13.04.2009 - CAROS COORDENADORES, MEMBROS DOS GRUPOS DE ORAÇÃO DA GOSPA E AMIGOS:
"QUE A GRAÇA E A PAZ DE CRISTO JESUS NOSSO SENHOR, E A TERNURA DE MARIA ESTEJAM CONVOSCO E COM OS VOSSOS!"
“Não é verdade que Cristo ressuscitou, porque se não, os cristão teriam outra face!” Dizia Friedrich Nietzsche um filósofo ateu.
Com esta afirmação, podemos concluir uma verdade, a experiência de ressurreição é a transfiguração da nossa face.
Mas o que é a Ressurreição?
A ressurreição é o centro da nossa fé. São Paulo diz: “Se Cristo não ressuscitou, vã é a vossa palavra e vazia é a vossa fé!” (I cor 15,14), e na carta aos Filpenses 3,10 São Paulo apresenta a ressurreição como princípio e fim da vida cristã e diz :”Para que eu possa conhecer a potência da sua ressurreição, considerei tudo como esterco”. Assim esta potência, que em grego é a palavra “dinames”, faz com que Paulo veja a ressurreição como princípio e fim da vida cristã. Pela força desta potência Paulo enfrenta todas as dificuldades, todas as perseguições, com a esperança de vencer também a morte, porque cristo ressuscitou.
Com isto quero dizer que cada um de nós, neste dia de páscoa, é chamado a fazer a experiência da “dinames cristã”, do poder da ressurreição, pois é esta experiência que nos da forças para fazermos o mesmo caminho de Cristo rumo à cruz, para depois com ele ressuscitarmos.
A ressurreição na linguagem paulina é o princípio e fim da vida cristã, é o que impulsiona o nosso coração a vivermos na seqüela do Senhor, com os olhos na vida eterna.
Aos olhos humanos a ressurreição, que em grego é “Anastasys”, não é algo fácil de entender, na verdade, só é possível a sua compreensão pela fé, aos olhos humanos é até ilógica, por isso que os espíritas negando a ressurreição, propagam a heresia da re-encarnação, e com isto negam a misericórdia de Deus, negam a o sangue derramado de Cristo na Cruz capaz de remir os pecados de quem o aceita, negam a possibilidade de adquirirem uma nova vida, e um corpo semelhante ao Dele ressuscitado, acham que por suas próprias forças alcançaram o reino de dos céus.
Para nós é difícil compreender a ressurreição, pois falamos de uma realidade que conhecemos apenas pela fé, pelo ensino da Igreja, por meio da pregação e da experiência dos apóstolos, deixado no NT, mas nesta compreensão da realidade sagrada, não estamos sozinhos, pois nos relatos da ressurreição, vemos que também os discípulos não compreendiam, e não conheciam o ressuscitado.
Gosto muito da definição dos apóstolos, que a certo momento definiram o seu apostolado e missão, (e entenderam o seu carisma), para serem “testemunhas da ressurreição!” como lemos em Atos 1,22; para eles também no início foi algo difícil, diria até incrível de se crer, e por isso, quando Jesus aparecia não criam, mas entenderam o seu chamado missionário de testemunhar a ressurreição.
Mas no que consiste a ressurreição?
Os teólogos afirmam que a ressurreição é corpórea, como é a morte, o sepulcro está vazio, e por isso ressuscitou, mas não é uma animação de cadáver como aconteceu com Lazaro, teologicamente a ressurreição é a passagem para a condição definitiva de Filho de Deus, não é um tornar a vida precedente, e nem voltar a viver uma outra vida aqui na terra com um outro corpo como este, como prega a filosofia pagã espírita, mas é então tomar a matéria corpórea semelhante a do Filho de Deus, em conformidade com o seu corpo ressuscitado.
Mas o que é a ressurreição no sentido mais estrito? Para Paulo a ressurreição é “Estar para sempre com Ele” (I tes 4,17), estar em companhia em relação, em comunhão definitiva com o Pai, é o contrário da morte que é ruptura, isto porque a nossa vida está escondida em Cristo, (Col. 3,3), porque agora neste corpo terreno esta realidade ainda não aparece, mas aparecerá em sua plenitude quando estivermos totalmente imersos nele.
