31.10.2008 - NDIA - Dioceses no Estado de Chhattisgarh, que faz fronteira com Orissa, Estado devastado pela violência, decidiram se organizar contra os ataques de radicais hindus.
Membros da Igreja, incluindo jovens, assumiram a responsabilidade de serem os guardas de igrejas, instituições e dioceses em Ambikapur e Jashpur, afirmou o bispo Patras Minj de Ambikapur. “Até agora, não aconteceu nenhum incidente desagradável”, contou o bispo a UCA News no dia 10 de outubro.
As dioceses ficam próximas da fronteira com Orissa, onde a violência contra os cristãos começou em agosto e já deixou, pelo menos, 58 pessoas mortas.
O padre Emmanuel Kerketta, administrador da diocese de Jashpur, informou UCA News de que as pessoas estão vigiando as igrejas e dioceses em locais onde a maioria dos são pessoas da tribo Oraon.
Na catedral em Jashpur, o padre John Beck disse que, mesmo com a proteção da polícia na sua paróquia 24 horas por dia, 30 membros da igreja vêm diariamente das aldeias para guardar a igreja.
As 900 famílias católicas da paróquia vêm de 25 vilas, e não há medo entre os católicos nas aldeias.
Francis Tigga, que lidera a assembléia da diocese, disse que os paroquianos decidiram telefonar imediatamente, caso houvesse algum incidente desagradável.
Além disso, cada família terá um apito para alertar os vizinhos sobre qualquer tipo de ataque, e o sino da igreja será tocado, com o objetivo de reunir as pessoas. Em vez de fugirem por causa dos ataques contra os cristãos, os moradores da vila decidiram enfrentar isso de frente, Francis comentou.
Os paroquianos se reuniram recentemente na catedral de Ambikapur e decidiram formar grupos de vigilância em cada uma das 23 vilas atendidas pela catedral, para proteger os cristãos, suas casas e as instituições da igreja, contou o padre Deonis Xaxa. Sua paróquia em Ambikapur tem aproximadamente 15 mil membros.
Os líderes de várias vilas se dividiram em turnos para que possam proteger as instituições da igreja. Alguns deles sentam-se do lado de fora da igreja durante a missa, para observar os visitantes.
Em uma reunião ocorrida em 11 de outubro, os jovens da paróquia de Ambikapur selecionaram quatro líderes de cada vila para manter guarda nas igrejas nos cristãos.
Arvind Xalxo, líder jovem da paróquia, disse para UCA News que eles precisam fazer com que as pessoas se conscientizem do que está acontecendo em Orissa, pois muitos não têm noção da intensidade da violência cometida lá. “Se não forem informados, não farão nada”, alegou. Ele também disse que quer se encontrar com a juventude de outras denominações cristãs, para que aja mais cooperação.
Rajesh Toppo, de Ambikapur advertiu: “A organização hindu é forte. Nós ainda não estamos organizados”.
Justin Bara, 26, também de Ambikapur, esperava organizar um grupo de jovens para ir até Orissa estudar dados da violência. Ele informou UCA News que tem vontade de coletar dinheiro e ajudar aos necessitados daquela área.
Anto Pangadan, membro do grupo Juventude de Jesus, informou que muitos jovens estão irados com as atrocidades em Orissa. A violência fez com que eles se unissem para proteger a igreja e os cristãos, alegou. “É bom que a igreja organize a juventude”, concluiu.
Representantes do clérigo de Ambikapur, durante uma reunião em setembro, exortaram aos católicos a manter relações saudáveis com os seus vizinhos e a evitar ofender os sentimentos religiosos dos que declaram outra fé.
A irmã Neel Mani, que trabalha na diocese da estação missionária Sur, contou que os vizinhos hindus lhe garantiram proteção caso haja algum ataque. Ela disse que a polícia também prometeu ajuda.
Fonte: Portas Abertas
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Lembrando...
Violências anticristãs na Índia: casas incendiadas e Igrejas danificadas
25.09.2008 - Não param as violências anticristãs na Índia. Foi reforçado a aparato de segurança em algumas zonas do distrito de Kandhamal, no Estado indiano de Orissa, depois que na noite de ontem para hoje e esta manhã foram registradas novas violências com um balanço parcial de mais de uma centena de residências dadas às chamas e duas igrejas cristãs danificadas.
As autoridades impuseram o toque de recolher em ao menos nove áreas consideradas "sensíveis" e onde se corre o risco de novas violências, enquanto efetivos do exército e da polícia foram, desde ontem, enviados aos lugares das violências anticristãs.
Fontes da imprensa indiana referem que a situação no distrito de Kandhamal voltou a ficar extremamente tensa depois que nesta terça-feira uma multidão de pessoas circundou um posto policial no vilarejo de Raikia para pedir a libertação de alguns homens detidos por tentativa de ataque a algumas comunidades cristãs locais.
O protesto degenerou em confrontos com a polícia nos quais ao menos um manifestante foi assassinado e 25 pessoas ficaram feridas. Nas últimas 48 horas grupos de radicais voltaram a agir em várias zonas do distrito de Kandhamal.
As numerosas barreiras de controles feitas pelos grupos de agressores ao longo das principais ruas da área complicam ainda mais a situação, e estão atrasando a chegada das forças de segurança.
Desde o final de agosto o distrito de kandhamal registrou numerosos e graves atos de violência contra as comunidades cristãs (tanto católicas quanto protestantes) que, segundo um balanço confirmado pela Conferência Episcopal Indiana, provocaram a morte de 27 pessoas e danos ingentes.
Nas últimas semanas foram registrados episódios análogos _ embora de menor intensidade _ também nos Estados de Karnataka e Kerala, ambos no sul da Índia. Muitos observadores consideram que por trás da aparente motivação religiosa se escondam as ambições políticas dos grupos nacionalistas e de extrema direita, em vista das próximas eleições gerais no país. (RL)
Fonte: ACI