Sexualização precoce empurrando meninas para a depressão e problemas físicos


04.09.2008 - “Quando eu tinha 11 anos, li uma revista de adolescentes pela primeira vez e foi quando clicou em mim, ‘eu tenho de ser desse jeito também’”, diz uma menina que respondeu à pesquisa de um estudo feito pela organização de escoteiras Girlguiding UK e pela Fundação de Saúde Mental, que revelou três principais “precipitadores” potenciais para sérios problemas de saúde mental em meninas: sexualização prematura, comercialização e uso de drogas.

De forma mais geral, o estudo revela uma perda da inocência das crianças e diz que as meninas de hoje experimentam elevados níveis de “estresse, ansiedade e infelicidade”. O estudo constatou que a sexualização prematura e pressão para crescer cedo demais são duas “influências principais” na ansiedade que as meninas sentem.

“Os avanços sexuais dos meninos, a pressão de vestir roupas que as façam parecer mais velhas e revistas e sites que orientam as meninas para perder peso ou considerar cirurgia plástica foram identificados como cargas pesadas”, diz o estudo.

O Dr. Andrew McCulloch, chefe executivo da Fundação de Saúde Mental que trabalhou no estudo, disse: “Meninas e moças estão sendo forçadas a crescer a um ritmo não natural numa sociedade que nós, como adultos, criamos e isso está prejudicando o bem-estar emocional delas”.

“Estamos forçando nossas jovens a crescerem rápido demais e não estamos lhes dando os espaços e experiências que elas precisam para serem seguras e confiantes. Estamos criando uma geração sob estresse”.

O estudo, comissionado pela Fundação de Saúde Mental e pela organização de escoteiras, questionou 350 escoteiras de 10 a 14 anos e inclui entrevistas detalhadas com adolescentes de toda a Inglaterra. Dois terços das meninas pesquisadas online sentem “revolta e tristeza” pelo menos em parte do tempo e metade acha difícil lidar com esses sentimentos. Um quarto fica “muitas vezes preocupada, enquanto metade acha difícil lidar com sua ansiedade.

Muitas das meninas disseram que têm amigas ou membros da família que sofreram problemas de doença mental. Dois quintos conhecem alguém que provocou lesões no próprio corpo, um terço tem uma amiga que sofreu de desordem alimentar e quase duas em cinco conhecem alguém que teve experiência com ataques de pânico. Muitas sentem que provocar lesões físicas em si poderia estar dentro do espectro de “conduta adolescente típica” e que não é necessariamente sintoma de um problema de saúde mental. Um quarto disse que conhecem alguém que usou drogas ilegais, enquanto dois quintos tiveram a experiência de alguém que bebia álcool demais.

As meninas vêem as famílias que apóiam e os grupos de amizade como os “fatores mais importantes” ao lidar com esses problemas.

Esse estudo mais recente apóia pesquisas anteriores conduzidas pela organização de escoteiras que constatou que as meninas estão particularmente sob pressão para se parecerem com celebridades que elas vêem nas revistas e na televisão. Dois terços das meninas confessaram que se sentiam piores acerca de si mesmas quando viam fotos de modelos nas revistas e na TV.

Uma pesquisa anterior de membros da Girlguiding UK constatou que os papéis modelos mais citados pelas moças entre 10 e 25 anos incluíam a esqueleticamente magra Victoria Beckham, uma ex-cantora de Spice Girls e esposa da super-estrela do futebol David Beckham, a cantora inglesa Leona Lewis, Kate Moss, a “supermodelo” que pioneirou o estilo “heroin chic waif look” na década de 1990, e a cantora Amy Winehouse, uma viciada em crack cujos problemas com álcool e conduta autodestrutiva se tornaram notícia dos tablóides desde 2007.

Quarenta e quatro por cento admitiram que conseguiam se lembrar mais de esposas e namoradas de jogadores famosos de futebol do que de mulheres na política. Quarenta e dois por cento das moças pesquisadas mencionaram as celebridades como a maior influência nas meninas e mulheres jovens.

“As jovens de hoje enfrentam uma nova geração de pressões que deixam muitas sofrendo estresse, ansiedade e infelicidade”, disse a Guia Chefe Liz Burnley. “Todos nós que nos importamos com as moças temos uma parte a desempenhar em ajudá-las a achar uma saída para essas exigências conflitantes para construir a confiança que elas precisam para ser si mesmas”.

Em 2007, um relatório da Associação Americana de Psicologia (AAP) recomendou a remoção de todas as imagens ‘sexualizadas’ de mulheres nos meios de comunicação, chamando-as prejudiciais para a auto-imagem e desenvolvimento saudável das meninas.

A Dra. Eileen L. Zurbriggen, que dirige a força-tarefa da AAP que conduziu o estudo, disse: “As conseqüências da sexualização das meninas nos meios de comunicação são bem reais e provavelmente são uma influência negativa no desenvolvimento saudável das meninas”.

“Temos ampla evidência para concluir que a sexualização tem efeitos negativos numa variedade de domínios, inclusive o funcionamento cognitivo, a saúde física e mental e desenvolvimento sexual saudável”.

Traduzido e adaptado por Julio Severo: www.juliosevero.com


Fonte: LifeSiteNews
 


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