Abortos seletivos provocam desequilírbio de sexos na China


10.04.2009 - Muitas mulheres chinesas abortam quando estão grávidas de uma menina por causa do estrito controle de natalidade e isso provoca um excesso no número de homens no país mais populoso do mundo, onde, no fim de 2005, havia 32 milhões de homens a mais que mulheres, segundo pesquisa divulgada nesta sexta-feira.
A pesquisa, publicada pelo British Medical Journal (BMJ), dá argumentos às pessoas que sustentam que a tradicional preferência dos chineses pelos filhos homens gera uma dura concorrência entre homens que não querem ficar solteiros.

Em 2005, nasceram 1,1 milhão de meninos a mais que meninas. Os pesquisadores da Universidade de Zhejiang (China) e da University College de Londres veem nisso uma consequência dos abortos seletivos como resposta ao controle de natalidade, que desde finais dos anos 70 impõem um filho por mulher, com raras exceções.

Os pesquisadores acreditam que reforçar a repressão dos abortos seletivos pode contribuir para reequilibrar a tendência.

A média mundial parece ser de 103 a 107 nascimentos de meninos para cada 100 meninas.

A pesquisa na China mostra um desequilíbrio em todas as faixas etárias, exceto a de 15 a 19 anos. A diferença mais acentuada se dá entre os meninos de 1 a 4 anos, com 124 meninos para cada 100 meninas.

Somente duas províncias (Tibet e Xinjiang, ambas com importantes minorias étnicas e com as normas mais permissivas em termos de natalidade) têm uma média normal; em outras províncias, como Jiangxi e Henan, a relação chega a 140 meninos por 100 meninas.

A política do filho único impõe multas e corte benefícios de famílias que a transgridem. Mas, nos últimos anos, foi flexibilizada, permitindo em algumas províncias o nascimento de um segundo filho quando o primeiro é menina. Em algumas poucas regiões, é permitido inclusive o terceiro filho.

A pesquisa foi realizada com base em dados de um minicenso de 2005 com 1% da população chinesa. O estudo usou uma mostra de 4,764 milhões de pessoas de menos de 20 anos.

Fonte: Último Segundo notícias

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Lembrando...

Artigo do Bispo Espanhol Dom José Ignacio Munilla: Aborto e Semana Santa

30.03.2009 - Artigo Extra - www.rainhamaria.com.br

O que tem a ver o aborto com a Semana Santa?

A resposta a esta pergunta requer a matização de um “depende”... Se por Semana Santa entendemos algumas encenações de rua de interesse turístico nacional, então, certamente não tem nada a ver. Porém, se a Semana Santa é a memória viva da Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, então, não o duvidemos, é absolutamente impossível separá-los. O aborto está intimamente unido à Paixão de Cristo, da mesma maneira que lhe estão unidos a guerra, a fome e tantas outras injustiças, consequência de nosso pecado, por cuja redenção Jesus Cristo entregou sua vida na Cruz.

Aos que afirmaram que não há conexão entre o aborto e esta festividade religiosa, lhes aconselharia a leitura de um livro que nos marcou a muitos em nossa juventude, com um título bem significativo: “Dios llora en la Tierra”.(desconheço o livro e se há uma edição portuguesa)

Ainda que doa, a liberdade “liberta”

Jesus nos ensinou que a “verdade nos torna livres” (cf. Jo 8,32); mas enquanto não chega este momento, incomoda bastante! Nós o pudemos comprovar a propósito da campanha da Conferência Episcopal Espanhola (mutatis mutandis, o que no artigo é dito sobre a Espanha se aplica ao Brasil) em defesa da vida.

O lince está dando muito que falar, e confiemos que também nos ajude a “reconsiderar”. O certo é que existem verdades inquestionáveis: um ovo de águia tem mais proteção jurídica na Espanha que um ser humano no seio de sua mãe. Não se trata de uma afirmação agressiva e belicista, como alguns pretendem apresentar, mas uma simples constatação da realidade.

A comparação entre o animal e o ser humano não “desmerece o lince” – como afirma algum político, no cúmulo do despropósito – senão que, em todo caso, enaltece a causa ecologista. O incrível é que tenhamos que recorrer ao lince para dignificar o ser humano. No fundo, estamos diante de uma constatação de que quando nossa cultura dá as costas a Deus, o homem é destronado de sua condição de “rei da criação”, até o ponto de ser rebaixado à condição de escravo.

A mulher, santuário da vida

Penso sinceramente que a Igreja está fazendo o que Deus espera dela neste momento chave da história: desgastar seu prestígio e suas energias na defesa da vida dos mais inocentes. A cultura da morte pretende distorcer a realidade, contrapondo a defesa da vida do filho ao suposto direito da mulher a uma “maternidade a la carte”. O certo é que defender o filho é defender a mãe.

Ao dizer isto não estou pensando exclusivamente nas feridas traumáticas que se manifestam na “Síndrome pós-aborto”... Os males derivados do aborto para a mulher são muitos e devastadores:

Como se pode falar de aborto como um direito da mulher de “decidir em liberdade”, quando sabemos de sobra que atrás da maioria das interrupções violentas da gravidez se esconde a pressão e a chantagem do homem? Como se pode reivindicar o aborto no contexto da promoção da mulher, quando em numerosos países se está produzindo um grave desequilíbrio entre a população masculina e feminina, por motivo do recurso ao aborto para a seleção do sexo? O caso da China é paradigmático: para cada 119 meninos, nascem somente 100 meninas. Calcula-se que no ano 2020 haverá nesse país 300 milhões a mais de homens que de mulheres.

A reivindicação do feminismo radical, que associou a promoção da mulher à libertação de sua maternidade, resultou em ser seu próprio túmulo. Pelo contrário, uma das dimensões que mais dignifica a mulher é sua condição de “santuário da vida”.

O sacrifício do inocente

Se queremos viver verdadeira e intensamente nossa Semana Santa, não podemos nos esquecer da ação de graças pelo dom da vida; da chamada à responsabilidade em seu cuidado; nem tampouco da denúncia profética diante do sacrifício dos inocentes. Também Jesus Cristo foi o “inocente” sobre o qual lançamos as culpas dos pecadores. O diálogo do bom ladrão com seu companheiro de suplício é bem significativo: “Nem sequer temes a Deus, tu que sofres a mesma condenação? E nós com razão, porque o merecemos; ele, porém, nada de mau fez” (Lc 23,41).

O certo é que, enquanto discutimos, o aborto chegou a ser a primeira causa de mortalidade na Espanha. Em toda nossa longa história, se excluímos a peste negra na Idade Média, nenhuma guerra, enfermidade ou catástrofe, eliminou tantas vidas humanas. O que está em jogo é algo tão básico, como nossa capacidade de nos comover pela sina do inocente. É questão de humanidade, de solidariedade e de misericórdia!

Dom José Ignacio Munilla

Bispo de Palencia

Fonte: Religion en liberdad Tradução: OBLATVS

 


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