27.01.2009 - Cidade do Vaticano - O jornal do Vaticano criticou duramente ontem, o bispo inglês Dom Richard Williamson - reabilitado sábado pelo Papa Bento XVI após passar 20 anos excomungado - por negar a ocorrência do Holocausto.
Em artigo de primeira página, o “L’Osservatore Romano” afirma que os comentários feitos pelo bispo de que os judeus não foram exterminados durante o Holocausto são ‘inaceitáveis’ e violam os ensinamentos da Igreja Católica Romana. “O fato de a excomunhão ter sido revogada não significa que o Vaticano compartilhe as opiniões de Williamson. O Papa Bento XVI deplora todas as formas de antissemitismo e todos os católicos romanos devem fazer o mesmo” – consta no editorial.
Segundo o “L'Osservatore Romano”, anular a excomunhão aos quatro bispos consagrados ilegitimamente em 1988 pelo arcebispo tradicionalista Marcel Lefèbvre “responde aos ensinamentos do Concílio, que prefere o remédio da misericórdia ao da condenação”.
Já para o Cardeal Jean-Pierre Ricard, Arcebispo de Bordeaux e membro da Comissão Pontifícia “Ecclesia Dei”, a retirada da excomunhão não é o fim, mas o início do processo de diálogo. Numa declaração, publicada ontem, pela Conferência Episcopal Francesa, a respeito da revogação da excomunhão aos 4 bispos da Fraternidade de São Pio X decretada por Bento XVI, o cardeal comenta:
“O Papa Benedetto XVI estendeu a mão, foi um convite à reconciliação. Teólogo e historiador, o papa conhece o drama que o cisma representa para a Igreja. Ele se sente incumbido da missão de resgatar a unidade eclesial.” A este respeito, o cardeal francês recorda que Bento XVI conhece muito bem o dossiê relativo a Dom Lefèbvre, desde que era cardeal e foi encarregado por João Paulo II.
“A revogação da excomunhão – prossegue Dom Ricard – abre um caminho a ser percorrido juntos; um caminho certamente longo, que requer mais conhecimento e respeito recíproco.”
Também o porta-voz da Conferência Episcopal belga, padre Eric de Beukelaer, se pronunciou ontem: “Este gesto não coloca em discussão o Concílio Vaticano II e seus ensinamentos”. Padre Eric alerta para o risco de “confundir esta questão com eventuais declarações de um bispo tradicionalista que nega a realidade do Holocausto”. “A Shoah é o símbolo de um regime desumano, e quem tenta minimizá-la se comporta como ideólogo e não como historiador; ferindo nosso dever da memória.”
Fonte: Rádio Vaticano