Artigo do Padre José do Vale: Motivados por Amor a Cristo


23.04.2009 - “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós” (1 João 3.16).

O que deve caracterizar o cristão é o fato dele não viver mais para si mesmo, mas para Cristo. No entanto, o que pode nos motivar a viver para Cristo? Não o sentido da obrigação, nem a comprovação da nossa incapacidade de fazer o bem. Absolutamente não! Esse é um alvo elevado demais. Existe somente uma coisa que pode nos fazer prosseguir neste caminho: o amor por nosso Senhor e Salvador. O amor por Jesus deve ser a força inesgotável da nossa vida cristã para sempre (1).

“O amor do bom Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Romanos 5.5). É esse amor que nos leva a evangelizar, amar as almas que não conhecem a graça salvadora de Jesus de Nazaré e amar toda obra de Deus. Escreve São Paulo Apóstolo: “O amor de Cristo nos constrange” (2 Coríntios 5.14).
Não temos dúvidas que o coração do verdadeiro cristão é o espaço total para o amor de Cristo. Seu testemunho é o amor ardente, corajoso e abissal pelo Reino de Deus. Em sua vida, o amor a Jesus Cristo destrói o sistema maligno de vida opaca, covarde, morna, fria e todos aqueles pecados condenados pelo Senhor Jesus Cristo nas igrejas de Corinto, Galácia e do livro de Apocalipse.

O renomado teólogo americano e grande avivalista Jonathan Edwards (1703-1758), disse: “A vida cristã contém elementos grandiosos demais para permanecermos apáticos. Há sempre espaço para almas se expandirem, até se tornarem um oceano infinito”.
Somente o amor a Cristo nos leva as grandes conquistas e à paixão profunda, mais profunda que o oceano, pelas vidas sem o amor e sem a salvação de Jesus o Salvador.

O AMOR DE DEUS

“O amor de Deus por interesse próprio é uma coisa e o amor a Deus por causa dele mesmo é outra. Não pode haver confusão a esse respeito”, afirma de forma magistral Jonathan Edwards.
Se queremos cumprir a carreira cristã, teremos de manter os olhos fixos em Jesus (Hebreus 12.2). Temos de lembrar diariamente que nossos pecados foram perdoados pela obra que Cristo realizou – voluntariamente e por amor – na cruz em nosso favor. Isso nos guardará do desânimo causado pelas repetidas falhas ou do orgulho que origina a justiça própria.
De todos os mistérios que o ser humano não entende, ou não quer entender sem dúvida o maior deles é o amor de Deus. Esse amor é a força mais poderosa que existe. Nada há comparável a ele. Toda construção sólida e permanente tem como fundamento o amor. O amor é a maior fortaleza do Universo. Tudo que é verdadeiro é a partir do amor. Com amor se constrói o impossível.
Tenhamos sempre em mente a ciência do amor. O real sentido do viver é o amor. Só podemos ter vida, na dimensão do amor. Deus é o Deus da vida e é o amor (1 João 4.8).
Escreve o São João Apóstolo: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito, para que todo aquele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16).
O versículo de João 3.16 é chamado de o Evangelho em miniatura. Irradia toda a glória do amor de Deus à humanidade. Meditemos em cada palavra:

1. Qual é a origem desse amor? O próprio Deus.
2. Qual é a sua intensidade? É tão grande que deu Seu Filho unigênito.
3. Quem são os destinatários desse amor? O mundo inteiro. Ninguém pode dizer que está excluído dele.
4. Qual é a prova desse amor? O fato de Deus ter dado Seu Filho.
5. Quem pode se beneficiar dele? Todos aqueles que crêem em Jesus.
6. Do que escapam os que crêem? Da morte eterna.
7. O que ganham? A vida eterna.

De posse da vida eterna, que é o nosso maior presente do bom Deus, não há de que viver reclamando da vida e temendo as dificuldades que possam acontecer com a permissão do Eterno e Todo-Poderoso. O nosso amor a Deus é sem interesse e sem temor – medo – é o amor inteligente em saber que só há um único Deus verdadeiro que é merecedor de todo o nosso amor, honra, louvor e adoração.
“Santo é o amor. Deves, pois, temer a Deus por amor e não amá-lo por temor. A perfeição consiste em amar a Deus de todo coração”, nos ensina o grande mestre da espiritualidade cristã, foi bispo de Genebra e Doutor da Igreja, São Francisco de Sales (1567-1622) (2).

Uma jovem que amou Jesus sem limites, cuja vida é por demais impactante para os nossos dias. Ela viveu intensamente a graça maravilhosa do Redentor e a paixão pelas almas. Sua vida é um fiel testemunho do belo amor a Cristo Jesus. Quem não fica admirado e impactado com seus escritos? Sua magna obra: “História de uma alma”.
Seu lema era: “Amar a Jesus e fazer com que Ele seja amado por todos”. Por seu amor e oração pela obra missionária, foi declarada Patrona Universal das Missões e é Doutora da Igreja, ela é: Santa Teresinha do Menino Jesus.
Santa Teresinha, olhando o Corpo da Igreja, viu que o lugar onde ela poderia desempenhar a sua missão, numa forma mais autêntica, era ser o “amor para ser o coração da Igreja”. Segue o cerne do seu pensamento:
“Minha vocação é o amor. Que Jesus me dê um amor sem limites. A ciência do amor! Não quero senão esta ciência, porque eu não tenho outro desejo, senão este: Amar Jesus até a loucura”.

CONCLUSÃO:

O verdadeiro campeão no jogo da vida que ganha taça, troféu e medalhas de ouro é quem tem como técnico por excelência Jesus Cristo e amor pelo seu treinamento.
Praticando a oração, jejum, estudando a Palavra de Deus e presente no Sacramento do Altar, nada, absolutamente nada, vai nos separar do amor a Cristo, Senhor e Mestre nosso. Motivados por amor a Cristo, tudo é centralizado e realizado em nossas vidas nessa dimensão. Por isso, vamos evangelizar esse amor a toda criatura urgentemente.
Tudo por amor, para maior glória e adoração da Santíssima Trindade.

Pe. Inácio José do Vale
Pároco da Paróquia São Paulo Apóstolo
Professor de História da Igreja
Faculdade de Teologia de Volta Redonda
E-mail: [email protected]


Notas:
(1) Calendário devocional Boa Semente, 20/05/2009.
(2) Aquino, Felipe R. Q. de. Na Escola dos Santos Doutores, Lorena – SP: Cléofas, 1996, p. 112.
Santa Teresinha do Menino Jesus, História de uma alma, manuscritos autobiográficos, São Paulo: Paulus, 1996.

 


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