França: o corpo de Cristo não estava mais pregado na cruz, mas abandonado numa cadeira elétrica


14.04.2009 - Paris – A imagem é impressionante – porque a escultura que representa Cristo Morto é muito realista – e abalou os fiéis que entraram na catedral de Gap, no sul da França, durante as festividades de Páscoa: no fundo da igreja o corpo de Cristo não estava mais pregado na cruz, mas abandonado numa cadeira elétrica, com as amarras soltas como se tivesse sofrido a descarga elétrica, os braços abertos, e a coroa de espinhos ainda na cabeça.

Discussões não faltaram. Alguns fiéis expressaram a sua contrariedade, desorientados por essa leitura insólita da Paixão de Cristo. Mas propor o “escândalo” e deixar entrar na igreja a escultura – obra do conhecido artista britânico Paul Fryer – não idéia de um grupo católico paroquial, particularmente inquieto, mas do bispo da diocese de Gap, Dom Jean-Michel di Falco, também o responsável pelo Conselho da Comunicação Episcopal Francesa.

“É uma obra que certamente não nos deixa indiferentes, mas falar de polêmica é falso. O escândalo não está onde alguém crê que esteja”, destaca Dom di Falco, muito convicto da boa fé da sua iniciativa. “Eu me perguntei porque eu não provava a mesma emoção diante de um crucifixo. E conclui – admite o religioso – que isso era devido à habitude. Uma habitude que impedia ver o escândalo deste homem pregado em dois pedaços de madeira como um animal”.

Batizada “Pieta” – nome em italiano – a escultura, que faz parte da coleção de arte de um empresário francês – suscitou vivas reações, “na maioria positivas”, observou o bispo, o qual abriu o site web da sua diocese, para que os fiéis e visitantes pudessem fazer seus comentários. Foram mais de 3 mil os acessos.

Alguns dos comentários deixados na página web da diocese destacaram: “A cruz não era o equivalente, na época romana, à cadeira elétrica de hoje?, se pergunta um dos fiéis. Um outro diz: “Hoje entramos em uma igreja e muitas vezes até mesmo sem olhar para o Cristo na Cruz. Então eu digo, muito obrigado a Dom di Falco por ter-me despertado para isso”.

Mas também foram registradas vozes discordantes: “A exposição desta obra não deve ser feita em uma catedral na Sexta-feira Santa”. Ou ainda: “Se é arte, deveria ter sido colocada em um outro lugar”.

Dom Di Falco conclui dizendo: “Fiquei contente de ter visto na catedral um grande número de pessoas, que habitualmente não entram na igreja”. (SP)

Fonte: Rádio Vaticano


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