13.08.2008 - O chefe do maior centro de torturas do Khmer Vermelho e supervisor das execuções de 14 mil pessoas durante o regime foi acusado formalmente hoje de crimes contra a humanidade pelo tribunal criado pela ONU para julgar ex-dirigentes do grupo.
A acusação foi confirmada hoje por fontes da corte, que não deram uma data definitiva para o julgamento, que deve ser realizado no final de setembro.
Kang Kek Leu, conhecido como "Duch", dirigiu a Polícia secreta e comandou o centro de detenção de Tuol Sleng, antiga escola conhecida durante aqueles anos como S21, onde atualmente funciona um museu sobre o genocídio cambojano.
Não está claro se seu testemunho será suficiente para condená-lo no julgamento, já que alguns dos médicos que o examinaram após sua detenção em 1999 diagnosticaram sérios transtornos mentais no réu.
Os médicos afirmam que "Duch", que renunciou a seu passado e se converteu ao cristianismo, acredita ser São Paulo e que tem a missão de propagar a palavra de Deus.
Apesar de tudo, a acusação formal representa o maior passo para a realização do julgamento, que pretende fazer justiça para os quase 2 milhões de pessoas que morreram durante o terror do Khmer Vermelho (1975-1979) e fechar uma das páginas mais terríveis da história do Camboja.
Outros antigos líderes do regime maoísta que aguardam julgamento são Khieu Samphan, ex-presidente; Nuon Chea, o "irmão número dois" e ideólogo do Khmer Vermelho; Ieng Sary, ex-ministro de Assuntos Exteriores; e sua esposa Ieng Thirit, ex-ministra de Assuntos Sociais.
Pol Pot, o "irmão número um" e primeiro-ministro do Khmer Vermelho, morreu na selva cambojana em 1998, quando o grupo estava à beira do desaparecimento pelas deserções e pelas lutas internas.
A idade avançada e o delicado estado de saúde dos acusados preocupam os promotores do tribunal internacional da ONU, pois temem que não haja tempo para condená-los.
Em Tuol Sleng, situado em uma encruzilhada de becos do centro de Phnom Penh, estão os objetos de tortura usados pelo Khmer Vermelho, assim como as cópias das fotografias de muitas das vítimas, inclusive mulheres e crianças.
Fonte: clicabrasilia.com.br