Revista Veja: Aparições de Nossa Senhora de Medjugorje estão na mira do Vaticano


08.12.2008 - Reportagem da revista Veja, dezembro 2008.

O maior fenômeno de devoção católica surgido nos últimos trinta anos teve início em junho de 1981, quando os adolescentes Vicka, Ivan, Ivanka, Mirjana, Jakov e Marija afirmaram ter visto Nossa Senhora no céu de Medjugorje, vilarejo no sul da Bósnia-Herzegovina. Desde então, as aparições nunca mais cessaram, segundo eles. Por causa disso, a cidadezinha recebe peregrinos vindos de diversas partes do mundo. Calcula-se que 2 milhões de pessoas viajem anualmente ao vilarejo, em busca do conforto espiritual e das graças de Nossa Senhora de Medjugorje. No Brasil, a fé na Virgem da Bósnia é compartilhada por 1 milhão de pessoas. Elas se reúnem em grupos de oração, rezam o terço e fazem jejuns semanais. Tamanha devoção, no entanto, sofreu recentemente um golpe duro – e aplicado pela própria Igreja. O papa Bento XVI ordenou, no início do ano, o confinamento do padre franciscano Tomislav Vlasic, o líder espiritual dos videntes, em um monastério da Ligúria, na Itália. O religioso é apontado como "manipulador de consciências", "herege" e acusado de "doutrina dúbia e imoralidade sexual", entre outros crimes previstos pelo código canônico. Até que o processo seja concluído, o padre Vlasic permanecerá proibido de exercer suas funções eclesiásticas. Para muitos especialistas em Vaticano, no instante em que a Santa Sé colocou sob suspeita a idoneidade de Vlasic, ela passou a questionar com mais força a veracidade das aparições em Medjugorje. As autoridades da Igreja mantêm uma posição de reserva sobre o assunto. "Por enquanto, o Vaticano não aprova nem desaprova o fenômeno Medjugorje", diz Federico Lombardi, porta-voz da Santa Sé.

Os malfeitos de Vlasic datam de antes do início das visões em Medjugorje. Em 1976, seis anos depois de se tornar padre, ele engravidou uma freira chamada Rufina. Para evitar o escândalo, convenceu-a a partir para a Alemanha, sob o argumento de que, tão logo abandonasse o hábito, ele se juntaria a ela. Os meses passavam e nada de Vlasic cumprir a promessa. Inconformada, Rufina cobrou a palavra do padre por meio de cartas. Em resposta, ele desconversava, chegando a pedir à freira grávida para "seguir o exemplo de Nossa Senhora e aceitar seu destino em terras estrangeiras, comportando-se com discrição". História mantida em sigilo, Vlasic foi transferido da cidadezinha de Capljina para Medjugorje em setembro de 1981, quase em seguida à primeira aparição da Virgem, em junho. Orador hábil, pertencente à Renovação Carismática, movimento católico caracterizado por grupos de oração animados, missas coreografadas e cenas de transe místico, Vlasic transformou-se em conselheiro espiritual dos seis jovens videntes, também de famílias carismáticas. Coincidência ou não, foi a partir dessa aproximação que as visões adquiriram teatralidade. "Um exemplo: no momento em que afirmam falar com Maria, movem a boca como se falassem por ela", diz Cecília Mariz, professora de sociologia da religião da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

O sucesso de Vlasic em Medjugorje durou relativamente pouco. De acordo com uma reportagem assinada por Simon Caldwell na revista inglesa The Spectator, em 1984, algumas das cartas enviadas pelo padre à freira Rufina foram lidas pela locatária do apartamento onde ela vivia. Indignada, a mulher enviou a correspondência a Pavao Zanic, bispo da diocese de Mostar, na Bósnia, em cuja jurisdição está Medjugorje. Zanic, por sua vez, remeteu-a a um prelado alemão no Vaticano – ninguém menos do que o cardeal Joseph Ratzinger, que viria a se tornar o atual papa Bento XVI e então presidia a Congregação para a Doutrina da Fé. Em seu notório estilo blitzkrieg, Ratzinger mandou transferir Vlasic para a cidade italiana de Parma. Apesar de mais perto dos olhos de Roma, o padre continuou a divulgar as mensagens de Nossa Senhora de Medjugorje. No fim dos anos 80, ele criou a comunidade Rainha da Paz, Completamente Vosso. Sob sua liderança, integrantes do grupo passaram a relatar visões. Não só da Virgem, como de Jesus e até de extraterrestres.

