Porto Alegre: A cada 36 horas, pelo menos uma escola estadual é alvo de violência


22.12.2008 - A cada 36 horas, pelo menos uma escola estadual é alvo de violência em Porto Alegre. O levantamento, informal, foi realizado pela Agência RBS junto a representantes de 184 das 258 escolas da rede estadual no município. A conclusão é de que 123 delas já foram alvo de violência este ano. Algumas — como a Escola Estadual Carlos Fagundes de Mello, na Vila Farrapos —, mais de uma vez.

— Aqui já fizeram de tudo, e ficou muito pior este ano. Se tu me perguntares quantas vezes já arrombaram, roubaram coisa ou atacaram a escola, fica difícil responder. Estamos cercados — diz a vice-diretora, Lúcia Valadan.

A escola já contabiliza 15 arrombamentos apenas este ano. Toda manhã, Lúcia cruza pela inscrição "Educando com consciência", no muro da frente, que a ajuda a tomar fôlego para contabilizar os estragos da madrugada e receber os 1,3 mil alunos.

— No começo do ano, eles invadiram uma sala, ameaçaram os alunos e roubaram as merendas. Como se fosse muito normal. Mas o nosso maior medo são os tiroteios. Essas crianças que estão aqui são responsabilidade da escola — afirma a vice-diretora.

De acordo com o coordenador regional de educação, Jandir de Sordi, não há soluções definitivas para o problema.

— A escola sempre foi o espelho da sociedade. Há todo um contexto de desemprego e falta de estrutura nas famílias. Porto Alegre está assim, e as escolas refletem essa violência — aponta.

A Brigada Militar tem patrulhas escolares, mas o tenente-coronel Carlos Bondan, que responde pelo Comando do Policiamento da Capital (CPC), também é direto:

— Não há como abranger todas as escolas.

Segundo ele, a função das patrulhas não é propriamente a de garantir a segurança patrimonial da escola, mas realizar um policiamento preventivo na área escolar. O conselho do comandante inclui medidas que todos os diretores já conhecem bem.

— Cerquem as escolas, mantenham os prédios de maneira adequada, com segurança física, e tenham alguém na escola em tempo integral.

Reforçado pelo governo do Estado no ano passado, o projeto PM Residente já prevê que um policial militar estabeleça sua moradia em alguma escola, tornando-se responsável pela segurança do estabelecimento. Mas o projeto, até agora, não representou uma solução. De acordo com a Secretaria Estadual da Educação, 129 escolas da Capital têm PMs residentes. Das 106 ouvidas pela reportagem, apenas 29 não registraram arrombamentos ou vandalismo.

Na Carlos Fagundes de Mello, a escola campeã de violência, o PM que tem casa ali limita-se a desligar o alarme quando ele dispara.

Fonte: Diário Gaúcho

 


Rainha Maria - Todos os direitos reservados
É autorizada a divulgação de matérias desde que seja informada a fonte.
https://www.rainhamaria.com.br

PluGzOne