O Segredo da Popularidade de Bento XVI


16.04.2009 - Artigo Extra  -  www.rainhamaria.com.br

Gentileza do Padre Mateus Maria - FMDJ

Embora perseguido por criticas, este Papa continua despertando a confiança das grandes massas. A viagem à África e uma pesquisa na Itália o confirmaram. O motivo é que fala de Deus para uma humanidade que procura orientação.

No vôo de volta de Camarões e de Angola, Bento XVI disse aos jornalistas que, da viagem, permaneceram impressas na memória duas coisas:

“Por um lado a cordialidade quase exuberante, a alegria de uma África em festa. No Papa viram, digamos assim, a personificação do fato de que todos somos filhos e família de Deus. Esta família existe e nós, com todas as nossas limitações, formamos esta família e Deus está conosco.

Por outro lado, me impressionou muito o espírito de recolhimento durante as celebrações litúrgicas, e o intenso sentido do sagrado: durante a liturgia os grupos não se apresentavam a si mesmos, não se auto-animavam, mas a presença do sacro, do mesmo Deus. Também os movimentos, as danças, eram sempre de respeito e de reconhecimento da presença Divina”.

Popularidade e presença de Deus. O entrelaçamento entre dois elementos é o segredo do Pontificado de Joseph Ratzinger.

Que Bento XVI seja um Papa popular parece estar em contradição com as avalanches de criticas hostis que se abatem cotidianamente sobre Ele, por parte dos meios de comunicação do mundo inteiro. Neste ultimo mês essas criticas registraram um crescimento sem precedentes. Também representantes oficiais dos governos não têm mais nenhum resguardo em atacar a atuação do Santo Padre.

Porém, se observamos o grande número de pessoas que acorrem para escutá-lo, a impressão muda completamente. Nas suas viagens Bento XVI registrou sempre índices de popularidade superiores às expectativas. Não somente na África, mas também em praças difíceis como os Estados Unidos e a França. Em Roma, durante a oração do “Ângelus” do domingo ao meio dia, a Praça de São Pedro está cada vez mais repleta de pessoas, em número bem maior que nos últimos anos de João Paulo II.

Isto não significa que essa enorme massa de pessoas aceita e pratica em uníssono os ensinos do Papa e da Igreja. Várias pesquisas mostram que a respeito do casamento, da sexualidade, do aborto, da eutanásia e da contracepção, o juízo de um amplo número de pessoas está mais ou menos distante do Magistério da Igreja.

Ao mesmo tempo, todavia, a maioria dessas mesmas pessoas manifesta um profundo respeito pela figura do Papa e pela Autoridade da Igreja.

O caso da Itália é exemplar. No dia 25 de março deste ano, no jornal a “Republica” – este é o cotidiano progressista líder de esquerda, muito cáustico em criticar e condenar Bento XVI – o sociólogo Ilvo Diamanti ofereceu uma enésima confirmação da altíssima taxa de confiança que os italianos continuam depositando na Igreja Católica e no Santo Padre, não obstante a difundida discrepância sobre vários pontos do seu ensinamento.

Por exemplo, perguntados sobre se estão a favor ou contra a afirmação do Papa a respeito do preservativo “que não resolve o problema da AIDS, mas o agrava” três de cada cinco se declararam contra. Porém, os mesmos entrevistados, perguntados sobre a própria confiabilidade na Igreja Católica, responderam “muito” ou “muitíssimo” na medida de 68,1 por cento. E resultou ampla também a confiança que se tem em Bento XVI, cerca de 64,9 por cento. Não só isso. A mesma pesquisa indica que a confiança na Igreja e no Papa não está caindo, mas aumentando em relação a um ano atrás.

O Sociólogo, professor Ilvo Diamanti explica assim este aparente contraste:

“A Igreja e o Papa intervêm em temas sensíveis de ética pública e privada de modo aberto e direto, sem nenhum subterfúgio. Oferecem respostas discutíveis e que freqüentemente são discutidas, combatida tanto pela direita como pela esquerda. Todavia, oferecem certezas em uma sociedade insegura, em busca de referências e valores, que os Governantes das Nações não sabem oferecer. Por isso, 8 em cada 10 italianos, entre os não praticantes, consideram importante dar aos seus filhos uma educação católica e inscrevem os filhos na hora de religião católica, que é facultativa pelo Estado Italiano. Por isso, uma maioria absoluta das famílias, mais de 90 por cento, destinam para a Igreja Católica 0,8 por cento do seu próprio imposto de renda”

E é por esse mesmo motivo – se pode acrescentar – que o chefe do Governo italiano, Silvio Berlusconi, nunca se uniu ao coro de críticas de vários governantes europeus. Aliás, se expressou em sentido contrário declarando que é necessário respeitar a Igreja e defender a sua liberdade de palavra e ação “também quando proclama princípios e conceitos difíceis e impopulares, distantes daqueles que são as opiniões da moda corrente”. Com estas palavras, Berlusconi expressou simplesmente o sentimento comum da maioria dos italianos.

Os dados citados apenas permitem entrever a substância da questão: que a popularidade de Bento XVI tem a sua fonte precisamente pelo modo que desempenha a sua missão de sucessor de Pedro. Este Papa é respeitado e admirado por uma razão fundamental. Porque pôs em cima de tudo esta prioridade, formulada por Ele mesmo na carta enviada aos Bispos em 10 de março passado e que se torna um documento capital do seu pontificado:

“No nosso tempo, no qual em vastas zonas da terra a fé está em perigo de apagar-se como uma flama que não encontra mais alimento, a prioridade que está acima de tudo é de tornar Deus presente neste mundo e de abrir aos homens o acesso a Deus. Não a um deus qualquer, mas àquele Deus que falou no monte Sinai; àquele Deus cujo rosto reconhecemos no amor levado até o extremo (cfr. João 13,1), em Jesus Cristo crucificado e ressuscitado. O autêntico problema neste momento atual da história é que Deus desaparece no horizonte dos homens e, com o apagar-se da luz que vem de Deus, a humanidade se vê afetada por falta de orientação, cujos efeitos destrutivos se manifestam cada vez mais”

Antes de partir para a África, Bento XVI não disse nada de diferente para explicar as finalidades da sua viagem à multidão reunida na Praça de São Pedro para o “Ângelus”:

“Viajo para a África com a convicção do que não tenho nada a propor ou dar àqueles que encontrarei, senão Cristo e a Boa Nova da Cruz, mistério de amor supremo, de amor divino que vence toda resistência humana e torna possível até o perdão e o amor para com os inimigos. Esta é a Graça do Evangelho, capaz de transformar o mundo; esta é a Graça que pode renovar também a África, porque gera uma força irresistível de paz e de reconciliação profunda e radical. A Igreja não persegue objetivos econômicos, sociais ou políticos; a Igreja anuncia a Cristo. Convencida de que o Evangelho pode tocar os corações de todos e transformá-los, renovando deste modo a pessoa no seu interior e assim a sociedade toda”.

Em Camarões e em Angola, o coração da mensagem foi efetivamente esta. Não as denúncias – embora proferidas com palavras fortes – dos males do Continente e das responsabilidades de quem os geram. Mas, primeiramente, foi o anúncio que Pedro fez ao aleijado no capítulo terceiro dos Atos dos Apóstolos: “Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda ! " (Atos 3.6).

Por Pe. Eugenio Maria, FMDJ

Prior do Mosteiro Regina Pacis
 


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