07.03.2009 - O arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, disse, neste sábado (7), que os envolvidos na interrupção da gravidez de gêmeos de uma menina de 9 anos podem ser perdoados, se mostrarem arrependimento. A declaração foi dada durante missa da Campanha da Fraternidade na Basílica do Carmo.
"Não existe pecado sem perdão, mesmo para a pessoa que cometeu aborto. Agora, para receber o perdão é preciso arrepender-se, é preciso uma conversão", disse Sobrinho.
O aborto ocorreu na quarta-feira (4). Em seguida, o arcebispo anunciou que a mãe da garota e os médicos que participaram do aborto foram excomungados.
Neste sábado, o arcebispo também rebateu as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao comentar o caso, o presidente disse, na sexta-feira (6), que a "medicina está mais correta que a Igreja". Para Sobrinho, Lula deve buscar a assessoria de algum teólogo para falar com mais propriedade sobre o tema. "Se o presidente da República deseja fazer um pronunciamento sobre um tema teológico, eu sugeriria que ele primeiro tivesse ajuda de seus assessores que conheçam a doutrina da Igreja Católica."
No Paraná, o bispo primaz dom Geraldo Majella Agnelo também falou sobre o assunto. "Se o governo não defende a vida humana, desde sua concepção, quem vai defender? Só mesmo quem tem fé", afirmou. "Hoje que a medicina tem tantos meios, tantos recursos, que vá acompanhando o curso da natureza. O que ela não pode fazer é matar a mãe, nem a criança."
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota, na sexta, em que destaca o mandamento "não matarás" e reforça as críticas feitas ao aborto. A imprensa italiana informou que o Vaticano apoia a decisão do arcebispo.
Violência
A gravidez da criança foi descoberta logo após o carnaval. Ela reclamou de dores e foi levada a uma unidade de saúde. Os médicos classificaram a gestação de 15 semanas como de alto risco, pela idade e por ser de gêmeos. Segundo os médicos, a mãe pediu para que o aborto fosse realizado.
O padrasto da menina foi preso, suspeito de ter abusado da garota e ser pai dos bebês que ela esperava. De acordo com a polícia, a menina sofria violência sexual desde os 6 anos.
A menina teve alta nesta sexta-feira e passa bem, segundo o diretor do hospital em que ela estava internada, Sérgio Cabral. Ela e a mãe devem ser encaminhadas para um abrigo no Recife, por determinação do Ministério Público. Elas não devem voltar imediatamente para Alagoinha (PE), onde moravam.
Fonte: G1