Quero dizer caros irmãos que embora possamos estar passando por momentos difíceis, por tristezas, pela dor de um filho preso, pela dor do adultério, pela dor de ver a divisão do lar, o pai e a mãe cada um para o seu lado, pela dor física, pela doença, pela crise financeira, por estar sem emprego, somos convidados pela festa da páscoa, a passarmos não só da vida de pecado à graça, mas da tristeza, da angustia e depressão, à esperança da felicidade que nos espera, encorajados assim a lutar com a “dínames de Deus”, com a força da ressurreição, com a força do amor de Deus, que é a força da potência de seu amor, que doa a nova vida, o seu Espírito, para continuarmos e vivermos já aqui na terra a vida de ressuscitados.
Assim, somos convidados a fazermos a experiência da ressurreição de Cristo na nossa vida, para nos transfigurar nele já nesta vida, para sermos o sorriso de Deus a todos que encontrarmos, a vivermos já com Ele, para termos a esperança no nosso coração, sabendo que tudo está nas mãos de Deus, por isso é mister saber que entender a paixão e a cruz, é o meio para entendermos a ressurreição, e mergulharmos nela, pois sem cruz, não há ressurreição.
E esta experiência de ressurreição hoje é possível para nós, se abrimos o nosso coração, e damos a nossa adesão a palavra hoje anunciada, pois a palavra, que é a própria palavra de Deus, o Verbo feito carne, esta palavra é a “dínames de Deus”, o seu poder, pois no anuncio da palavra está à própria potencia de Deus, a força que já pode nos ressuscitar e abrir-nos a uma nova vida, uma nova esperança.
Depois de termos visto na quinta feira santa, o lava-pés – onde o Senhor nos ensina a servir -, a agonia de Jesus, a sua entrega e morte na sexta feira santa – onde o Senhor nos ensina a morrermos para nós mesmos -, e no sábado, vivemos o grande silêncio – o silêncio de Deus também em nossas vidas -, e a descida de Jesus aos inferis, agora vemos o sepulcro vazio, mas em João o sepulcro deve ser entendido com o quarto nupcial onde a mãe terra acolhe o esposo, e deste seio que acolhe o verbo de Deus, surge nele no silêncio da dor, a aparente vitória do mal, a humanidade nova gerada, a nova esperança, a ressurreição.
È belo notar também que João quando escreve sua narração da ressurreição, ela nada mais é que sua própria experiência, ele sabia que era a ultima testemunha ocular da ressurreição, pois todos os outros apóstolos já estavam mortos, ele era o mais novo dos apóstolos, e este é um dado importante, porque ele elabora e narra os fatos da ressurreição, com a fé de quem viveu tudo de perto, para aqueles que sem haverem visto, possam crer na sua palavra, se notamos no evangelho de hoje (Jo 20,1-9), podemos perceber que, João após ver o sepulcro vazio, creu sem ter visto, e esta é a experiência que também nós devemos fazer. João não viu a ressurreição, mas a viu pelos seus sinais deixados.
O sepulcro está vazio ainda hoje, e este é o sentido de muitos irem a Jerusalém em peregrinação, espero ardentemente um dia também ir até lá e também dizer em comunhão com toda a cristandade: “Ele não está aqui!”.
Ao sepulcro iremos todos nós, mas apenas Cristo venceu a morte, e este sinal vemos por meio do sepulcro vazio.
Devemos então entrar no sepulcro vazio, para viver uma vida livre, ressuscitada, entrar no sepulcro vazio do nosso coração, e lá encontrarmos a ressurreição.
Sabemos que não basta dizer que o sepulcro é vazio, é necessário fazer a experiência da ressurreição e do ressuscitado em nossa vida, é necessário fazer o caminho para encontrarmo-lo.
Mas o encontro com o ressuscitado não é algo difícil, se fosse o Senhor não teria nos deixado esta possibilidade, porque ele por primeiro sabe que nós somos especialistas em complicar as coisas.
Encontrar com o ressuscitado quer dizer ressuscitar também.
