11.03.2009 - O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) divulgou nesta terça-feira um estudo que mostra o aumento de 102,7% na incidência de raios nos últimos dois anos --de 3,7 milhões de raios em 2005 para 7,5 milhões em 2008. A cidade com maior densidade de raios por km quadrado é Guarulhos (Grande São Paulo), com 13,23 raios por km quadrado em 2007 e 2008 --um crescimento de 54,4% em relação ao biênio anterior.
O novo ranking de descargas atmosféricas por município, realizada em 2007 e 2008, abrange nove Estados: São Paulo, Rio, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás e Mato Grosso do Sul.
De acordo com a pesquisa, em 2008 o total de descargas atmosféricas na região pesquisada chegou a 7,5 milhões. Em 2007, foram 5,2 milhões de raios. Já o levantamento do biênio anterior tem registros de 3,7 milhões de descargas em 2005 e 5,8 milhões, em 2006. A pesquisa foi realizada em 3.183 municípios.
O Brasil, por sua extensão territorial e proximidade ao equador geográfico, é o país com maior incidência de raios do mundo, segundo o Inpe.
Em alguns municípios, o aumento na incidência de raios ultrapassou 300%, como Guarapari (ES), que subiu 335%. Em outros houve diminuição de pouco mais de 70%, como em Mundo Novo (GO), que caiu 71%.
A variação foi menor nas cidades grandes. Houve crescimento no número de descargas atmosféricas em Vitória (88%), Brasília (44,4%), Goiânia (34,7%), São Paulo (20,3%) e Porto Alegre (18,8%).
A incidência diminuiu em Curitiba (50,5%), Florianópolis (50,45), Campo Grande (40,8%), Rio (17,35) e Belo Horizonte (3,4%). A margem de erro do levantamento é de 10%, segundo o Inpe.
Fonte: Folha online
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Lembrando...
O perigo que vem do céu: Brasil registra 28 mortes por raios em 2 meses
02.03.2008 - O Brasil já registra, apenas no ano de 2008, 28 mortes causadas por raios. O número é 64% maior que o registrado no mesmo período do ano passado.
Só esta semana, as descargas elétricas fizeram sete vítimas. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o aumento de raios no Brasil se deve ao fenômeno La Ninã, resfriamento das águas do Oceano Pacífico que altera a circulação dos ventos de forma global e favorece a formação de tempestades.
De acordo com a Rede Brasileira de Detecção Atmosférica do Inpe, entre julho de 2005 e 2007, as regiões onde mais caíram raios foram Rio Grande do Sul e São Paulo. A rede monitora as mudanças atmosféricas em 9 estados: São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Segundo o coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Inpe, Osmar Pinto Júnior, o alto número de raios em São Paulo se deve a atividades humanas como poluição, construções e asfalto que criam "ilhas de calor" e, assim, aumentam a temperatura da atmosfera local e facilitam a formação de tempestades e raios.
Já no Rio Grande do Sul, as descargas são causadas pela proximidade com o norte da Argentina e do Paraguai, regiões com os maiores índices de tempestade da América do Sul. "Essas tempestades acabam, muitas vezes, migrando para dentro do Brasil, e isso explica a alta incidência de raios lá", disse.
O coordenador conta que a média de raios no Brasil é de 50 milhões ao ano, e que a possibilidade de uma pessoa ser atingida por uma descarga é de uma em um milhão. Ele diz que a falta de informação é uma das principais causas de morte por raios. "As pessoas estão muito mais conscientes em relação aos perigos dos raios, mas ainda existe muita desinformação, e há outros que subestimam o perigo porque sabem que as chances são pequenas".
O coordenador do Inpe lembra que algumas medidas preventivas - como evitar ficar em locais descampados ou dentro da água (mar, rios, etc.) e não andar descalço - podem ser adotadas durante as chuvas com trovões (raio associado ao som). Além disso, nas tempestades, é preferível estar dentro de residências, prédios ou veículo fechado.
"As pessoas têm que estar atentas e tomar os cuidados necessários. São 50 milhões de raios por ano e 180 milhões de pessoas. Então, com tanto raio e tanta gente, apesar de a probabilidade ser pequena, as mortes ocorrem bastante", alerta.
Ainda de acordo com o coordenador, o aumento na incidência de raios deve continuar em todas as regiões brasileiras.
Agência Brasil