14.11.2008 - Na maioria dos casos, reclamar aos pais e diretores de escola não resolve.
Secretaria da Educação estuda medidas para ampliar autoridade em sala.
Professores da rede pública de ensino contam que sofreram agressões de estudantes dentro da sala de aula. Alunos afirmam que agrediram professores com socos e pontapés. Na maioria dos casos, reclamar aos pais e diretores não deu resultado e quem acaba afastado do trabalho é o professor.
Escondida atrás da porta, uma professora conta que foi atacada por alunos em 3 escolas em que trabalhou.
A última vez, em uma escola de ensino médio, ela foi torturada por 50 minutos. "Me fecharam na sala, me amordaçaram, colocaram minhas mãos para trás e amarraram. Ficaram furando com canetas de bico fino e lápis bem apontados", disse ela.
A professora conta que em todos os casos ao pedir ajuda ao diretor ouviu resposta negativa.
Afastada, a professora não tem coragem para voltar a lecionar. De casa, ficou sabendo esta semana do quebra-quebra em uma das escolas em que foi agredida.
Seis alunos da escola estadual Amadeu Amaral foram transferidos para outros colégios.
Eles foram identificados pela Secretaria de Educação como responsáveis pela briga entre alunos que acabou em depredação da escola, que fica no Belém, na zona leste da capital.
Marisete mora em frente à escola e o filho dela é aluno da 7ª serie. Nas reuniões de pais ouve relatos do comportamento dos alunos. Para ela, os abusos não são só indisciplina... são crime.
Cadeiras penduradas na janela, espalhadas pelo chão, salas de aulas destruídas. As fotografias exclusivas mostram como ficou a escola Amadeu Amaral depois deste episódio de vandalismo. A secretaria também divulgou o prejuízo que a depredação causou: R$ 180 mil reais.
Uma comissão estadual deve ser formada para criar um manual com instruções para os diretores que precisam agir diante da violência.
As novas orientações deverão trazer também mais autoridade para o professor em sala de aula.
Fonte; G1
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Lembrando...
Os alunos te enfrentam cara a cara. e ainda te ameaçam, diz professor afastado
07.07.2007 - Após 11 anos lecionando Educação Artística em uma escola do Alto da Moóca, zona leste de São Paulo, o professor Rodney Alfredo D'Annibale, 39 anos, abandonou a carreira de professor. Mais que isso, ficou 20 meses afastado do trabalho com um quadro de depressão, provocada, segundo ele, pelas agressões psicológicas sofridas no interior da sala de aula.
Na opinião dele, os problemas de dentro da sala de aula acabam influindo na vida cotidiana. "Os alunos te enfrentam cara a cara. Tiram sarro de você, saem da sala sem dar qualquer satisfação e ainda te ameaçam. Cansei de ouvir que algo ruim poderia me acontecer 'lá fora'", diz.
O professor lembra dos maus momentos que viveu em sala de aula. "As agressões psicológicas e verbais são contínuas. Isso vai estressando até chegar a um ponto que você se sente impotente para o trabalho. Emocionalmente você sai do seu eixo, não consegue dar uma boa aula", diz.
Ele diz que chegou a falar para a diretora do colégio que ou ia bater ou ia apanhar. "Se bato, sou processado, se apanho, fico no prejuízo." De acordo com o professor, "em uma aula de 50 minutos, você passa 30 minutos chamando a atenção dos alunos e sobram 20 para o ensino propriemante dito", diz.
Segundo ele, somente na escola em que trabalha, há cinco professores readaptados, ou seja, que hoje exercem outra função dentro da escola por problemas com alunos. Mas nessa função, também há problemas.
"Hoje a escola se tornou um ambiente não para o conhecimento, mas para namorar, beber, usar drogas. O professor, é, na maioria das vezes visto como um inimigo. Você até quer se aproximar, mas muitos alunos não deixam. É uma situação de extremos."
Redação Terra