Estudo aponta aumento de zonas mortas nos mares


14.08.2008 - As zonas mortas nos oceanos do mundo, onde a ausência de oxigênio impede o desenvolvimento de vida marinha, aumentaram mais de um terço entre 1995 e 2007, afirma um estudo divulgado nesta quinta-feira pela revista Science..

Os principais fatores dessa catástrofe oceânica são a contaminação por fertilizantes e a queima de combustíveis fósseis, segundo cientistas do instituto de Ciências Marinhas da Universidade William and Mary, na Virgínia, e da Universidade de Gotemburgo, na Suécia.

O aumento das zonas mortas no mar transformou-se no principal agente de pressão sobre os ecossistemas marítimos, no mesmo nível da pesca excessiva, perda de habitat e outros problemas ambientais.

Segundo os cientistas, seu aumento se deve também a certos nutrientes, especialmente o nitrogênio e o fósforo, que ao entrarem em excesso nas águas litorâneas causam a morte de algas.

Ao morrer, essas plantas microscópicas se afundam e se transformam em alimento de bactérias que, durante a decomposição, consomem o oxigênio a sua volta.

Na linguagem científica, esse processo da diminuição progressiva de oxigênio se chama 'hipoxia'.

Segundo Robert Diaz, professor do Instituto de Ciências Marinhas, e Rutger Rosenberg, cientista da Universidade de Gotemburgo, atualmente existem 405 zonas mortas em águas próximas às costas em todo o mundo, o que representa uma superfície de mais de 26.500 km².

Diaz, que começou a estudar as zonas mortas em meados da década de 1980, após advertir sobre o problema nas águas da Baía de Chesapeake (costa atlântica dos Estados Unidos), afirma que, em 1995, já havia 305 zonas mortas no mundo todo.

De acordo com o cientista, no início do século passado só havia quatro zonas mortas, número que passou para 49 em meados de década de 1960, 87 na de 1970 e para 162 na de 1980.

"Não existe outra variável de tanta importância para os ecossistemas marítimos litorâneos que tenha mudado tão drasticamente e em um lapso tão curto", afirmam Diaz e Rosenberg no estudo.

Segundo Diaz, as provas geológicas demonstram que as zonas mortas não eram 'um fenômeno natural' na Baía de Chesapeake e outros estuários.

"As zonas mortas eram raras. Agora são comuns. Cada vez há mais em mais lugares", diz o cientista.

Diaz e Rosenberg manifestam que em muitas ocasiões só se dá importância à hipoxia quando esta começa a dizimar os organismos que, em última instância, servem de alimento à população.

Como exemplo, eles citam o desaparecimento de algumas espécies ictiológicas e os surtos crônicos de epidemias bacterianas em outras.

Por outro lado, ao impedir o desenvolvimento de alguns habitantes dos fundos marítimos, como as amêijoas e alguns vermes, a hipoxia elimina uma importante fonte de nutrição para outros depredadores, assinala o estudo.

Segundo os cientistas, a chave para frear o aumento de zonas mortas é manter os adubos em terra e impedir que cheguem ao mar.

"É necessário que cientistas e agricultores trabalhem em conjunto para desenvolver métodos agrícolas que reduzam a transferência de nutrientes da terra para o mar", diz Diaz.

Fonte: Terra notícias

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Lembrando...

Alerta: 41% dos oceanos do mundo foram afetados pelo impacto de ação humana

15.02.2008 - Um mapa feito por cientistas norte-americanos e divulgado nesta sexta-feira na revista científica "Science" mostra que 41% dos oceanos do mundo foram afetados, em menor ou maior grau, pela ação humana.

Para mapear o impacto da atividade humana nos ecossistemas marítimos, os cientistas da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, nos Estados Unidos, fizeram uma sobreposição de 17 mapas que demonstravam o impacto de fatores diversos, como a pesca, a poluição e a mudança climática.

Os mapas foram feitos com base em um estudo que analisou o impacto dos seres humanos em ecossistemas como os recifes de corais, as colônias de algas marinhas, plataformas continentais e os oceanos profundos.

O mapa mostra que as áreas mais afetadas pelo impacto humano são o Mar do Norte, Mar da China Oriental e Meridional, Mar do Caribe, a costa leste da América do Norte, os mares Mediterrâneo e Vermelho,o Golfo Pérsico, o Mar de Bering e várias regiões do Pacífico Oeste.

O estudo indica ainda que as áreas menos afetadas são aquelas próximas aos pólos.

"Este projeto nos permite começar a ver o cenário do impacto dos humanos nos oceanos", diz Ben Halpern, que liderou o estudo.

"Os resultados mostram que, somados, os impactos individuais revelam uma situação muito pior do que imagino que as pessoas esperavam. Certamente foi uma surpresa para mim", afirma.

Brasil
Segundo os cientistas, a influência dos humanos varia de forma significativa de acordo com cada ecossistema. Nas áreas mais afetadas, por exemplo, há grande concentração de recifes de coral, algas marinhas, mangues e montanhas marinhas.

Já os ecossistemas menos afetados são áreas de oceanos abertos e onde o fundo do mar é mais liso.

O mapa revela que em grande porção da costa brasileira, o impacto dos humanos é "médio alto", o que indicaria uma influência de 4,95 até 8,47%.

No entanto, enquanto algumas áreas na costa sul do Brasil o impacto aparece mais ameno, uma grande faixa da costa sudeste do país revela um impacto alto, maior que 15,52%.

Processo
A pesquisa envolveu quatro etapas. Na primeira, os cientistas desenvolveram técnicas para quantificar e comparar o impacto das atividades humanas em diferentes ecossistemas.

Na segunda etapa, a distribuição dos ecossistemas e das influências humanas foi analisada. Os cientistas então combinaram as duas informações - a distribuição e o impacto - para determinar "os índices do impacto humano" para cada região do mundo.

Finalmente, os cientistas usaram estimativas sobre as condições dos ecossistemas marítimos já disponíveis para fundamentar ainda mais os índices levantados pela pesquisa.

Os cientistas afirmam que, apesar dos esforços, o mapa ainda é incompleto, já que os dados sobre algumas atividades humanas ainda é escasso.

Futuro
Apesar do cenário revelado pela pesquisa, os cientistas sugerem que ainda há tempo para tentar preservar os oceanos.

"Há certamente espaço para a esperança", diz Carrie Kappel, que participou do estudo. "Com esforços para proteger as porções dos oceanos que ainda continuam puras, temos uma boa chance de preservar estas áreas em boas condições", afirma.

De acordo com o estudo, o mapa poderá servir como referência para o desenvolvimento de políticas de conservação e manutenção, além de oferecer informações sobre o impacto de certas atividades.

"O homem sempre usará os oceanos para recreação, extração de recursos e outras atividades comerciais, como o transporte marítimo. O que precisamos é fazer isso de forma sustentável para que os oceanos continuem saudáveis e continuem a nos oferecer os recursos que precisamos", conclui Halpern.

Fonte: UOL notícias


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