11.12.2008 - O papa Bento XVI manifestou hoje sua "preocupação" pela "magnitude total" dos gastos militares atuais e afirmou que, em um mundo globalizado, só se constrói a paz se for assegurado um crescimento razoável, "já que as deturpações dos sistemas injustos fazem todos pagarem por elas, cedo ou tarde".
Assim afirmou o pontífice em sua mensagem por ocasião da Jornada Mundial da Paz, que será celebrada em 1º de janeiro de 2009.
O lema da mensagem, apresentada hoje no Vaticano pelo cardeal Renato Martino, presidente do Conselho Pontifício de Justiça e Paz, é "Combater a pobreza, construir a paz", e na mesma o papa diz que a pobreza está entre os fatores que favorecem ou agravam os conflitos e as guerras.
O bispo de Roma também destaca que a desigualdade entre ricos e pobres se tornou mais evidente nos últimos anos, até mesmo nas nações mais desenvolvidas".
"As deturpações dos sistemas injustos fazem todos pagar por elas, cedo ou tarde. Apenas o disparate pode induzir a construção de uma casa de ouro cercado pelo deserto ou pela degradação. Por si só, a globalização é incapaz de construir a paz. Mais ainda, em muitos casos, gera divisões e conflitos", afirmou o papa.
Bento XVI também se referiu à relação entre desarmamento e desenvolvimento, ao crescimento demográfico, às doenças pandêmicas e à crise alimentícia.
Sobre o desarmamento e o desenvolvimento, o papa denunciou que "é preocupante a magnitude total dos gastos militares na atualidade", já que os "ingentes" recursos materiais e humanos empregados nas despesas militares e nos armamentos tomam os que seria investidos em projetos de desenvolvimento dos povos.
"Um aumento excessivo da despesa militar corre o risco de acelerar a corrida armamentista, que provoca bolsões de desenvolvimento e de desespero, transformando-se em fator de instabilidade, tensão e conflitos", afirmou o papa, que convidou os países a "refletirem" sobre os motivos dos conflitos, "freqüentemente avivados pela injustiça".
A respeito do crescimento demográfico, o papa disse que "se diz" que o aumento da população influi na pobreza dos povos e que, com base nisso, são feitas campanhas para reduzir a natalidade, "com métodos que não respeitam a dignidade da mulher nem o direito dos cônjuges a escolher responsavelmente o número de filhos".
Fonte: ACI