Bispos denunciam impunidade e são ameaçados no México


24.04.2009 - A Igreja Católica está sob ameaça dos narcotraficantes em Cidade do México e em oito estados do país: é a denúncia feita ontem, pela Conferência Episcopal Mexicana, que exortou seus pastores a reforçarem sua presença no território, para reconstruir o tecido social.

As recentes ameaças dos cartéis de narcotraficantes contra a Igreja levaram a Conferência Episcopal Mexicana a incluir em sua agenda o tema da segurança. Os bispos encerraram ontem, sua 87ª Assembléia Geral e, esta manhã, uma delegação deve se encontrar com o ministro da Segurança Pública, Genaro García Luna, para instaurar "um diálogo aberto" e expressar a preocupação pela incolumidade dos bispos.

A Igreja sente a necessidade de ser protegida − afirma o comunicado divulgado nesta quinta-feira, pela Arquidiocese de Cidade do México. Em várias partes do país, sacerdotes foram intimidados ou ameaçados, depois que o arcebispo de Durango, Dom Héctor González Martínez, revelou saber o local onde se esconde o traficante Joaquín "El Chapo" Guzmán, o fugitivo mais procurado pela polícia do país.

Dom Héctor disse ainda, que os únicos que parecem não saber o paradeiro do criminoso são as autoridades. Dias depois, dois militares foram encontrados mortos num local próximo ao assinalado. Junto aos corpos, uma mensagem ameaçava a Igreja e o Governo.

O combate ao narcotráfico no México é um dos principais desafios ao Governo do Presidente Felipe Calderón, que conta com o apoio dos Estados Unidos. Em 2008, os dois países deram início à Iniciativa Mérida, convênio por meio do qual Washington investiria US$ 1,4 bilhão no combate à violência e ao narcotráfico no México. Até hoje, porém, apenas US$ 7 milhões foram liberados, para comprar helicópteros e treinar forças de segurança. Na semana passada, o presidente norte-americano visitou o México e ressaltou a importância de incrementar o plano para combater o narcotráfico.

"Estamos preocupados com a segurança dos nossos bispos, sacerdotes e fiéis, mas é dever da Igreja pronunciar-se contra os criminosos que ameaçam a sociedade" – diz o documento emitido ontem. A declaração assegura que "se for preciso que os pastores da Igreja derramem seu sangue para proteger seus fiéis, não hesitarão em fazê-lo". Em 2007, três sacerdotes foram assassinados no país.

Cerca de 36 mil soldados estão envolvidos na ofensiva do Governo contra os cartéis do narcotráfico, cujas disputas pelo controle do mercado local deixaram um saldo de mais de 7.300 mortos, desde o ano passado. (CM)

Fonte: Rádio Vaticano


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