30.10.2008 - A documentação relativa ao Pontificado de Pio XII (1939-1958) no Arquivo Secreto Vaticano não se tornará pública até dentro de seis ou sete anos, informou hoje o porta-voz da Santa Sé Federico Lombardi.
Lombardi respondeu assim ao rabino David Rosen, que solicitou essa abertura ao ser recebido hoje pelo papa Bento XVI no Vaticano ao liderar a delegação do Comitê Judeu de Consultas Inter-religiosas Rosen disse que nas visitas de Bento XVI ao campo de extermínio de Birkenau, na Polônia, e recentemente em Paris, "Sua Santidade afirmou que o racismo foi também um ataque às raízes da própria igreja".
"Agradecemos aos cristãos por salvarem tantos judeus naqueles terríveis anos e reiteramos nosso respeitoso pedido para um total acesso a todo o material arquivado, de modo que as manifestações sobre as ações e a política daquele trágico período possam ter a credibilidade que merecem em nossas comunidades", disse Rosen.
Lombardi, em comunicado no qual não citou o pedido, manifestou que o Vaticano considera "compreensível e justificada" que solicitem a abertura desses arquivos.
Pio XII chefiou a Igreja Católica de março de 1939 a outubro de 1958 e muitos historiadores o acusam de anti-semita e de não se colocar contra o regime de Hitler, algo sempre negado pelo Vaticano.
O porta-voz do Vaticano precisou que o material pedido soma pelo menos 16 milhões de cartas, em 15.430 pastas e 2.500 embrulhos.
Como "o trabalho é longo e meticuloso e o pessoal especializado é limitado, o administrador regional do Arquivo Secreto, Sergio Pagão, afirmou que o tempo previsto é de pelo menos seis ou sete anos", assinalou Lombardi.
Em setembro de 2006, o Vaticano abriu ao público toda a documentação relativa ao Pontificado de Pio XI (1922-1939) existente no Arquivo Secreto vaticano, destacando documentos sobre a Guerra Civil Espanhola (1936-39), da Alemanha nazista e da Itália fascista.
O anúncio feito hoje por Lombardi acontece após o crescimento das críticas de rabinos e políticos israelenses à eventual beatificação de Pio XII, cujo processo está aberto e à espera de que o papa -em "etapa de reflexão", segundo o Vaticano- reconheça suas eventuais virtudes heróicas, primeiro passo rumo à santidade.
Fonte: Terra notícias