de Jesus Cristo a toda criatura.
O fundador da Congregação do Verbo Divino São Arnaldo Janssem disse: “Tudo é possível na força da graça do Espírito Santo”.
“Na força do Pai que nos ama, em Jesus, o missionário por excelência, no fogo abrasador de Pentecostes, sentimos hoje o mesmo impulso desta presença do Espírito Santo que nos move a nos colocarmos em estado permanente de missão. Esta é a hora! Todos nós somos convocados: dioceses, paróquias, vida consagrada e comunidades. Não deixemos a graça passar em vão. È hora de nos unirmos no grande mutirão evangelizador para que a América Latina seja, de fato, o “Continente da esperança, da fé e do amor” afirmam Dom Sergio Arthur Braschi, Presidente da Comissão da Missão Continental e Dom Dimas Lara Barbosa, Secretário Geral da CNBB (3).
APÓSTOLO PAULO: O MODELO
Em toda história da obra missionária, temos São Paulo Apóstolo como o grande modelo de evangelizador. Ele é colossal na inspiração para missões e missionários. Ele é o ínclito arauto a ser imitado com todo ardor na alma de quem deseja ser um valente anunciador da Boa Nova da salvação.
Escreve o grande apóstolo de Jesus Cristo e doutor dos gentios: “Anunciar o evangelho não é título de glória para mim; é antes, uma necessidade que se impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho” (1 Cor 9,16).
“Muitas vezes, vi-me em perigo de morte. Dos judeus recebi cinco vezes os quarenta golpes menos um. Três vezes naufraguei. Fiz numerosas viagens. Perigos no deserto e no mar. Numerosas vigílias, fome, sede, frio e nudez! E isto sem contar o mais: a minha preocupação cotidiana, a solicitude que tenho por todas as Igrejas! (2 Cor 11,23-33).
Com autoridade no seu modelo apostólico, ele pede ao jovem pastor Timóteo a seguir o seu exemplo: “Tu, porém, me tem seguido o meu modo de viver”. “Proclama a palavra, insiste, no tempo oportuno e no inoportuno”. “Sê sóbrio em tudo, suporta o sofrimento, faze o trabalho de um evangelista, realiza plenamente o teu ministério (2 Tm 3,10; 4, 2.5).
Assim como São Paulo que corajosamente anunciou a Boa Nova em meio a tantos perigos, também nós podemos abraçar esta causa como Igreja. Esta é sem dúvida uma escalada penosa, mas não impossível. O fundador da obra internacional de Schoenstatt o célebre Padre alemão José Kentenich fala da coragem de São Paulo Apóstolo, dizendo: “O alpinista para nós é São Paulo com sua atitude heróica de amor a cruz, que tudo vence. Realmente, ele tinha de suportar muito sofrimento por amor a Cristo. Sofreu grandes perseguições, foi oprimido pelos enigmas da vida e podia dizer de si: ‘longe de mim o gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo’” (Livro de Arquivo L.Q. – 1º Volume).
OS DESAFIOS DAS SEITAS
“No fiel cumprimento de sua vocação batismal, o discípulo deve levar em consideração os desafios que o mundo de hoje apresenta á Igreja de Jesus, entre outros: o êxodo de fiéis para seitas e outros grupos religiosos” (DA nº 165).
Um dos maiores desafios para evangelização da santíssima fé cristã católica é o pluralismo religioso.
A nossa era é marcada tremendamente por mentes alienadas, manipuladas pelo universo das religiões, denominações, seitas e heresias.
Muita gente fica perturbada com tantas doutrinas religiosas: esotéricas, teologia da prosperidade, auto-ajuda, movimento gospel, igreja em células, moda apostólica com seu G12, cismas e heresias pentecostais.
Tudo isso é obra do diabo para confundir o ser humano de encontrar a verdade cristalina. No entanto, esse desafio é para nós uma chamada, uma convocação ao anúncio das verdades católicas num mundo mergulhado no engano de falsas doutrinas religiosas.
Os desafios existem para serem vencidos e vencidos com a Boa nova de Jesus Cristo.
Muita gente carece de ouvir a verdade que tem poder de libertar suas almas cansadas das doutrinas erradas, pregadas por líderes religiosos mercenários, que só querem dinheiro, poder e luxúria.
Esses falsos pregadores de hoje, são piores do que Judas Iscariotes e Demas do passado (2 Tm 4,10).
Esses pregadores são os capitalistas da fé, idolatram o dinheiro, egocêntricos e ditadores.
“Chamados a tecer laços de fraternidade, enquanto filhos de um mesmo Pai, vemos a mentalidade individualista alastrou-se também no campo religioso. O indivíduo, sempre mais, escolhe a sua religião num contexto pluralista. Mesmo aderindo a uma tradição ou a uma instituição religiosa, tende a escolher crenças, ritos e normas que lhe agradam subjetivamente ou se refugia numa adesão parcial, com fraco sentido de presença institucional. Ou, ainda, procura construir, numa espécie de mosaico – sua religião pessoal com fragmentos de doutrinas e práticas de várias religiões. Finalmente, aumenta o número dos que recusam a adesão a qualquer instituição religiosa e considera suas convicções uma “religião invisível”, com pouca ou nenhuma prática exterior. Cresce também a atração por práticas esotéricas, baseadas em falsas doutrinas, afetando a fé cristã” (Documentos da CNBB n.87) (4).
CONCLUSÃO
Duas poderosas atividades transformadoras na vida individual, eclesial e social: a oração e a evangelização. Nada nos proibi e nada nos custa de orar e evangelizar as pessoas.
Toda mudança, avivamento e renovação particular e comunitária passa pela luz da oração e da pregação evangélica.
De todos os investimentos no Reino de Deus, o melhor e o mais importante são a súplica e o anúncio da Boa Nova do Redentor.
Temos liberdade e não há impostos sobre a oração e a evangelização e o preço já foram pago na dolorosa Cruz do Calvário.
Tenhamos consciência dessas tão grande riqueza e vamos realizar a nossa mais nobre e importante missão: evangelizar no amor do Cordeiro Imaculado de Deus.
Pe. Inácio José do Vale
Pároco da Paróquia São Paulo Apóstolo
Professor de História da Igreja
Faculdade de Teologia de Volta Redonda
e-mail: [email protected]