Paquistão: governo muda, mas não muda marginalização dos cristãos


21.08.2008 - Ainda que o governo no Paquistão mude, não mudará a marginalização dos cristãos no país, pois suas causas são profundas, considera um sacerdote educador no país.

Por ocasião da renúncia do presidente paquistanês Musharraf, o Pe. Miguel Ruiz, reitor de uma escola técnica da ordem dos Salesianos, construída em Lahore (Dom Bosco Technical Center), fez uma análise da situação em uma visita à sede da associação católica internacional Ajuda à Igreja que Sofre.

O sacerdote a ssinala que a pressão exercida sobre os cristãos diminuiu sob Musharraf, mas que este mandatário estava de pés e mãos atados pelas ameaças de distúrbios lançados por círculos islâmicos fundamentalistas.

Concretamente, os cristãos vivem continuamente ameaçados pela possível acusação de blasfêmia contra o islã, uma pena que é profusamente empregada para levar os cristãos aos tribunais, e que pode levar à pena de morte.

Na opinião do Pe. Ruiz, o motivo real da opressão dos cristãos reside na grande pobreza da população, que impede que muitos pais possam facilitar a seus filhos (geralmente numerosos) uma formação escolar, ou que os leve a confiá-los às babás, que em sua maioria não estão sujeitas a nenhum tipo de controle estatal.

Jovens delinqüentes de 12 ou 13 anos acabam nessas escolas corânicas, onde, como assinala o sacerdote, «sua paixão, energia e frustrações são canalizadas ao ódio».

Mas o fato de que os cristãos paquistaneses sejam considerados o estrato inferior da sociedade não é, segundo o Pe. Ruiz, culpa do Islã, mas uma seqüela do sistema de castas hindu, da qual se envergonham muitos muçulmanos, pois vários deles ocuparam essa mesma posição antes da independência do Estado do Paquistão da Índia, sendo vítimas da discriminação e do desprezo.

O salesiano, de origem espanhola, lamentou, em sua visita à sede internacional de Ajuda à Igreja que Sofre, que as crianças cristãs paquistanesas tivessem pouco acesso ao sistema educativo e a uma formação escolar superior.

Em parte, nem sequer podem entrar em centros de formação superiores da Igreja por não passar nos vestibulares estipulados pelo Estado, entre outros motivos, porque carecem de suficientes conhecimentos de inglês.

Por isso, precisou o sacerdote, é necessário que a Igreja encontre a forma de facilitar a seus fiéis o acesso ao sistema educativo.

O sonho desse sacerdote católico é fortalecer o trabalho com os jovens no Paquistão e trabalhar também com jovens delinqüentes, para que não sejam educados para o ódio pelas babás não supervisionadas.

Quer ensinar-lhes «amor, tolerância e respeito», e assinala que para isso está disposto a colaborar com as instituições públicas. Segundo ele, também seria importante que os docentes islâmicos transmitissem aos jovens o «Islã verdadeiro».

No Paquistão, os cristãos são uma pequena minoria, pois não superam 1,5% de uma população majoritariamente (mais de 90%) muçu lmana. São vítimas de numerosas discriminações e alvo freqüente de atos de violência.

Fonte: Zenit

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Lembrando...

Paquistão: Cristãos enfrentam discriminação social e perseguição religiosa

26.08.2007 - PAQUISTÃO - O padre Emmanuel Asi, secretário da Comissão Bíblica do Paquistão, considera que os cristãos no país vivem uma situação muito difícil de "discriminação social, opressão política e perseguição religiosa".

Em diálogo com a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), na sede da organização, o também chefe do Instituto Laical de Teologia de Lahore explicou que os cristãos no Paquistão são considerados cidadãos de segunda classe, sendo-lhes negados os mais elementares direitos humanos.

O sacerdote disse que a agressão aos cristãos motivada por motivos religiosos "em qualquer momento" gera "todos os tipos de problemas que alguém possa imaginar". "O temor e o sentimento de insegurança entre os fiéis são grandes", completou.

A Comissão Bíblica Católica, que recebe ajuda da AIS, publicou a nona edição da Bíblia em urdu, idioma oficial do Paquistão juntamente com o inglês. "Os nossos fiéis nutrem um amor natural e inato à Sagrada Escritura", apontou o padre.

Este responsável falava no contexto das celebrações do 60.º aniversário do país, celebrado no dia 14 de Agosto. Segundo o clérigo, o ideal do "Pai da Nação Paquistanesa", Ali Jinnah, viu-se obscurecido e a abertura que ele proclamava para aceitar todos sem discriminar as pessoas por causa da sua fé "já não existe".

Fonte: PortasAbertas.org.br


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