Paris - 25.03.2009
Mulher segura preservativos com a imagem do papa Bento XVI e a frase "eu disse não!", em Paris. Os produtos foram confeccionados para criticar a postura do Pontífice de rejeitar o uso da camisinha para combater a aids em declarações dadas durante sua recente viagem ao continente africano
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Diz na Sagrada Escritura:
"Uma vez que recusastes o meu chamado e ninguém prestou atenção quando estendi a mão, uma vez que negligenciastes todos os meus conselhos e não destes ouvidos às minhas admoestações, também eu me rirei do vosso infortúnio e zombarei, quando vos sobrevier um terror, quando vier sobre vós um pânico, como furacão; quando se abater sobre vós a calamidade, como a tempestade; e quando caírem sobre vós tribulação e angústia. Então me chamarão, mas não responderei; procurar-me-ão, mas não atenderei.
Porque detestam a ciência sem lhe antepor o temor do Senhor, porque repelem meus conselhos com desprezo às minhas exortações; comerão do fruto dos seus erros e se saciarão com seus planos, porque a apostasia dos tolos os mata e o desleixo dos insensatos os perde.
Aquele que me escuta, porém, habitará com segurança, viverá tranqüilo, sem recear dano algum". (Pr 1, 24 - 33)
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Lembrando...
Abstinência é a solução para a Aids, diz Papa
18.03.2009 - O papa Bento XVI declarou nesta terça-feira que a distribuição de preservativos não é a forma correta de combater a disseminação do vírus HIV e da aids. O pontífice insistiu que a Igreja Católica Romana está na vanguarda da luta contra a epidemia na África.
A bordo do avião papal para uma viagem pelo continente, Bento XVI alegou ainda que a distribuição de camisinhas “piora o problema”. A máxima autoridade da Igreja Católica já chegou a Iaundê, capital da República de Camarões, na tarde desta terça-feira.
A África é a região do planeta mais afetada pela aids. De acordo com estimativas elaboradas pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2008, de 30 milhões a 36 milhões de pessoas vivem atualmente com o vírus HIV no organismo. Destas, pelo menos 22 milhões estão na África.
O Vaticano encoraja a abstinência sexual como forma de combater a disseminação da síndrome da imunodeficiência adquirida. O antecessor do atual pontífice, João Paulo II, geralmente dizia que a abstinência, e não o preservativo, era a melhor forma de se evitar a transmissão da doença. Bento XVI disse que uma atitude responsável e moral em relação ao sexo ajudariam a combater a doença.
Esta é a primeira viagem de Bento XVI ao continente africano como papa. Ele deixou o aeroporto de Roma com destino a Camarões na manhã desta terça-feira. Ele também irá a Angola.
Em Camarões, o papa foi recebido hoje pelo presidente Paul Biya, que governa o país desde 1982 e tem sido acusado pela Anistia Internacional de abusos contra a oposição política. O papa não fez referências à situação política em Camarões, mas disse em declarações gerais sobre a África que “um cristão não deve permanecer nunca em silêncio” face à “violência, pobreza, fome, corrupção e abuso de poder.”
CRÍTICAS - A chefe de políticas, comunicação e pesquisa da organização Treatment Action Campaign, da África do Sul, Rebecca Hodes, criticou a posição do papa. Segundo ela, o religioso põe seus dogmas como “mais importantes que as vidas dos africanos”.
Rebecca disse concordar com o fato de que os preservativos não são a única solução para a epidemia de aids. Porém ressaltou que eles são um dos poucos mecanismos de fato efetivos no combate ao problema.
Mesmo alguns padres e freiras já questionaram a oposição da Igreja em relação à camisinha, em meio à gravidade do problema no continente africano. Altos funcionários do Vaticano pregam a fidelidade no matrimônio e a abstinência de sexo antes do casamento como as principais armas de combate à aids.
O cardeal Alfonso Lopez Trujillo, morto em 2008, disse em 2003 que os preservativos poderiam ajudar a espalhar a aids, pela falsa sensação de segurança que passariam. Então chefe do Conselho Pontificial do Vaticano para a Família, Trujillo alegou que a camisinha não era efetiva para bloquear a transmissão do vírus.
Bento XVI encontrou-se com uma multidão de fotógrafos e cinegrafistas nesta terça-feira, ao desembarcar em Camarões. A África é o continente onde mais cresce o número de adeptos da Igreja Católica, onde essa religião disputa os fiéis com o Islamismo e as igrejas evangélicas.
CRISE - O papa disse que espera fazer um apelo por “solidariedade internacional” para a África, em face da crise econômica global. Segundo ele, apesar de a igreja não propor soluções econômicas específicas, ela pode dar sugestões “espirituais e morais”.
Bento XVI descreveu o atual momento como fruto de “um déficit de ética nas estruturas econômicas”. “É aqui que a igreja pode fazer uma contribuição.”
Fonte: Bem Parana / Associated Press