17.03.2009 - O presidente russo, Dmitri Medvedev, acusou nesta quarta-feira a Otan de seguir sua expansão até as fronteiras russas e ordenou um rearmamento em larga escala das forças do país, incluindo a renovação do arsenal nuclear a partir de 2011, anunciaram as agências russas.
"A partir de 2011 será iniciado um rearmamento em larga escala do exército e da marinha", declarou Medvedev em uma reunião com comandantes militares em Moscou, segundo as agências.
"A análise da situação político-militar mostra que existe o potencial de um conflito sério em algumas regiões, alimentado pelas crises locais e as tentativas incessantes da Otan de desenvolver sua infraestrutura militar perto das fronteiras de nosso país", explicou.
"A principal tarefa é aumentar a preparação para o combate de nossas forças, antes de mais nada a de nossas forças estratégicas nucleares. Devem ser capazes de cumprir com todas as tarefas necessárias para garantir a segurança da Rússia", completou Medvedev.
Lembrando a breve guerra com a Geórgia em agosto de 2008 pela região separatista pró-Moscou da Ossétia do Sul, Medvedev afirmou que as forças russas "reagiram bem", mas que o conflito mostrou "fragilidades".
"Os problemas de abastecimento de certas categorias de armas e de meios de comunicação são bem conhecidos e exigem uma reação imediata", afirmou.
No encontro desta terça-feira, o ministro da Defesa russo, Anatoli Serdiukov, anunciou a transferência de seu ministério para a companhia civil estatal Oboronservis da gestão de áreas como o alojamento dos militares, a alimentação e o reparo de armas.
O anúncio representa uma contradição com as declarações anteriores de autoridades russas que sugeriam uma melhora das relações com os Estados Unidos após o fim da administração de George W. Bush e o início do mandato do presidente Barack Obama.
Com a chegada ao poder do democrata Obama, alguns analistas detectaram uma fragilização do apoio de Washington à ampliação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) a países de fronteira e antigas repúblicas soviéticas, como Geórgia e Ucrânia.
O governo de Obama anunciou que está examinando o que fazer com alguns polêmicos projetos da era Bush, como a construção de um sistema de defesa antimísseis no leste da Europa que tem a total oposição de Moscou.
Medvedev não divulgou valores sobre o custo do rearmamento nem seu financiamento, em um momento em que a Rússia se vê seriamente afetada pela crise econômica mundial.
A Rússia, o maior país do mundo e um dos poucos com armas nucleares, tem atualmente um exército de um milhão de oficiais.
Fonte: UOL notícias
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Lembrando...
Rússia testa novo míssil com múltiplas ogivas nucleares
29.05.2007 - A Rússia testou hoje, com sucesso, um novo míssil intercontinental balístico capaz de levar inúmeras ogivas nucleares, em meio ao clima de tensão gerado pelos planos dos Estados Unidos de posicionar componentes antimísseis na Europa.
"Esses mísseis são capacitados para superar tanto os (sistemas) existentes como os futuros sistemas de defesa antimísseis", afirmou Serguei Ivanov, vice-primeiro-ministro da Rússia e ex-ministro da Defesa.
Recentemente, o presidente russo, Vladimir Putin, ameaçou responder "adequadamente" às intenções americanas na República Tcheca e Polônia. A Rússia acredita que o plano de colocar escudos antimísseis nesses países conduzirá a uma nova "corrida armamentista".
O míssil intercontinental RS-24 com ogivas múltiplas também deveria servir para modernizar o obsoleto arsenal nuclear russo, uma das prioridades do Kremlin para os próximos anos.
Segundo um porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, esse é o primeiro lançamento desse tipo de míssil balístico, e coincide com o pior momento nas relações russo-americanas desde o desmantelamento da antiga União Soviética.
"O lançamento do novo míssil RS-24 foi realizado às 14h20 (7h20 em Brasília) a partir de uma plataforma móvel na base de Plesetks", a 800 quilômetros ao norte de Moscou, como informou o porta-voz às agências russas.
O míssil caiu no alvo previsto, em Kura, na península de Kamchatka, a mais de oito mil quilômetros de distância do lugar do lançamento.
Os novos RS-24 substituirão os RS-18 (SS-19 Stilleto, de acordo com a classificação da Otan) e os RS-20, (SS-18 Satan segundo a Aliança Atlântica), estes últimos, os mísseis balísticos nucleares mais potentes do mundo.
O porta-voz afirmou que os RS-24 estão de acordo com o estabelecido nos acordos de desarmamento nuclear assinados entre a Rússia e os EUA: o Start-1 de 1991 e o Tratado de Redução de Potenciais Estratégicos Ofensivos de 2002.
O presidente americano, George W. Bush, disse que este último tratado deveria servir para "acabar com o legado da Guerra Fria".
Horas depois, porém, a Rússia testava o novo míssil cruzeiro de classe tático-operacional Iskander-M, a partir de uma rampa móvel em Astrajan, no mar Cáspio. O lançamento foi observado por Ivanov.
Em seguida, o vice-primeiro-ministro russo anunciou que, a partir de 2009, esse tipo de arma tático-operacional entrará em serviço, com um alcance máximo de 300 quilômetros.
Os mísseis Iskander-M, destinados ao Exército, são capazes de abater, com alta precisão, alvos de tamanho reduzido a distâncias de entre 50 e 280 quilômetros. Eles podem levar, ainda, 54 elementos destruidores.
Ao mesmo tempo em que os novos armamentos são testados, Putin advertiu hoje sobre o perigo de transformar a Europa em um "barril de pólvora", com o posicionamento dos escudos antimísseis americanos.
Acrescentou que "isso criará novos e desnecessários riscos para todos os sistemas de relações européias e internacionais".
O presidente russo também criticou a "falta de vontade" de alguns membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte de ratificar o convênio de 1999, que modificaria o tratado de Forças Armadas Convencionais na Europa (Face), assinado em 1990.
Putin expressou sua firme oposição aos componentes antimísseis americanos na semana passada, durante sua reunião, em Moscou, com a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice.
Moscou considera os planos de Washington uma "ameaça direta" à segurança russa, e, em resposta, ameaçou suspender o cumprimento do Face.
Condoleezza Rice respondeu que o posicionamento dos escudos antimísseis não é "uma ameaça para ninguém", e que não é possível ignorar o risco representado pelo Irã e pela Coréia do Norte para a segurança mundial.
Washington planeja instalar um radar na República Tcheca e uma bateria de mísseis interceptores na Polônia, como primeiros componentes do Sistema Nacional de Defesa Antimísseis na Europa.
Os analistas reconhecem que ainda não existem circunstâncias para falar de uma nova Guerra Fria entre Moscou e Washington.
Por isso, um novo nome foi criado para descrever a atual era de tensão entre as duas maiores potências nucleares: Paz Fria.
Fonte: UOL notícias
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"Quando os homens disserem: Paz e segurança!, então repentinamente lhes sobrevirá a destruição, como as dores à mulher grávida. E não escaparão". (1Ts 5,3)