Explosão de soberba: A onda do ateísmo, um espectro sobre a Europa


02.02.2009 - Paira um espectro sobre a Europa. Não é o espectro do comunismo. Fere um dos mais profundos sentimentos do Ocidente. A crença em Deus. Em países, antes arraigadamente católicos, estende-se a onda do ateísmo.

Não se trata de manifestações individuais. Ao contrário, formam-se coletivos para o exercício de ativa militância contra o divino. Campanhas publicitárias se desenvolvem.

Nas laterais dos ônibus da cidade de Barcelona, cartazes refletem esta situação. Dizem: Provavelmente, Deus não existe. Viva e goze a vida. A iniciativa tende a se estender a outras cidades da Espanha.

A autoria dos dizeres é de uma associação de ateus e livres pensadores. Houve resposta. Apareceram faixas em oposição: Você verá, quando tudo fracassar, restará Deus.

O fenômeno não se restringe ao espaço ibérico. No leste europeu existem países com alto percentual de pessoas que se declaram ateus. Mais de setenta por cento na Hungria.

Os franceses são autores de uma extensa bibliografia. Um combate contínuo contra a figura de Deus. Certamente, originário do pensamento iluminista.

O iluminismo, como posteriormente o marxismo, pretendeu colocar o homem no centro do universo, concebendo um humanismo materialista. Este, em seus primórdios, exercia grande influência entre os intelectuais.

Com o passar dos séculos e o surgimento do consumismo sem limites, o ateísmo ingressou na consciência das pessoas comuns. Os valores religiosos foram substituídos por um hedonismo selvagem.

Vale consumir e aparecer. Não importa qualquer aproximação com o Superior. Daí um passo para a negação de Deus. Antes o agnosticismo e em seguida uma posição expressa de contestação.

Os ateus não querem aceitar uma figura além da História. Desejam ser senhores de suas trajetórias, sem qualquer intromissão externa. Querem ser deuses individuais.

De há muito, os não-crentes passaram a preocupar os membros das religiões monoteístas. Ordens religiosas católicas apontam para a presença do ateísmo nas universidades da Ásia, África e América Latina.

Aqui, segundo estas fontes, a motivação seria diversa da existente nas sociedades afluentes. Um novo aspecto é apontado. A presença da injustiça como um fator de descrença.

Exatamente isto: a injustiça presente em todos os desvãos das sociedades latino-americanas leva a juventude a descrer. Encontrar, nas imensas diferenças sociais, motivo de não-crença.

Nota-se, pois, o encontro de duas vertentes nos países latino-americanos. Aquela que leva ao materialismo pelo excesso de consumo e de benesses e a outra que aponta para a carência dos bens mínimos para a sobrevivência.

Caro que estas posições de ponta não atingem todos os países de igual maneira. Graças às raízes africana, indígena e portuguesa, no Brasil existe um misticismo disperso.

Este atinge todas as camadas da sociedade. A crença no divino é inerente à formação brasileira. Com um traço específico. Os cultos de origem africana e indígena possuem um forte contingente panteísta.

Este nem sempre é percebido, em virtude do sincretismo religioso oriundo dos tempos das práticas escravagistas. O que se assemelhava aos rituais cristãos continha as práticas dos cultos dos ancestrais.

A natureza é traço marcante destes cultos. Ela se mostra por inteiro na forma de viver dos brasileiros. Convivem com natureza em seus vários aspectos. A exibição desinibida dos corpos é um deles.

Pode-se adiantar que a militância dos não-crentes não terá êxito entre os brasileiros. É própria de povos frustrados e deprimidos. No entanto, não se deve esquecer que a divindade, por aqui, tem um traço panteísta.

Como praticada na Europa, a descrença pode conduzir a um niilismo sem igual. A perda de referências leva as pessoas a um individualismo sem precedentes.

