22.03.2009 - O papa Bento 16 voltou a citar, diante dos fieis, as "consequências terríveis" dos 27 anos de guerra civil em Angola, lamentando que esta seja "uma realidade familiar" em todo o continente africano.
Durante a homilia na missa celebrada neste domingo na capital angolana, num espaço de 20 hectares a 14 quilômetros de Luanda, o pontífice condenou novamente a "destruição de famílias e à eliminação de vidas humanas inocentes por meio do aborto".
Bento 16 criticou o "insidioso espírito de egoísmo que fecha os indivíduos em si mesmos, divide famílias e, espezinhando os grandes ideais de generosidade e abnegação, conduz inevitavelmente ao hedonismo, à fuga para falsas utopias através do uso da droga, à irresponsabilidade sexual e ao enfraquecimento do vínculo matrimonial".
Perante esta situação, o papa pediu aos fiéis que "pratiquem a verdade", porque os angolanos sabem "por amarga experiência que o trabalho de reconstrução, ao contrário da repentina fúria devastadora do mal, é penosamente lento e duro".
"Não tenhais medo", pediu, mesmo que isso pareça "um sinal de contradição" em relação a "comportamentos duros e a uma mentalidade que vê os outros mais como instrumentos a usar do que como irmãos e irmãs".
"Esperança"
Dirigindo-se "particularmente" aos jovens, em grande número na multidão, mas também a "todos os jovens na África", pediu-lhes para começarem a seguir o caminho que conduz à "amizade com Jesus" como fator de garantia de "esperança" no futuro do país e a "promessa de um amanhã melhor".
Entre repetidas referências à guerra que assolou Angola nas últimas décadas, Bento 16 recorreu a termos como "ódio" e "vingança" para descrever aquilo que é o fruto das opções pelo conflito armado, "experiência demasiado familiar na África".
"As nuvens do mal obscureceram tragicamente a África, incluindo esta amada nação angolana. Pensemos no flagelo da guerra, nos frutos terríveis do tribalismo e das rivalidades étnicas, na avidez que corrompe o coração do homem, reduz à escravidão os pobres e priva gerações futuras dos recursos de que terão necessidade para criar uma sociedade mais solidária e justa", disse.
Depois de descrever cenários devastadores que se observam no continente, o papa enfatizou que esta sua visita à África, com passagens por Camarões e Angola, serviu "precisamente para proclamar uma mensagem de perdão, de esperança e de uma nova vida em Cristo".
Fonte: UOL notícias