18.02.2009 - Um menino que recebeu um tratamento à base de células-tronco embrionárias para uma rara doença genética desenvolveu tumores, despertando dúvidas sobre a segurança do tratamento.
O garoto, que hoje está com 17 anos, recebeu o tratamento pioneiro em 2001, em um hospital em Moscou.
Ele sofria de ataxia-telangiectasia - uma doença genética que ataca a região do cérebro que controla movimento e fala - e recebeu injeções de células-tronco embrionárias no cérebro e no fluido da espinha dorsal.
Quatro anos depois ele passou a se queixar de dores de cabeça e médicos do Centro Médico Sheba, em Tel Aviv, Israel, encontraram dois tumores benignos nos mesmos lugares onde haviam sido ministradas as injeções com células-tronco.
O tumor removido da espinha continha células que não poderiam ter surgido dos tecidos do próprio paciente e, segundo um artigo escrito pelos médicos Ninette Amariglio e Gideon Rechavi, do Centro Médico Sheba, na revista PLoS Medicine,
ele teria crescido a partir das células-tronco recebidas no tratamento.
Estudos realizados em ratos de laboratório deram conta do surgimento de tumores depois de injeções de células-tronco. Demonstrou-se que o risco destes tumores pode ser reduzido se as células, que têm a característica de se transformar em outras, se diferenciarem antes de injetadas.
Este, contudo, foi o primeiro exemplo documentado da ocorrência de tumores em um ser humano submetido a uma terapia com células-tronco embrionárias.
Os autores do artigo levantam a hipótese de que a própria doença do paciente pode ter permitido o surgimento dos tumores porque pacientes com ataxia-telangiectasia costumam ter um sistema imunológico debilitado.
Os autores do artigo dizem que embora o caso aponte para a necessidade de cautela na aplicação de terapia genética, "isso não implica que a pesquisa para tratamentos com células-tronco deva ser abandonada".
Amariglio e Rechavi recomendam que são necessários mais estudos para verificar a segurança desse tipo de terapia.
Fonte: Terra notícias
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Lembrando...
Dom Antônio Augusto fala sobre uso das células-tronco embrionárias
27.11.2008 - O bispo auxiliar do Rio de Janeiro, Dom Antônio Augusto Dias Duarte, afirmou, nesta quarta-feira, 26, durante o Congresso Internacional "Pessoa, cultura da vida e cultura da morte", que, devido ao progresso da ciência e da tecnologia, "enfrentam-se hoje problemas totalmente originais que a ética tradicional não podia nem sequer prever". Para ele, cabe aos estudiosos e especialistas da bioética "estabelecer juízos morais seguros para os usuários e beneficiários desses novos conhecimentos científicos". Uma missão "difícil de ser cumprida, mas de uma urgência irrenunciavel", acrescentou.
Médico e membro da Comissão de Ética da CNBB, Dom Augusto falou aos congressistas sobre "Análise bioética do uso de células-tronco embrionárias", uma das conferências do evento que acontece em Itaici, município de Indaiatuba (SP). Segundo afirmou, a tentação de ser deus ronda a consciência humana. "A tentação original de querer ser deus e de querer criar 'novos princípios éticos' e até mesmo uma 'nova ética' para analisar teoricamente as questões inauditas levantadas pela evolução das ciências continuam rondando a consciência humana".
Dom Augusto alertou para o perigo do uso utilitarista das células-tronco embrionárias. "A análise bioética do uso das células tronco-embrionárias no campo das pesquisas e no campo terapêutico que só considerasse o aspecto utilitarista e/ou o caráter proporcionalista e consequencialista reduziria a pessoa humana nesse período da sua vida a um mero objeto de investigação ou de aplicação terapêutica em enfermidades incuráveis até hoje", observou.
Ainda de acordo com o bispo, a análise bioética feita pela Igreja Católica visa fazer aparecer a verdade. "A Igreja Católica nas suas análises bioéticas busca fazer com que brilhe o esplendor da verdade sobre a pessoa humana e esse seu trabalho é reconhecido por pessoas sensatas e dispostas a viver sob essa mesma luz".
O bispo lembrou, também, que o fenômeno biológico da fecundação inicia "um ciclo vital original de um novo indivíduo, ao qual se aplica, plenamente, o título de ser humano, com igual dignidade e idêntica natureza como se costuma predicar das crianças recém-nascidas e dos homens e mulheres adultos que exigem o respeito pleno dos seus direitos fundamentais, sobretudo o direito à vida e à integridade física".
Fonte: Canção Nova