Para além do comportamento suspeito de Vlasic, há outro motivo para a desconfiança da Igreja em relação ao fenômeno de Medjugorje. As aparições tiveram início um ano depois da morte de Josip Broz Tito, o ditador comunista que mantinha com mão-de-ferro a unidade da então Iugoslávia. Seu desaparecimento alimentou ainda mais as ambições de independência das repúblicas que compunham o país, entre elas a Bósnia. O que Nossa Senhora tem a ver com as confusões nos Bálcãs? Talvez não fosse essa a intenção da santa, mas o fato é que as visões no começo da década de 80 foram oportuníssimas do ponto de vista político: serviram para fortalecer os franciscanos locais, naquele momento fonte de apoio de grupos nacionalistas croatas de extrema direita que desejavam ampliar sua influência na Bósnia. Ou seja, num primeiro instante, as aparições levaram a que todo o esforço do Vaticano para enfraquecer os franciscanos na região fosse por água abaixo. "A notícia das aparições ajudou os integrantes da ordem a ganhar prestígio junto à população. Isso tornou tudo mais delicado para a Igreja", diz Carlos Steil, antropólogo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Como se não bastassem as estripulias do padre Vlasic e a oportunidade política das visões, Nossa Senhora de Medjugorje contraria a tradição que cerca a Virgem – o que redobra a desconfiança da Igreja em relação ao fenômeno. Em primeiro lugar, a Nossa Senhora de Medjugorje aparece (e fala) demais. A levar a sério os relatos dos seis videntes, ela já teria dado o ar de sua graça mais de 40 000 vezes nos últimos 27 anos – e em vários lugares, não só no vilarejo bósnio. "Maria, no Evangelho, é um exemplo de discrição e acolhimento", diz o vaticanista italiano Giancarlo Zizola. "Essas aparições em Medjugorje são um imbróglio." Discrição não é força de expressão: para se ter uma idéia, no Novo Testamento inteiro, há apenas seis frases atribuídas à mãe de Jesus, mais uma saudação a Santa Isabel.

Há outro elemento estranho: boa parte das mensagens de Nossa Senhora de Medjugorje está em desacordo com a imagem de Maria talhada por séculos de história. A santa bósnia pede que os videntes rezem pela paz, como as de Fátima e Lourdes, mas freqüentemente menciona um nome estranho ao universo da mãe de Jesus: Satanás. E de maneira bastante amedrontadora. Em 1917, por exemplo, quando Nossa Senhora de Fátima apresentou o inferno – um mar de fogo sobre o qual flutuavam e gemiam formas humanas –, as três crianças que descreveram a visão não ficaram aterrorizadas. Sentiram-se protegidas pela santa. No caso de Medjugorje, quando o mal é o tema das aparições, ele invariavelmente causa medo. Num dos relatos mais célebres, a vidente Mirjana mostrou-se horrorizada com as feições de Nossa Senhora. De acordo com ela, por alguns segundos, os olhos da Virgem permaneceram vazios de expressão. A explicação é que ela queria que Mirjana percebesse a diferença entre o mal e o bem. "A participação de Maria no Evangelho é sempre uma manifestação de amor e agradecimento, nunca de medo", diz Afonso Murad, professor de teologia do Centro de Estudos Superiores da Companhia de Jesus, em Belo Horizonte.

Hoje, Vicka, Ivan, Ivanka, Mirjana, Jakov e Marija estão na faixa dos 40 anos. Quatro deles permaneceram na Bósnia. Marija vive em Monza, na Itália, e Ivan, em Boston, nos Estados Unidos. Todos se casaram (Ivan com uma ex-miss Massachusetts), tiveram filhos e engordam a renda familiar com palestras sobre a Nossa Senhora de Medjugorje. Como algumas visões acontecem com hora marcada, é possível promover espetáculos em torno delas – que rendem a videntes e organizadores um bom dinheiro. Em 1997, durante uma visão na Califórnia, Ivan conseguiu arrecadar 70 000 dólares sob a forma de doações voluntárias.

