03.10.2008 - A China negou autorização para que bispos chineses viajem para uma reunião eclesiástica em Roma, disse um porta-voz do Vaticano na sexta-feira, num sinal de novos atritos entre o regime comunista de Pequim e a Igreja Católica.
O padre Federico Lombardi disse que a China deixou claro em contatos preliminares que não haveria autorização para as viagens. Já os bispos de Macau e Hong Kong, territórios chineses com maior autonomia, poderão participar do sínodo, que começa no domingo e dura um mês.
"(Houve) negociações com as autoridades chinesas para ver se outros bispos da China continental viriam. Ficou claro que não haveria acordo e que eles não viriam", disse Lombardi.
O regime comunista não reconhece a autoridade do papa sobre os católicos, que precisam se submeter a uma Igreja "oficial". Há 8 a 12 milhões de católicos na China, que se dividem entre o culto autorizado e a lealdade "clandestina" ao papa.
O veto à participação dos bispos chineses no sínodo surpreende por contradizer alguns sinais de reaproximação vistos neste ano.
Em agosto, o bispo de Hong Kong representou o papa Bento 16 na cerimônia de abertura da Olimpíada, e em maio a Orquestra Nacional da China se apresentou para o pontífice num inédito concerto no Vaticano.
A melhoria das relações Vaticano-China é uma das prioridades do pontificado de Bento 16, com vistas à eventual restauração de relações diplomáticas, rompidas dois anos depois da ascensão do regime comunista, em 1949. A China exige que a Igreja rompa relações com Taiwan, que Pequim considera ser uma província rebelde.
O sínodo, com discussões sobre as escrituras bíblicas, contará pela primeira vez com a participação de um judeu, o rabino Shear-Yashuv Cohen, de Haifa (Israel), que no dia 6 comandará um debate sobre a interpretação judaica dos textos sagrados.
Em um evento paralelo ao sínodo, o papa será a primeira das 1.200 pessoas a participarem de uma leitura ininterrupta da Bíblia, que deve durar quase uma semana e ser transmitida pela TV estatal RAI. Ele lerá um trecho do Gênesis.
O rabino-chefe de Roma, Riccardo di Segni, deveria ler o trecho seguinte ao do papa, mas desistiu no mês passado, alegando que o evento havia se tornado "católico demais".
Serão lidos todos os 73 livros da Bíblia católica. Cada orador lerá por 5 a 8 minutos.
Fonte: Terra notícias
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Lembrando...
Perseguição: Bispo é detido na China durante missa
25.08.2008 - A polícia chinesa deteve em uma igreja da província de Hebei o bispo de Zhending, Giulio Jia Zhiguo, que esteve em prisão domiciliar durante os Jogos Olímpicos de Pequim.
A detenção aconteceu no domingo, quando o prelado rezava uma missa na catedral de Wuqi, ato para o qual contava com a permissão das autoridades.
Os católicos da China estão divididos entre os que pertencem à Igreja oficial - controlada pelo governo comunista - e a clandestina, em comunhão com Roma e não autorizada pelo Governo chinês.
Monsenhor Giulio Jia Zhiguo, principal dirigente de uma diocese com 110 mil fiéis e várias dezenas de sacerdotes e freiras, passou 15 anos na prisão, entre 1963 e 1978, e nos últimos anos foi detido e libertado pelo Governo chinês pelo menos 11 vezes.
Durante os Jogos Olímpicos realizados na China, ele foi um dos bispos submetidos à prisão domiciliar e vigilância contínua, uma medida decretada pelo Executivo para "evitar tensões".
As autoridades chinesas proibiram ainda a realização de "reuniões cristãs", apesar de milhares de fiéis de Zhending terem ido no domingo, último dia dos Jogos Olímpicos, à catedral para assistir à missa dominical.
Perante esta situação, a Polícia ordenou ao bispo que rezasse a cerimônia "para evitar enfrentamentos", apesar de Jia Zhiguo não ter podido concluir a missa, já que foi detido durante a sua celebração.
Fonte: Terra notícias
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Lembrando...
Perseguição a cristãos na China são duas faces da mesma moeda
09.08.2008 - CHINA - No final de julho, desapareceram mais dois padres da Igreja Católica clandestina da China, depois de terem sido detidos. Ao mesmo tempo, o governo promete distribuir gratuitamente 50 mil Bíblias a atletas e turistas e são batidos recordes de impressão da Bíblia no país, em exemplares destinados aos cristãos chineses.
operação de distribuição de Bíblias pretende calar as vozes dos que condenam a política da China no que diz respeito ao direito de professar uma religião. Relatórios sucessivos sobre a liberdade religiosa no mundo têm colocado a China na lista dos países que mais atentam contra este direito fundamental.
A Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), uma organização internacional dependente do Vaticano, mas com autonomia de funcionamento, lançou uma campanha de apoio aos católicos na China, para a fazer coincidir com os Jogos Olímpicos. Notando um enorme crescimento do número de católicos - a cada ano, há cerca de 100 mil novos batismos -, a instituição nota, no entanto, que essas pessoas correm "muitos riscos", quando decidem tornar-se cristãs e que "a perseguição continua".
Relatório sobre liberdade religiosa
A AIS, que tem publicado anualmente um relatório sobre a liberdade religiosa no mundo, afirma que, atualmente, há "pelo menos 12 bispos" detidos "em prisão domiciliar, na prisão ou forçados a viver na clandestinidade".
Na China, há uma estrutura católica clandestina e uma outra - a Associação Católica Patriótica - que é controlada pelo Governo comunista. Mesmo assim, esta não se "livra de sofrer também violências e abusos", lê-se no relatório de 2006 (o último disponível).
Mas as perseguições e ameaças atingem por igual cristãos (católicos e protestantes), muçulmanos, budistas (como no caso do Tibete) ou membros de grupos como a Falun Gong.
Estimativas do Vaticano apontam para a existência de 12 milhões de católicos na China, cerca de 1% da população do país. As Bíblias que serão distribuídas durante os Jogos são bilíngües, mas não ficará por aqui a operação de simpatia para com os crentes cristãos: igrejas e lugares de culto na capital e nas restantes cidades olímpicas ficarão abertos à disposição de quem queira, ao contrário do que é normal.
Fonte: Portas Abertas