A um mundo sem valores e propício à prática de quaisquer atos. A crise financeira dos países centrais, certamente, tem grande parcela deste individualismo contemporâneo. Alarmantemente sem valores.

Por: Cláudio Lembo é advogado e professor universitário. Foi vice-governador do Estado de São Paulo de 2003 a março de 2006, quando assumiu como governador.

Fonte: Terra notícias

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Lembrando...

Sinal dos tempos: Mil ateus e agnósticos pedem anulação de batismo

27.10.2008 - Mais de mil pessoas pediram na Itália que sejam apagados seus nomes dos registros batismais de suas paróquias, informou nesta segunda-feira em comunicado a União de Ateus e Agnósticos italianos (Uaar).

Em um dia de manifestação convocado no sábado passado pela Uaar em toda a Itália, 1.032 apóstatas "reafirmaram seu direito de não serem considerados pelo Estado como súditos da Igreja Católica", de acordo com a agência de proteção de dados.

O secretário da Uaar, Raffaele Carcano, explicou que as adesões chegaram de toda a Itália e que em Bolonha e Milão superaram 100 pedidos de apostasia.

Ressaltou também que aderiram à iniciativa cidadãos de Cagliari (Sardenha), cidade que teve a visita do papa há alguns meses.

O dia 25 de outubro marcou o 50º aniversário da polêmica sentença que absolveu o bispo de Prato de denegrir publicamente dois cidadãos pelo simples fato de eles terem se casado no civil.

A decisão do tribunal determinou que o casal era batizado e, portanto, súdito do bispo.

Fonte: Terra notícias

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Nota de www.rainhamaria.com.br

Se Deus está morto... (assim dizem os ateus)

Certa vez, em Paris, alguém escreveu num muro: "Deus está morto! assinado: Nietzsche". E um outro, respondendo, escreveu embaixo: "Nietzche está morto! assinado: Deus".

"Deus não morre!", assim gritou Garcia Moreno, heróico presidente do Equador, ao cair vítima dos punhais assassinos dos inimigos da religião.

Evidentemente, Deus, eterno e imutável, não pode morrer. Caso contrário não seria Deus. Jesus Cristo, Deus e homem, morreu na cruz enquanto homem, não enquanto Deus.

Mas se Deus, objetivamente falando, não morre nunca, as pessoas podem matar Deus nos seus corações, isto é, nas suas consciências. É nesse sentido que o Apóstolo São Paulo fala que os que pecam crucificam de novo Jesus Cristo nos seus corações. Claro, quem peca, quem coincidentemente quer satisfazer a sua vontade, mesmo estando contra a vontade de Deus, tem desejo de que Deus não existisse naquele momento, e mataria Deus, se isso lhe fosse possível. Assim acaba matando-o no seu coração, na sua consciência.

Desse modo, o mundo de hoje, que "perdeu o senso do pecado", na expressão do Papa, vive como se Deus não existisse. Os homens mataram Deus, nos seus corações!

E, como disse Dostoievski, "se Deus está morto, tudo é permitido". A ausência de Deus nas consciências leva a todas as desordens morais, familiares, sociais e políticas. Como lamentava o Papa Pio XII: "uma economia sem Deus, um Direito sem Deus, uma política sem Deus". É a fonte de todo ódio, egoísmo, violência e império da sensualidade. É a causa última do caos atual.

E o contrário é obviamente verdadeiro. "O temor de Deus é o princípio da Sabedoria", como diz a Sagrada Escritura. Deus presente e respeitado nas consciências é o princípio da ordem e da felicidade pessoal, familiar, política e social.

Assim, a reforma do mundo, pessoal, político e social, só será real e séria, se começar pelas consciências. Aí está o papel do cristianismo verdadeiro na reforma da sociedade.

Por Dom Fernando Arêas Rifan,
Bispo Coadjutor da
Administração Apostólica Pessoal
"São João Maria Vianney"
Artigo quinzenal para o Jornal "Folha da Manha"


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