Há três anos, formou-se um grupo de estudos, cujo núcleo é composto de trinta pessoas, entre leigos e religiosos, para analisar a veracidade do fenômeno. Conduzidos pela Pontifícia Academia Mariana Internacional (Pami), instituição ligada ao Vaticano, os trabalhos correm em segredo e estão previstos para acabar até o fim de 2009. "É extremamente remota a probabilidade de o veredicto ser favorável às aparições em Medjugorje", diz um dos vários consultores da Pami. A conclusão do grupo de estudos é peça fundamental para uma posição definitiva da Santa Sé em relação às visões de Medjugorje. O Vaticano, ressalte-se, é muito cuidadoso em relação a aparições em geral. Mesmo os fenômenos reconhecidos oficialmente só têm lugar para homenagens nos calendários nacionais da Igreja – o dia de Nossa Senhora Aparecida, por exemplo, é comemorado apenas no Brasil. Nenhum católico é obrigado a acreditar em aparições de santos. "Mas elas têm o papel fundamental de alimentar a fé", diz Afonso Soares, presidente da Sociedade de Teologia e Ciências da Religião e professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Mariano ardoroso – creditava à intercessão de Nossa Senhora de Fátima o fato de ter saído com vida do atentado na Praça de São Pedro, em 1981 –, o papa João Paulo II esteve na Bósnia por duas vezes e jamais colocou os pés em Medjugorje. "Foi o único grande local de peregrinação católica que não recebeu a visita dele", diz o padre Vicente André de Oliveira, diretor da Academia Mariana do Brasil e pároco do Santuário de Nossa Senhora Aparecida. Se um papa místico como João Paulo II não cedeu à popularidade da Virgem dos Bálcãs, só um milagre, e dos grandes, possibilitará que um papa cerebral como Bento XVI venha a reconhecer a sua legitimidade.  (fim)

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Resposta ao diretor da revista Veja pelo artigo reportado sobre Medjugorje

Fraternidade Monástica dos Discípulos de Jesus para a Glória de Deus Pai

São Paulo, 08 de dezembro de 2008

Egrégio Diretor da revista “VEJA”,

Sou o Prior de uma Fraternidade monástica nascida em Medjugorje e oficialmente aprovada pela Igreja Católica; somos de fato um "Priorado sui iuris".

Fiquei impressionado pelo artigo reportado em sua revista a respeito dos acontecimentos de Medjugorje, escrito pela jornalista Adriana Dias Lopes, onde se escreve inverdades e, me parece também, com a intenção de destruir as aparições de Medjugorje.
Em primeiro lugar quero convidar a jornalista a visitar-nos. Poderíamos fazer-lhe conhecer uma outra face de Medjugorje e talvez escrever um outro artigo fundamentado na realidade concreta da nossa experiência em Medjugorje.
Quero esclarecer três coisas que me parecem importantes (os demônios e outras coisinhas insignificantes, deixo de lado).

- O parecer da Ciência a respeito das aparições de Medjugorje.

A ciência contemporânea, dotada de sofisticados aparelhos, mostrou que os seis videntes de Medjugorje têm êxtases verdadeiros: os seis videntes são perfeitamente sãos, normais, sinceros. Durante os êxtases, realmente vêem, escutam e falam com uma realidade que a ciência não pode nem ver, nem escutar, sendo que pertencem a uma ordem diferente daquela natural.

No inicio das aparições os seis videntes foram examinados no hospital de Mostar por uma equipe de médicos e psicólogos ateus, pois estávamos ainda no regime Comunista e ditatorial de Tito. Tal equipe não teve objeções cientificas contra a experiência deles.

Em seguida foram examinados por uma equipe francesa guiada pelo Prof. H. Joyeux, depois por uma equipe italiana guiada pelo Prof. Spazianti e ainda por um grupo de especialistas italianos guiados pelo Prof. G.Ghilardi de Milão. Todos eles examinaram os seis videntes, especialmente no setor psiconeurótico, e todos chegaram às mesmas conclusões: os videntes são perfeitamente sãos, sinceros, não afetados de qualquer doença mental como epilepsia, esquizofrenia, alucinações, hipnoses, depressões.... A experiência deles vai além dos confins da ciência contemporânea.
Também eminentes teólogos e mariólogos, como por exemplo René Laurentin, o maior mariólogo vivente no mundo, interessaram-se pelos acontecimentos de Medjugorje sem encontrar nada para objetar. (René Laurentin, Il segno dell´amore di Dio, ed. Segno).
Tudo isso não é ainda fé, mas é o máximo apoio que a inteligência humana pode dar a quem quer acolher a Graça de crer.