Se você se encontra com uma tocha de fogo, você queima, se você se encontra em um rio de água, você se molha, se você se encontra com Cristo, você deve também ressuscitar para uma nova vida, porque você recebe o dom do Espírito.
No primeiro dia da semana, a luz entra nas trevas, da mesma forma que no primeiro dia da criação, Deus criou a luz que dissipou as trevas e a ordenou, agora com a ressurreição, Deus entra dando a vida nova ao homem, criando o novo dia da salvação.
Maria Madalena que estava aos pés da cruz, nós a encontramos no jardim a aurora do novo dia da criação, embora a terra estava ainda nas trevas, ela vê algo, vê os panos de linho, a pedra removida, mas não O encontra, está então nas trevas, embora queria ver a luz.
Maria esperava a primeira luz do dia para encontrar o corpo de Jesus, ela estava ali porque O amava, porque tinha no seu coração o desejo profundo de ir ao encontro do seu Senhor, tinha não só a dor no coração, mas a gratidão de ter vivido com Ele.
Chegando lá sofre pela frustração de ver o túmulo, o sepulcro vazio, e o que deveria ser motivo de alegria, se torna tristeza, porque ela não tinha o olhar da fé. De uma realidade que era sinal de vida, é interpretado por ela, como sinal de morte, e Isto também nos diz muitos, pois quantas coisas na nossa vida, quantos sinais de cumprimento da promessa de Deus, no momento da dor, da tristeza, da frustração, para nós são interpretados como sinais de morte!
Maria pensava que tinham roubado o corpo do Mestre, e a causa desta afirmação surge à procura, e ela vai avisar os discípulos.
João chega primeiro, por ser o mais jovem, corria mais rápido que Pedro que era mais velho, mas na verdade corre mais rápido porque amava, por isso chega primeiro, mas aqui vemos que o verdadeiro primado é o do amor, e porque ama, espera Pedro que era o primeiro entre os irmãos, não entrou sozinho, isto para dizer que o maior amor é esperar o outro, esperar para caminhar juntos.
Pedro, chegando lá constata que o corpo não estava lá, constata que o sepulcro estava vazio, mas não consegue dar um passo de fé, não consegue com que todas as promessas feitas por Jesus antes de sua morte, caíssem em seu coração, não consegue, porque ainda não amava.
Ambos vêem os panos de linho que estavam enrolados no corpo, mas agora caídos no chão, e isto era a prova que o corpo não podia ser roubado, pois estavam ali, mas a descrença foi maior.
João vendo as mesmas coisas que Pedro, constata a ressurreição, porque amava.
Irmãos percebam que belo, o amor tem a capacidade de dar-nos o olhar de Deus, de dar-nos a capacidade de olhar as realidades que estão ao nosso redor, com os olhos de Deus.
João reconheceu a ressurreição porque amava, um exemplo disto é: “Se amamos uma pessoa, nós a entendemos, e se ela faz algo que para outros é um erro, ou ruim, nós a enxergamos em outra óptica, com outro olhar”.
João reconheceu a ressurreição porque o amava, e quem ama O encontra sempre, e basta pouco para interpretar os sinais que ele nos dá. A fé é então ver, olhar com amor e como conseqüência entender.
Para quem ama basta ver o sinal e nele encontra a pessoa amada, assim o elemento fundamental para entender a ressurreição, como também para entender uma pessoa é amar.
Irmãos não quero fazer tanta reflexão teológico sobre a ressurreição, porque não sou capaz para isso, mas quero apenas terminar esta reflexão dizendo que se desejamos viver a vida de ressuscitados, o caminho é apenas um: “amar”, acolher o outro, porque se amamos vivemos a vida de ressuscitados, se não amamos vivemos a morte, sinal que ainda não ressuscitamos, e se não amamos, não o encontraremos; esta é a chave também para entendermos toda a Sagrada Escritura.
Quem ama entende!
Uma feliz páscoa a todos!!!
Pe. Mateus Maria, FMDJ
FONTE: http://rainhadapaz.blog.terra.com.br/category/vivendo-a-vida-do-ressuscitado/