16.02.2009 - A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o escritório da ONU encarregado de velar pelo uso pacífico da energia atômica, disse nesta segunda que, devido a problemas de financiamento do órgão, a segurança nuclear está em risco.
A advertência foi feita pelo diretor-geral da AIEA, Mohamed ElBaradei, que, ao apresentar sua proposta de orçamento para o biênio 2010-2011, destacou que as finanças da agência chegaram a um "ponto crítico".
Em carta distribuída aos países-membros da entidade, El Baradei lembrou que "anos de crescimento real zero no orçamento levaram a um desgaste permanente da capacidade" da AIEA "de manter um sistema de controles forte e independente".
A proposta apresentada pelo secretário-geral da agência prevê um crscimento de 11% no orçamento, para que este chegue a 2010 sendo de US$ 368 milhões e alcançe US$ 383 milhões no ano seguinte.
Fontes ligadas à AIEA disseram que esse reajuste é o mínimo necessário para que o órgão cumpra suas obrigações e suas tarefas atuais.
Essas fontes, que pediram para não serem identificadas, lembraram que entre as responsabilidades da AIEA está evitar a proliferação de armas atômicas e que grupos terroristas tenham acesso a esse tipo de armamento.
"É uma questão de decidir se (a comunidade internacional) quer economizar nisto", resumiu um especialista ligado à AIEA, cujo orçamento para 2009 é de US$ 335,8 milhões.
Devido à falta de reajustes, a AIEA disse que sua capacidade para desempenhar tarefas de controle de forma pontual e independente "está em risco, dado o envelhecimento das infraestruturas técnicas e dos equipamentos de análise".
Em sua carta, ElBaradei se mostra consciente da crise econômica que muitos países vivem, mas insiste que, "diante do risco de materiais nucleares caírem nas mãos de terroristas", é inaceitável que os programas de segurança nuclear dependam das contribuições voluntárias dos Estados-membros.
O objetivo da proposta do diretor-geral da AIEA é aumentar a verba para trabalhos de segurança nuclear e reduzir a dependência do orçamento em relação às contribuições voluntárias dos países-membros.
Especificamente, a AIEA pediu US$ 2,2 milhões para os trabalhos de verificação no reator nuclear de Yongbyon, na Coreia do Norte, além de um aumento de US$ 8,5 milhões na verba para tarefas de fiscalização.
Fonte: Terra notícias
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
Lembrando...
Segurança nuclear do mundo preocupa, diz agência da ONU
27.02.2008 - A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) disse na terça-feira que a segurança nuclear mundial é preocupante e que os líderes mundiais deveriam iniciar rapidamente uma nova rodada de negociações contra armas atômicas.
"Precisamos reforçar o regime de não-proliferação e avançar para o desarmamento nuclear", afirmou Mohamed El Baradei, diretor da agência da Organização das Nações Unidas.
"Estamos numa encruzilhada. O sistema está fraquejando", disse El Baradei numa conferência em Oslo, onde em 2005 ele e a AIEA receberam conjuntamente o Prêmio Nobel da Paz.
Segundo ele, a AIEA está ciente de 150 casos anuais de desaparição de materiais nucleares, que podem ir parar nas mãos "do crime organizado ou pior — de extremistas".
El Baradei disse que a questão nuclear, tão importante durante a Guerra Fria, "saiu de moda e quase desapareceu da pauta internacional", dando espaço a temas como o aquecimento global.
"Continua havendo muitas lacunas no atual sistema de segurança, o que o tornou vulnerável a abusos. Esse é na verdade o maior perigo que enfrentamos — que armas ou material nucleares caiam nas mãos erradas", declarou o egípcio.
Segundo ele, armas atômicas em mãos de extremistas "quase certamente seriam usadas", pois o conceito da dissuasão mútua entre os países com armas nucleares "é totalmente irrelevante para a ideologia extremista".
El Baradei não mencionou grupos ou países, nem quis falar do programa nuclear do Irã — cujo governo nega as acusações ocidentais de que vá desenvolver armas atômicas.
Na mesma conferência, o ex-secretário norte-americano de Estado George Schultz disse que as tensões globais continuam elevadas devido à proliferação de armas de destruição em massa, e que os líderes mundiais deveriam imediatamente dar um novo foco às questões nucleares.
"Não podemos esperar um Pearl Harbor nuclear", disse Schultz, referindo-se ao ataque-surpresa japonês no Pacífico que levou os EUA para a Segunda Guerra Mundial.
El Baradei disse que "não é impossível" livrar o mundo das armas nucleares, e defendeu reduções significativas nos atuais arsenais, além de mudanças no status do sistema de armas nucleares, a fim de reduzir o risco de acidentes e defeitos.
Fonte: Terra notícias