- As diretrizes oficiais da Santa Sé a respeito de Medjugorje

A posição da Santa Sé, explicitada em vários Documentos, foi recentemente sintetizada por Sua Eminência o Cardeal Tarcisio Bertone, Secretário de Estado, no seu livro "A última vidente de Fátima" ed. Rai-Rizzoli - pag. 103-107. Sua Santidade O Papa Bento XVI quis valorizar o livro com sua pessoal prefação.

A tal respeito o Card. Bertone afirmou:

1. “As declarações do Bispo de Mostar refletem uma opinião pessoal, não é um juízo definitivo e oficial da Igreja". Bastaria esta declaração para cortar as pernas de todos os detratores de Medjugorje.”
2. "Tudo é reenviado às declarações de Zara dos Bispos da ex Jugoslavia de 10 de abril de 1991, que deixa a porta aberta a futuras indagações. A verificação deve, portanto, prosseguir". É a Santa Sé que a seu tempo não acolheu o julgamento do Bispo de Mostar e confiou o caso à Conferência Episcopal da ex-Iugoslávia . Esta última deixou a porta aberta a ulteriores indagações, sendo que as aparições continuam até hoje. Não é verdade, portanto, que a Conferência Episcopal da ex-Iugoslávia tinha expressado um julgamento negativo.
3. "No entanto, são permitidas as peregrinações privadas com um acompanhamento pastoral dos fiéis". As peregrinações privadas são aquelas organizadas privadamente pelos fiéis ou por agências laicas, e se especifica que estas peregrinações sejam acompanhadas por um sacerdote. Esse acompanhamento é muito importante, sobretudo para o serviço das confissões.
4. "Enfim, todos os peregrinos católicos podem ir a Medjugorje, lugar de culto mariano, onde é possível exprimir-se com todas as formas de devoção". Vem aqui reforçada a absoluta liberdade dos peregrinos para ir a Medjugorje, especificando que a Igreja o considera um lugar de culto mariano, onde é possível participar da Santa Missa, confessar-se, participar da "Via Crucis", da Adoração ao Santíssimo Sacramento e assim por diante.

Esta, Senhor Diretor, é a posição oficial da Santa Sé a respeito de Medjugorje, e estas são as suas diretrizes, expressadas pelo Cardeal Secretario de Estado e aprovadas pessoalmente pelo Santo Padre Bento XVI.

- O caso de padre Tomislav Vlasic

Padre Tomislav Vlasic é franciscano e foi coadjutor na paróquia de Medjugorje de 1981 até 1985. Ajudava o Pároco junto aos outros frades franciscanos. Ele se proclamou guia espiritual dos videntes, mas assim não era pela simples razão de que os videntes eram crianças que, juntamente com as outras crianças, freqüentavam a paróquia e faziam referimento aos padres da paróquia para se confessarem e pelas suas próprias vidas cristãs. Os seis videntes não tinham um guia espiritual particular, também por que a sua guia espiritual era Nossa Senhora. Como todas as aparições destes últimos séculos, as crianças que Nossa Senhora escolhia nunca tiveram guias espirituais, porque disso se ocupava diretamente Nossa Senhora. Isto aconteceu com Bernadete, Massimino e Melania e para os videntes de Fátima.

No que se refere ao Decreto da Congregação pela Doutrina da Fé de 25 de janeiro de 2008, devemos dizer que este decreto chega depois de uma longa inquirição que durou vários anos. A este decreto não foi dada nenhuma publicidade, para dar a possibilidade ao interessado de colocar em prática as diretrizes da Santa Sé. Sendo que essas diretrizes não foram cumpridas, a Santa Sé encarregou o Bispo de Mostar de tornar publico aquele decreto.

