11.02.2009 - Sobreviventes do incêndio que devastou a localidade australiana de Marysville, deixando até 100 mortos, continuam sendo mantidos longe da cidade, de modo a serem protegidos contra cenas traumáticas, disseram autoridades nesta quarta-feira.
Oficialmente, já há 181 mortos pela onda de incêndios na Austrália, mas o número real já deve superar os 200, de acordo com as autoridades. Se as mortes de Marysville forem confirmadas, a cifra pode subir a mais de 300 mortos.
Um bombeiro que percorreu Marysville na noite de sábado disse que as pessoas se batiam ao lado do seu caminhão-pipa, implorando por socorro para pessoas presas dentro de suas casas em chamas.
"O saldo (de vítimas) será enorme", disse o bombeiro John Munday.
O primeiro-ministro do Estado de Vitória disse que Marysville, isolada desde os incêndios do fim-de-semana, permanecerá inacessível para poupar os moradores de cenas horripilantes numa cidade outrora idílica.
"Ainda há muita gente falecidas nas casas", disse ele, acrescentando que pode haver entre 50 e 100 mortos em Marysville. "Se as pessoas voltam para essas áreas (...) e ainda há pessoas falecidas por lá (...), o impacto será bastante devastador."
Legistas enfrentaram as cinzas e os destroços em Marysville, Kinglake e outras cidades devastadas, na esperança de identificar centenas de corpos.
"É preciso ir rua a rua, casa a casa. Há muitas casas que desabaram", disse a comissária de polícia do Estado, Christine Nixon, acrescentando que as buscas vão levar várias semanas.
Em alguns casos, a identificação deve demorar semanas, e em outros pode simplesmente ser impossível, segundo o bombeiro Brumby.
O fogo atingiu localidades rurais ao norte de Melbourne na noite de sábado, alimentado pelo calor e os ventos fortes. No sábado, Melbourne registrou a maior temperatura da sua história, 46,4 graus Celsius.
A zona de desastre, que abrange mais de 20 localidades ao norte de Melbourne, numa área equivalente ao dobro de Londres, foi também declarada como local de crime. Os incêndios queimaram 1.033 casas e deixaram 5.000 desabrigados.
A polícia lançou a chamada Operação Fênix para investigar casos de incêndios criminais, e oferece recompensa de 100 mil dólares australianos a quem der informações que levem à condenação de algum incendiário.
Mais de 4 mil bombeiros ainda enfrentam 33 focos de incêndio no Estado de Vitória, sendo que 23 permanecem fora de controle.
Fonte: Terra notícias
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Lembrando...
Aquecimento elevará mortes por calor na Austrália
31.01.2007 - As alterações climáticas em Sydney vão provocar um aumento significativo na morte de pessoas com mais de 65 anos até 2050. Os dados foram divulgados em um novo relatório ambiental divulgado pela Organização da Comunidade Científica e da Pesquisa Industrial (Csiro, principal agência científica da Austrália).
O texto prevê que as mortes de idosos em decorrência do calor subirão da atual média de 176 por ano para 1.312 até 2050. "Isso pode soar como um cenário apocalíptico, mas é um que devemos controlar", afirmou o primeiro-ministro estadual Morris Iemma ao divulgar o relatório, na quarta-feira. A Austrália já sofre com o aquecimento global, enfrentando sua pior seca em 100 anos, que afeta o crescimento econômico.
A Csiro disse que a temperatura máxima em Sydney deve subir 1,6ºC até 2030 e 4,8ºC até 2070, enquanto a média de chuvas em 2070 será até 40% menor. O relatório afirma que uma elevação de 1ºC na temperatura e uma redução de 5% nas chuvas já fariam com que o clima da cidade deixasse de ter características litorâneas - a população se sentiria como se morasse em uma calorosa vila rural a quase 200 quilômetros do oceano.
O aumento do nível dos mares pode provocar uma erosão costeira de até 22 metros em uma faixa de praias que vai de Collaroy a Narrabeen, ao norte de Sydney, uma orla onde atualmente há casas milionárias. Um aumento de 24% na evaporação até 2070 e um fluxo menor de água nos rios e córregos pode afetar negativamente a qualidade da água na maior cidade australiana.
Iemma disse que o relatório é "uma leitura assustadora" e pediu ao primeiro-ministro do país, John Howard, que se comprometa com leis que levem à redução das emissões de gases do efeito estufa. A Austrália não participa do Protocolo de Kyoto.
O Estado de Nova Gales do Sul, onde fica Sydney, tem a meta de usar 15% de energia renovável até 2020 e de reduzir em 60% as emissões de gases do efeito estufa até 2050. Iemma propôs a criação de um esquema nacional de comércio de créditos de carbono.
Fonte: Terra notícias