28.08.2008 - A mudança climática pode provocar a morte de milhões de pessoas nos próximos 20 anos em razão de seus efeitos sobre a nutrição e as doenças, segundo especialistas reunidos em Libreville para uma conferência interministerial sobre a saúde e o meio ambiente na África.
"Hipócrates já dizia que, para estudar medicina, é preciso estudar o clima. A mudança climática teria efeitos diretos e indiretos sobre a saúde das pessoas. Diretos com os desastres, as inundações, as secas, mas também indiretos com as doenças", analisou a doutora espanhola Maria Neira, diretora do departamento de Saúde pública e meio ambiente da Organização Mundial da Saúde (OMS).
"Entre a segunda metade dos anos 1970 e os anos 2000, a mudança climática foi responsável por aproximadamente 150.000 mortes suplementares por ano. Ela atingiu de modo esmagador as populações mais pobres. Segundo nossas estimativas, os dados devem aumentar, e ainda estamos considerando apenas uma parte das causas (de mortes decorrentes da mudança climática). É somente a parte imersa do iceberg", afirmou à AFP o pesquisador Diarmid Campbell-Lendrum, especialista do assunto na OMS.
"Neste ritmo, o número de mortos, causados diretamente pela mudança climática, ficará em milhões daqui 20 anos", disse paralelamente à conferência interministerial sobre a saúde e o meio ambiente na África, que está sendo realizada esta semana.
A malária, por exemplo, deixa um milhão de mortos por ano e atinge vários milhões de pessoas. "Já temos um grande problema de malária, e a mudança climática vai torná-lo ainda mais difícil. A temperatura influencia sobre a sobrevivência dos mosquitos e sobre os parasitas (que transmitem a malária) dos mosquitos. Em geral, quando mais calor, mais alta é a taxa de infecção", explicou o doutor Campbell-Lendrum.
Com o aumento das temperaturas e do número de inundações, a malária já está aparecendo em regiões que ainda não tinham registrado casos da doença. Outra fonte de preocupação, as doenças diarréicas. Neste caso, a temperatura desempenha um papel crucial.
"Em inúmeros casos, a bactéria que infecta a água ou o alimento sobrevive melhor a uma temperatura mais elevada. Mas, o aumento do número de inundações e, sobretudo, das secas, vai contaminar as fontes de água. Por exemplo, em períodos de seca, as pessoas estocam água durante muito tempo e lavam menos as mãos", explicou o pesquisador.
"Uma de nossas maiores preocupações é a subnutrição. Este é o principal fator de má saúde e ela mata 3,5 milhões de pessoas por ano. (Com a mudança climática), a produção de alimentos deve aumentar ligeiramente em países ricos, mas deve cair em torno do Equador. Os que mais precisa de alimentos terão menos", destacou o doutor Campbell-Lendrum.
No entanto, como destacou Banon Siaka, um engenheiro de Burkina Faso, "concordamos com esta constatação, mas existe um desafio: como se desenvolver e poluir menos? É difícil".
"Os países africanos são os que menos contribuíram para a mudança climática e são eles que sofrem mais", disse a doutora Neira. "Nós não queremos em caso algum comprometer a luta contra a pobreza nos países mais pobres. Os países ricos, que contribuíram para a maior parte do problema, devem dar o primeiro passo", afirmou o doutor Campbell-Lendrum.
"Exemplos de desenvolvimento durável podem permitir também reduzir as emissões de fases do efeito estufa e melhorar a saúde", garantiu. "Não é uma escolha entre desenvolver e não desenvolver, mas como desenvolver"
Fonte: Terra notícias
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Lembrando...
Pobres são deixados de lado nas soluções para a mudança climática
19.03.2008 - O mantra das empresas e políticos no mundo desenvolvido é o de que a tecnologia fornecerá a solução para o aumento global das emissões. Eles dizem que na verdade o combate ao aquecimento global pode ser bom para os negócios.
A General Electric imediatamente reivindicou ser uma líder ambiental ao vender turbinas eólicas. O Wal-Mart está se tornando verde ao pedir aos seus fornecedores para que avaliem suas emissões enquanto produzem produtos Wal-Mart. Negociar as emissões de carbono certamente pode ser lucrativo: em um mês de péssimas notícias financeiras nos Estados Unidos, a Climate Exchange (bolsa do clima), que administra a Chicago Climate Exchange, viu um aumento de suas ações em mais de 20%.
"Nós acreditamos que a tecnologia pode ajudar a resolver algumas destas questões de energia limpa, e que no final, ao fazê-lo, poderemos ganhar dinheiro para nossos investidores", disse Jeff Immelt, o executivo-chefe da General Electric, em uma conferência na Califórnia neste mês.
Mas turbinas eólicas, carros híbridos e mercados de carbono são soluções feitas pelo mundo desenvolvido para o mundo desenvolvido. Elas ignoram um grande pedaço do quebra-cabeça da mudança climática: como melhor ajudar as pessoas no mundo em desenvolvimento que já estão sentindo os efeitos do aquecimento global.
"Há uma tendência de encontrar soluções por meio de intervenções tecnológicas e soluções de alto investimento, o que é complicado porque nem sempre funcionarão para os países pobres", disse Gonzalo Oviedo, autor de um poderoso relatório sobre o efeito da mudança climática sobre os pobres no mundo em desenvolvimento, divulgado nesta semana pela União Internacional para a Conservação da Natureza. "O que estamos dizendo é que em muitos países pobres há um alto grau de vulnerabilidade, que exige outros tipos de soluções."
