13.04.2009 - Estava eu costurando meu véu, que estava soltando a rendinha e pensei: tudo tem um começo. Eu nunca estaria usando esse véu, não fosse uma senhora piedosa lá de Campos - RJ anos atrás! Quando estava recomeçando a conhecer a Igreja, fui a Campos conhecer aqueles padres “diferentes”, que rezavam a missa “de costas” e em latim.
Ao chegar lá, entre tantas coisas, fui conhecer a Igreja Principal da Administração Apostólica (que estava em construção, não era nem sombra do igrejão que virou!). D. Fernando foi celebrar uma missa cotidiana, ferial. Na época eu nem sabia o que é uma missa ferial, hehe! Bom. Cheguei à igreja, sentei e ia esperar a missa começar. Certo? Errado! Eis que surge uma amável senhora e me pergunta:
- Você vai assistir a missa?
-Sim, respondo.
E ela saca um véu e me dá. Eu olhei rapidamente em volta e pensei: “Humm, todas estão usando, acho que é para eu usar também…”. E pus o véu. Devolvi a ela no fim da missa. No dia seguinte, ia conversar com D. Fernando e também confessar, mas antes de subir, aparece novamente uma outra senhora – que sabia que eu era “turista” ali e que não conhecia muito bem – e me cede um véu também. Ao chegar onde estava o bispo pergunto, inocentemente, a ele: “Me deram um véu. Precisa?”. Ele acena a cabeça afirmativamente.
A verdade é que aqueles dias foram repletos de lições, mas quero ficar só no véu. Aquilo marcou a minha alma. Tanto que antes de voltar a São Paulo procurei adquirir um lá mesmo para mim. E nunca mais deixei de usar. A piedade e o exemplo daquelas senhoras foram decisivos nisso, tenha certeza. Não fosse por elas, talvez eu não tivesse tomado consciência dessa realidade que o véu representa tão cedo e de forma tão marcante.
De sorte que pus no coração fazer com outras pessoas o que elas fizeram outrora comigo. Falei com o padre Jonas, que é o responsável pela missa tridentina em SP e é o meu padre, evidentemente, sobre isso e que eu tinha mandado confeccionar uns véus para tal fim. Ele rapidamente aprovou e me deixou encarregada da recepção e acolhida.
E vi uma receptividade excelente. As pessoas sentem que você as convida para participar de modo mais intenso. Já que muitos vão para conhecer a missa tridentina pela primeira vez (vi muito isso no tríduo pascal), elas se sentem de certa forma integradas pelo gesto de você entregar-lhes um véu emprestado para a celebração.
Quem fala que as pessoas se sentiriam acuadas, intimidadas por fazermos isso, não é verdade. Depende da forma que você aborda a questão com a pessoa. Se você chegar e falar: “Olha aqui, use isso, viu?”, ninguém gostará. Soará como se ela fosse inferior e você tivesse querendo impor algo a ela, que, provavelmente, essa pessoa sequer sabe o porquê você fala tal coisa.
Agora, se você chegar amavelmente, perguntando se ela participará da missa, se ela está pela primeira vez e oferecer a ela um véu e ela der uma olhadinha em volta, ela saberá que você a chama para participar de tudo aquilo (que é novo para ela) com amor e receberá bem o seu gesto.
Ainda que você que me lê não participe numa comunidade onde o uso do véu é geral, ainda assim, não é motivo para se intimidar. Ensine o valor desse sacramental, o profundo significado que há por trás de um simples pedacinho de renda. As pessoas pararão para pensar, com certeza. Ainda mais se verem o seu exemplo no uso do véu. Falar do que não vivemos é hipocrisia. Vivamos a nossa fé e vamos ensinar mais e mais pessoas acerca de tão sublime costume, que infelizmente se perdeu na nossa sociedade.
Por JU - Blog Verdade, Vida e Fé - http://tantumergo.wordpress.com