03.02.2009 - O cuidado com o corpo é algo "sensato e louvável", desde que não seja excessivo, "pois nesse caso diminui a liberdade do homem, que se torna escravo de seu corpo tirano", afirmou hoje o cardeal Paul Josef Cordes, presidente do Conselho Pontifício Cor Unum.
Cordes, titular do órgão da Santa Sé encarregado das obras de caridade do papa, fez esta declaração durante a apresentação da mensagem de Bento XVI para a próxima quaresma, na qual o Pontífice pediu aos fiéis que resgatem o valor e o sentido do jejum.
Bento XVI ressaltou que nesta sociedade do bem-estar o jejum perdeu seu valor espiritual e se tornou, pelo contrário, uma medida terapêutica para o cuidado do próprio corpo.
Levando em conta essa referência do papa, o cardeal Cordes disse que "cuidar bem do próprio corpo" e "tratá-lo com cuidado não é mal visto e a todos nos parece uma coisa sensata e até elogiável".
Porém, ele disse que em nossos dias "esse desejo humano alcançou dimensões gigantescas".
O cardeal afirmou que, em 2006, só na Itália oito milhões de pessoas frequentaram esses "templos do bem-estar", onde foram gastos 15 bilhões de euros. E na Alemanha, acrescentou, o número de usuários chegou a 13,5 milhões, 16,5% da população.
Segundo Cordes, o cuidado ilimitado do corpo pode levar a seu enfraquecimento, ao passo que o desejo de bem-estar e prazer pode reduzir a liberdade do homem, que não conseguirá ficar à vontade com seu corpo, "já que este virará um tirano".
"As religiões estão a favor do cuidado com o corpo, mas sem que se torne uma idolatria", disse o cardeal, que, voltando ao jejum, encorajou os cristãos a se mirarem no Ramadã muçulmano e no budismo.
Para essas religiões, afirmou Cordes, o jejum representa uma "luta contra o poder da matéria sobre o homem". Para o cristão, no entanto, o jejum é "o recolhimento na profundeza da fé, onde se encontra Deus".
Fonte: Terra notícias
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Lembrando...
A busca da beleza não pode separar-se da verdade e a bondade, diz o Papa
26.11.2008 - VATICANO - Em sua mensagem ao Arcebispo Gianfranco Ravasi, Presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, com motivo da sessão pública anual das Academias Pontifícias, o Papa Bento XVI ressalta a inseparável relação que existe entre a busca da beleza e a busca humana da verdade e a bondade.
Na mensagem para a sessão deste ano cujo tema é: "Universalidade da beleza: estética e ética confrontadas", o Santo Padre sublinha que "a necessidade e a urgência de um diálogo renovado entre estética e ética, entre beleza, verdade e bondade são colocados novamente não só pelo debate cultural e artístico atual mas também pela realidade cotidiana".
"Em diversos âmbitos –explica o Papa– brota dramaticamente a cisão e às vezes o contraste entre as duas dimensões: a da busca da beleza, reduzida a forma exterior, a aparência de perseguir a toda costa e a da verdade e a bondade das ações efetuadas com um fim determinado".
Por isso, precisa, "uma busca da beleza que fora alheia à busca humana da verdade e a bondade se transformaria, como acontece desgraçadamente, em puro esteticismo e, sobre tudo, para os mais jovens, em um itinerário que leva ao efêmero, à aparência ou inclusive a uma fuga para paraísos artificiais que escondem o vazio e a inconsistência interior".
O Santo Padre lembra logo que em várias ocasiões reafirmou "a necessidade de uma ampliação dos horizontes da razão para compreender a estreita conexão entre a busca da beleza e a busca da verdade e a bondade", por isso, "se esta necessidade for válida para todos o é ainda mais para o crente, para o discípulo de Cristo chamado a 'dar testemunho' a todos da beleza e a verdade de sua fé".
A beleza das obras que os fiéis apreciam para "render glória ao Pai" seguindo o mandato de Cristo "manifesta e expressa em uma síntese excelente a bondade e a verdade profunda do gesto, ao igual à coerência e a santidade de quem o leva a cabo. Nosso testemunho deve nutrir-se desta beleza e para isso faz falta saber comunicar com a linguagem das imagens e os símbolos para chegar eficazmente a nossos contemporâneos".
Deste modo o Pontífice assinala que no recente Sínodo os bispos insistiram no "valor perene de um belo testemunho para o anúncio do Evangelho, sublinhando a importância de saber ler e escrutinar a beleza das obras de arte, inspiradas pela fé para descobrir um itinerário singular que aproxima de Deus e a sua palavra".
Depois de citar a Carta aos Artistas de João Paulo II que "convidava a refletir sobre o fecundo diálogo entre a Sagrada Escritura e as diversas formas artísticas de que brotaram inumeráveis obras mestras", Bento XVI exorta aos acadêmicos e artistas os lembrando de que sua missão é "suscitar maravilha e desejo do belo, formar a sensibilidade e alimentar a paixão por tudo o que é expressão autêntica do gênio humano e reflexo da beleza divina".
Fonte: ACI