O mundo está correndo para imaginar como reduzir as emissões com a ajuda de tecnologia. Ele tem feito muito menos para ajudar os pobres a se adaptarem. O relatório "Povos Indígenas e Tradicionais e a Mudança Climática" inclui o tipo de catálogo de sofrimento relacionado ao clima que já está ocorrendo entre os povos mais pobres do planeta.
No oeste da Nicarágua, a mudança climática deixou aldeias isolada de suprimentos cruciais, já que o rio que servia como via de abastecimento está baixo demais para ser navegado. "Suprimentos básicos como sal e água potável não mais conseguem chegar às aldeias", diz o relatório. "Além disso, o baixo volume de água significa que a poluição se torna concentrada e as pessoas ficam mais suscetíveis à cólera e tuberculose."
Entre os baka de Camarões, as chuvas ficaram menos regulares e difíceis de prever. "Mulheres que normalmente pegam peixes nas barragens construídas próximas de pequenos rios na estação seca freqüentemente não mais conseguem, à medida que os padrões de cheia dos rios mudam", diz o relatório.
Em Bangladesh, uma elevação do mar de 1,5 metro submergiria 22 mil quilômetros quadrados de terra e deslocaria 17 milhões de pessoas extremamente pobres, mais de 15% da população. Para onde irão?
Em Nova York nesta semana, eu me deparei com meu próprio pequeno problema ligado ao clima: devido à escassez global de grãos, criada em parte pela corrida aos biocombustíveis, o preço de um bagel subiu de 60 centavos para US$ 1,20 no ano passado. Os nova-iorquinos estão todos perplexos com o aumento, mas ele empalidece diante destes problemas maiores.
Em grande parte do mundo em desenvolvimento, a resposta à mudança climática exigirá um bocado de investimento em idéias de baixa tecnologia, não bilhões despejados em alta tecnologia, disse Oviedo. Os retornos serão em vidas humanas e na preservação de espécies e culturas ameaçadas -em vez de bons lucros nas opções de carbono.
O relatório da União Internacional para a Conservação da Natureza também aponta que os povos indígenas precisaram se adaptar às mudanças nos padrões climáticos por milhares de anos, de forma que sugere que os países ricos deveriam aprender com a experiência deles. (As turbinas eólicas evoluíram a partir dos modestos moinhos de vento.)
"Ao fazer planos, aqueles que tomam decisões deveriam aprender com os povos indígenas e suas estratégias -este é um novo campo de pesquisa e há vários bons exemplos", disse Oviedo.
Durante anos de baixa precipitação, por exemplo, várias culturas no Norte da África restringiram severamente que gado pastasse. A relva deve ser cortada no campo e os animais alimentados fora do pasto para impedir o uso excessivo de recursos.
Igualmente, aldeias na América do Sul construíram canais subterrâneos de pedra para coleta de água, para que esta não evaporasse enquanto se movia de um lugar para outro. "O problema é que no momento em que são mais necessárias, estas práticas tradicionais estão desaparecendo", ele disse.
Atualmente, a resposta internacional à mudança climática defende grandes projetos para redução das emissões globais. Há incentivos generosos para conversão de usinas de força a carvão na China para tecnologia mais limpa, por exemplo, mas não há encorajamento para outra causa: ajudar uma aldeia rural na África a se adaptar às temperaturas mais quentes e à degradação de suas terras em deserto.
"É difícil imaginar como financiar este tipo de coisa, mas é absolutamente fundamental", disse Oviedo.
Fonte: UOL notícias
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Lembrando...
Partilhando sofrimentos dos mais necessitados, tornamos-nos mensageiros do Evangelho da caridade.
23.02.208 - Cidade do Vaticano - Bento XVI expressou, esta manhã, a uma delegação do Círculo de São Pedro, gratidão e afeto pelas obras de caridade e assistência aos doentes. A audiência teve lugar na Sala dos Papas, no Vaticano.
Deus nos chama a traduzir a fé e o amor que temos por Ele em gestos diários de atenção às pessoas que encontramos, "especialmente aquelas que atravessam momentos de provação, porque no semblante de cada pessoa, ainda mais se necessitada, brilha a face de Cristo", disse o Santo Padre.
O testemunho dos valores da fé cristã, a caridade para com os pobres e o serviço em favor dos doentes sempre animaram desde a fundação, há 139 anos, a obra do Círculo de São Pedro. Recordando essa rica e preciosa colaboração, o pontífice agradeceu a esse antigo sodalício pelo "admirável zelo apostólico" e pelo "silencioso quanto eloqüente testemunho evangélico".
"O serviço que o Círculo de São Pedro presta constitui, em suas várias articulações, um apostolado muito apreciado e oferece um constante testemunho do amor que vocês nutrem pela Igreja e, em particular, pela Santa Sé."
No dia em que a Igreja celebra a festa da Cátedra de São Pedro, com a qual se dá graças a Deus pela missão confiada ao apóstolo e a seus sucessores, Bento XVI ressaltou os esforços feitos, em nome do papa, para responder às necessidades de tantos pobres que vivem na cidade de Roma.
Ademais, o Santo Padre agradeceu à delegação do Círculo pela entrega do óbolo de São Pedro, "uma concreta ajuda oferecida ao papa para que possa responder às tantas solicitações que lhe chegam de todas as partes do mundo, especialmente dos países mais pobres".
O Círculo de São Pedro, fundado em Roma em 1869, é fruto do entusiasmo dos jovens da alta burguesia e das nobres famílias que queriam demonstrar a sua fidelidade ao pontífice. (RL/BF)
Fonte: Rádio Vaticano
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