Polêmica: Padre italiano diz que câmaras de gás serviam para desinfetar judeus


30.01.2009 - ROMA  - O padre tradicionalista italiano Floriano Abrahamowicz afirmou nesta quinta-feira que as câmaras de gás dos campos de concentração nazistas serviam para ‘desinfetar’ os judeus, alimentando, assim, a polêmica entre a Santa Sé e a comunidade judaica mundial.

Em entrevista ao jornal La Tribuna de Treviso, o padre, chefe da região nordeste da Itália da comunidade ultraconservadora fundada por Marcel Lefebvre, a Fraternidade São Pio X, garante não acreditar que pessoas tenham sido mortas nas câmaras de gás.

“Sei que as câmaras de gás existiram pelo menos para desinfetar, mas não saberia dizer se causaram a morte ou não de pessoas porque não investiguei a fundo o assunto”, declarou Abrahamowicz.

Esta entrevista foi concedida depois do escândalo que geraram as declarações antissemitas do bispo integrista inglês Richard Williamson, cuja excomunhão foi suspensa no sábado pelo Papa.

Em uma entrevista à tv sueca, o bispo inglês negou a existência do Holocausto e a morte de milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial e assegurou que não existiram câmaras de gás na Alemanha nazista. Além disso, só teriam morrido de 200.000 a 300.000 judeus nos campos de concentração e não seis milhões de judeus.

“Williamson foi imprudente ao se pronunciar sobre assuntos técnicos”, admitiu Floriano Abrahamowicz, que reconheceu ter sangue judeu por parte paterna.

“É verdadeiramente impossível para um católico ser antissemita”, enfatizou o padre italiano.

“A crítica que se pode fazer sobre a tragédia do Holocausto é a supremacia que se dá sobre os outros genocídios. Se Williamson tivesse negado em suas declarações a tv o genocídio de um milhão e duzentos mil armênios por parte dos turcos, não acho que os jornais teriam dado tanta importância a suas declarações”, comentou o religioso italiano.

Fonte: Abril

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Lembrando...

Reabilitação papal de bispo que nega o Holocausto revolta judeus

25.01.2009 - A reabilitação concedida pelo Papa Bento 16 a quatro bispos tradicionalistas pode curar uma ferida na igreja católica ao custo de abrir outra com os judeus, já que um dos prelados nega o Holocausto.

Os quatro bispos readmitidos na Igreja neste final de semana lideram a ultra-direitista Sociedade de São Pio X (SSPX), que possui cerca de 600 mil filiados e rejeita modernizações do culto e da doutrina católicas.

Um deles, o britânico Richard Williamson, fez declarações negando a amplitude total do Holocausto nazista de judeus europeus, como aceito pelos historiadores.

Em comentários feitos na quarta-feira a uma rede de TV suíça, Williamson disse: "Acredito que não existiram câmaras de gás" e que somente cerca de 300 mil judeus pereceram nos campos de concentração nazistas, ao invés de 6 milhões.

Se por um lado a anulação das excomunhões que os afastaram da Igreja Católica deixou muitas questões internas em aberto, não há dúvida de que provocou o que alguns classificam como o maior abalo nas relações entre católicos e judeus em meio século.

Sediado em Israel, o rabino David Rosen, chefe de assuntos interreligiosos para o Comitê Judeu Americano e figura de destaque em décadas de diálogo com o Vaticano, disse:

"O falecido papa João Paulo 2o chamou o antissemitismo de pecado contra Deus e o homem. A negação da farta documentação da Shoah (Holocausto) é o mais descarado antissemitismo."

Fontes diplomáticas disseram que a disputa pode colocar em dúvida a viagem do Papa à Terra Santa, planejada para maio.

Um porta-voz do Vaticano disse que se por um lado os comentários de Williamson estão "sujeitos a críticas", por outro são "totalmente desligados" da anulação das excomunhões.

Mas líderes judeus não aceitaram a explicação. Eles questionaram por que o Vaticano não emitiu uma declaração explícita condenando Williamson, e um deles disse em particular que o decreto representa "um prego no caixão de 50 anos de diálogo".

As relações entre católicos e judeus já eram tensas por causa do papa Pio 12, acusado pelos judeus de fazer vista grossa ao Holocausto. Os judeus solicitaram ao Vaticano, que nega as acusações, a congelar os procedimentos que podem levar à sua santificação, ainda pendente de mais estudos de registros dos tempos da guerra.

Fonte: Terra notícias


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