O texto do decreto, publicado no sito da Diocese de Mostar, exprime-se assim:

"No contesto do fenômeno Medjugorje este Dicastério está tratando do Rev. P. Tomislav Vlasic, OFM, originário desta região e fundador da agregação 'Krajice Mira, potpuno tvoji - pó Mariji k Isusu'. Com o decreto de 25 de janeiro de 2008, devidamente intimado, este Dicastério impôs severas medidas cautelares e disciplinares ao Rev. Vlasic. Noticias não infundadas, chegadas a esta Congregação, revelam que o religioso não tenha obtemperado, nem parcialmente à obediência eclesiástica pedida pela delicadíssima situação na qual se encontra, enquanto se sabe que desenvolve solerte atividade na Diocese de Mostar-Duvno e territórios pertinentes, dando vida a obras de religiões, edifícios e outro. Sendo que o Rev. Vlasic incorreu na censura do interdito 'latae sententiae' reservada a este Dicastério, peço a E.V., para o bem dos fiéis, informar a comunidade da condição canônica do P. Vlasic, e, no entanto, relacionar acerca da situação em mérito..."

A Santa Sé tinha, portanto, tomado as medidas cautelares em 25 de janeiro de 2008, mas, constatando que o padre Tomislav não tinha obtemperado a tais obrigações, mas prosseguido na sua atividade, a Santa Sé encarregou o Bispo local de publicar tais medidas cautelares, que foram tomadas nos seus confrontos.

No Decreto da Congregação está escrito que o Rev. P. Tomislav Vlasic é clérigo da Ordem dos Frades Menores - fundador da agregação "Kraljice Mira, potpuno tvoji - pó Mariji k Isusu" e envolvido no "fenômeno Medjugorje" - assinalado da Congregação "por divulgações de duvidosas doutrinas, manipulações de consciências, suspeito de misticismo, desobediência às ordens legitimamente emanadas e imputações contra ‘sextum’".

Padre Tomislav fundou uma agregação que nunca foi reconhecida pela Santa Igreja, diferentemente da nossa ou de outras comunidades reconhecidas pela Igreja. Uma dessas Comunidades está localizada no nordeste do Brasil, é a Comunidade Mariana "Oásis da Paz" Santuário Nossa Senhora Imaculada "Rainha do Sertão" Caixa postal 15 63900 QUIXADÁ - CE - BRASIL Tel-Fax: 0055.88-4121373 E-Mail: [email protected] endereço de e-mail está sendo protegido de spam, você precisa de Javascript habilitado para vê-lo

Nossa Fraternidade Monástica dos Discípulos de Jesus, está localizada em São Paulo, Capital, e fomos aprovados antes como 'Associação privada de fiéis, depois como associação pública e enfim como Priorado "sui iuris.". Esta agregação do P. Tomislav se chama "Rainha da paz, todos teus - por meio de Maria e Jesus", e foi criada à vontade desse franciscano. Segundo a Congregação pela Doutrina da Fé tal "agregação" de padre Tomislav está envolvida no "fenômeno Medjugorje".

Algumas pessoas vêem nesta expressão uma condenação de Medjugorje, o que não é verdade. Fala-se de um exame operado pela Doutrina da Fé no contexto do "fenômeno Medjugorje". Tomando por exemplo Fátima: no contexto do "fenômeno Fátima" foram numerosíssimas as seitas que nasceram em seguida às aparições aos três pastorinhos, mas que não têm nenhum relacionamento com eles.

As sanções contra o padre Tomislav são as seguintes:

1. Obrigação de morar em uma domus Ordinis da região Lombardia (e não Ligúria como se escreve no artigo de Veja), determinada pelo Ministro Geral da Ordem, a ocorrer em trinta dias da legitima intimação do presente decreto.
2. Está interditada qualquer relação com a Comunidade "Kraljice Mira" e com os seus membros.
3. É vetado efetuar negócios jurídicos e agir nos organismos administrativos, seja canônico, sejam civis, sem licença escrita 'ad actum' do Ministro Geral da Ordem e sob a responsabilidade do mesmo.
4. Obrigação de seguir um iter formativo teológico-espiritual com avaliação final e, prévio 'recognitio' deste Dicastério, emissão da 'profissio fidei'.
5. Está proibido o exercício das 'curas das almas', a pregação, de falar em publico e a faculdade de confessar, até a conclusão do quanto disposto ao número precedente, salva a avaliação em mérito.

Como pode ver, senhor Diretor, trata-se de um decreto severo. As heresias são gravíssimas, mas não tem nada a ver com os seis videntes de Medjugorje e as aparições.

