09.10.2008 - As autoridades no Hanói responderam a meses de vigílias de oração e manifestações católicas sobre terrenos disputados, destruindo a antiga residência do embaixador papal no centro de Hanói.
Ao avançar com máquinas sobre o lugar que uma vez serviu de embaixada e residência do Vaticano no dia 19 de setembro, perto da Catedral de São José, o governo quebrou a promessa feita em fevereiro a líderes católicos de negociar um acordo sobre a propriedade.
A destruição do edifício, considerado sagrado pelos católicos, foi o último golpe na longa luta dos cristãos para conseguir que o governo devolvesse propriedades confiscadas da igreja. Líderes religiosos católicos e protestantes consideraram que a resposta do governo às manifestações pacíficas foi um sério retrocesso para a liberdade religiosa.
Vigílias e orações contra a ocupação
No final do ano passado, os católicos começaram a realizar vigílias de oração do lado de fora da Embaixada do Vaticano há muito desocupada, sitiada pelo governo em meados dos anos 1950.
No dia 22 de setembro, a Agência de Notícias Vietnamita informou que a Igreja Católica havia cedido ao Estado a propriedade da Embaixada do Vaticano de Nha Chung em 1961, e que esta seria transformada em biblioteca e parque.
As vigílias diárias de oração realizadas pela manhã e à tarde começaram a atrair grandes multidões, especialmente aos sábados e domingos, quando milhares compareciam às missas na catedral. As autoridades do Vietnã, um país onde manifestações não são permitidas, ficaram seriamente preocupadas quando os avisos foram ignorados.
Em uma reunião com líderes católicos no final de fevereiro, o governo aceitou negociar um acordo com a condição de que tais líderes dessem fim às vigílias de oração. Em abril, o Arcebispo de Hanói, Ngo Quang Kiet, disse ao Compass que após concordarem com a formação de um comitê de trabalho conjunto, o governo não demonstrou sinceridade em construir alianças ou apaziguar as desavenças.
No final de agosto, um assessor do arcebispo disse ao Compass que as duas vigílias diárias de oração haviam recomeçado. Naquele momento, um total de 100 pessoas, aproximadamente, participava de cada encontro, mas a freqüência e a intensidade cresciam. Os líderes católicos não fizeram nenhum segredo de seu apelo à oração e reuniram pessoas como seus únicos instrumentos na luta contra o governo.
Nas últimas semanas, os Redentoristas de Thai Ha, também em Hanói, começaram igualmente a fazer vigílias de oração para recuperar algumas de suas grandes propriedades. Durante anos, parte da sua planta original de 60 mil m2 foi reduzida a menos de 2 mil m2, por causa de confiscos do governo.
De acordo com observadores, os católicos portaram-se com decência e ordem, caminhando, orando e cantando com reverência durante as suas vigílias. A resposta do governo, contudo, passou de acusações contra interferência no tráfego e perturbações noturnas da ordem pública a acusações de que os líderes católicos incitavam tumultos e infringiam leis religiosas.
Advertência aos líderes católicos
Essa semana, as autoridades entregaram um aviso por escrito ao arcebispo Kiet, alertando-o de uma “ação extrema”, caso não encerrasse as vigílias diárias de oração. Eles também emitiram um aviso a quatro padres de uma igreja em Hanói envolvida na disputa da propriedade. O arcebispo e os sacerdotes são acusados “de agitar a população” e de encorajar a prática de atividades religiosas ilegais.
As manifestações passaram de 7 mil para 10 mil pessoas, incluindo estudantes reunidos em Thai Ha, na noite de 24 de setembro. Supõe-se que essa tenha sido a maior manifestação pública desde a unificação Comunista do Vietnã há 33 anos.
À tarde, centenas de policiais tentaram controlar uma multidão de católicos, enfurecida com a remoção de uma estátua de Maria na área da Embaixada do Vaticano. Segundo fontes, no dia seguinte, as autoridades recrutaram grupos que incluíam membros da liga juvenil comunista e os conduziram até o local, onde atacaram os manifestantes católicos fora da residência do arcebispo.
Grupos similares destruíram propriedades, incluindo itens sagrados em Thai Ha, no mesmo dia.
Fonte: Portas Abertas
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Lembrando...
Vietnã: governo promete água potável a qualquer cristão que negar Cristo
27.09.2007 - VIETNÃ - Aldeões cristãos enfrentam duras pressões no interior do Vietnã, inclusive falta de água para beber. "Em muitas aldeias, são negados aos cristãos o acesso a poços locais. Muitos estão em necessidade desesperada de beber água potável, principalmente os missionários”, disse uma fonte que não quis se identificar.
“O governo local prometeu água potável a qualquer cristão que negar Cristo", informou a Missão de Ajuda Cristã baseada nos EUA, que trabalha para prover o bem estar dos cristãos que ali vivem de forma precária.
Outro tipo de pressão inclui a expulsão de escolas, segundo a agência de notícias cristãs Compass Direct.
Recentemente, uma escola primária no Vietnã central negou entrada a um menino da quinta série porque ele é cristão (leia mais).
Governo nega denúncia
Autoridades vietnamitas negaram os abusos. "O governo vietnamita sempre respeita e protege os direitos humanos, inclusive os direitos para liberdade de expressão, liberdade de imprensa e liberdade de religião e convicções", disse o Ministério Exterior vietnamita em um comunicado.
Porém, a Fundação Montagnard e outros grupos de direitos humanos que atual no Vietnã sustentam que mesmo permitindo reformas econômicas, o governo comunista do Vietnã tem sido relutante em permitir mais liberdade religiosa, por temer que isso possa arruinar sua base de poder, ancorada em uma ideologia ateística.
Em um documento interno do Centro para Assuntos Religiosos de Hanói, que chegou às mãos de membros da Fundação Montagnard, está escrito: “Ameacem todos os que forem hostis e extremamente resistentes, e denunciem-nos publicamente aos cidadãos, explicando as atividades que eles realizam para destruir o país, enquanto dividem grupos étnicos “.
Detenção de mulher cristã
A polícia de segurança vietnamita prendeu outra líder de uma igreja doméstica, identificada como Puih H"Bat porque ela recebia "alguns dos amigos da aldeia em sua casa para leituras da Bíblia e oração", disse a Fundação Montagnard.
“Ela foi levada à prisão de Ia Grai, no distrito da província de Gialai", mas foi libertada dois dias depois.
A mulher, cujo marido mora na Carolina do Norte, nos EUA, foi forçada a assistir a um vídeo de Siu Kim pregando em sua igreja e se negando a recusar sua fé, apesar da pressão policial.
"Nós agradecemos a Deus porque neste tempo a polícia vietnamita não a torturou como fizeram a tantos outros durante a detenção”, disse um representante da fundação.
Fonte: PortasAbertas.org.br