A tal propósito, a vidente Marija Pavlovic declarou em 11 de julho de 1988 que não existe relacionamento algum entre a Comunidade do padre Tomislav e as aparições de Medjugorje. Trata-se de uma declaração publica, juramentada e enviada à Congregação pela Doutrina da Fé.

Este é o trecho da carta enviada pela vidente à Congregação pela Fé:

Encontro-me na necessidade moral de fazer na frente de Deus, de Nossa Senhora e da Igreja de Jesus Cristo, as seguintes declarações:

1. Dos textos "Uma chiamata nell´anno mariano" (uma chamada no ano mariano), e do testemunho que traz a minha assinatura, aparece que eu tinha trazido como resposta de Nossa Senhora a uma pergunta do padre Tomislav: "Este é um plano de Deus"; isto é, aparece que eu teria dado, por parte de Nossa Senhora, ao padre Tomislav a confirmação e a aprovação explicita da obra e do programa desenvolvido na Itália com o grupo de oração de Medjugorje.
2. Declaro que nunca pedi a Nossa Senhora uma confirmação qualquer da obra desenvolvida pelo padre Tomislav e Agnes Heupel. Nunca pedi explicitamente se eu deveria fazer parte desta obra, e nunca recebi de Nossa Senhora uma instrução qualquer a propósito de tal grupo, salvo que cada um devia ser livre para escolher por si próprio.
3. Dos textos e do testemunho que traz a minha assinatura aparece que Nossa Senhora me teria mostrado que a comunidade e o programa do padre Tomislav e Agnes Heupel eram a estrada de Deus para mim e para os outros. Agora repito que nunca recebi algo de Nossa Senhora sobre esta comunidade nem dei a padre Tomislav ou a qualquer outras pessoas uma tal confirmação e instrução por parte de Nossa Senhora.
4. O testemunho tal e qual é publicado em italiano não corresponde à verdade. Pessoalmente não tive nenhum desejo de fazer qualquer declaração por escrito.
5. Na frente de Deus, de Nossa Senhora e da Igreja de Jesus Cristo declaro que tudo o que pode ser percebido como confirmação e aprovação explicita da obra do padre Tomislav e Agnes Heupel por parte de Nossa Senhora, através de mim, é absolutamente estranho (alheio) à verdade e é também estranho à verdade que eu tenha tido o desejo espontâneo escrever aquele testemunho.
6. Creio como obrigação moral minha repetir na frente de Deus, de Nossa Senhora e da Igreja a seguinte declaração: Depois de sete anos de aparições cotidianas, depois das mais intima experiência que tenho da delicadeza e da prudência de Nossa Senhora, e das respostas às minhas perguntas pessoais, posso declarar que não é possível coligar as aparições de Medjugorje à obra desenvolvida pelo padre Tomislav e Agnes Heupel na Itália. É também necessário acrescentar que as aparições cotidianas continuam. Esta declaração a assino na frente do Santíssimo Sacramento e a destino a todos aqueles que estão ligados à Nossa Senhora de Medjugorje.
11.07.1988
Firmado: Marija Pavlovic

A conclusão que devemos tirar deste acontecimento, senhor Diretor, é um obrigado à Igreja. Se as conclusões destes acontecimentos chegaram ao fim é devido ao fato de que a Igreja aplica a parábola do joio e do trigo: agora o joio veio à luz, a Igreja o extirpou com este decreto, deixando que continue crescendo o trigo bom.
O que acontece agora? Acontece que os inimigos de Medjugorje utilizam este acontecimento para falar contra as aparições de Nossa Senhora, mas mostrei que tudo isso é pura instrumentalização. Assim fazendo, deveriam eliminar todas as aparições marianas que se verificaram no curso da História, por que em cada uma existiram contaminações deste tipo. Também em Lourdes aparecerem 50 falsas videntes ao lado de Bernadete, para não falar de Fátima, onde as seitas nem se contam mais, seitas que chegam a contestar a Santa Sé e até o Santo Padre.

E graças à prudência e à documentação da Igreja que chegamos a este decreto.
Espero ter tido útil para apurar a verdade. Obrigado por ter lido esta minha carta, um tanto longa, é verdade, mas necessária.

Despeço-me cordialmente no Senhor Jesus

Pe. Eugenio Maria Pirovano La Barbera, F.M.D.J
Prior

Fonte: http://www.mosteiroreginapacis.org.br
 


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