12.08.2008 - LIMA .- A associação Apprende –dedicada a promover a chamada pílula do dia seguinte (PDS)– apresentou como grande êxito que no Peru se venderam um milhão 800 mil unidades deste fármaco.
Em uma nota de imprensa, esta entidade lembrou o sexto aniversário da introdução da PDS no Peru e embora admita que persiste uma controvérsia judicial sobre o fármaco, celebra o sucesso comercial do polêmico produto, reitera cifras exageradas sobre os abortos clandestinos e nega mais uma vez o reconhecido mecanismo potencialmente abortivo da PDS.
Julio Zavala, presidente do Apprende, sustenta que “investigações médicas recentes” foram “esclarecendo que os atribuídos efeitos sobre o endometrio para impedir a implantação de um óvulo fecundado, correspondem a outro produto” e não ao levonorgestrel “substância ativa do Postinor e Plano B, que é a marca registrada nos Estados Unidos” e acusa aos “caluniadores da pílula” de tergiversar as referências da Food and Drug Administration (FDA), a máxima autoridade nesta matéria.
Apoiando-se somente no registro das vendas, Zavala argui que a PDS “conseguiu evitar mais de 100.000 abortos induzidos” e insiste em que no Peru se praticam 376 mil abortos clandestinos ao ano.
Carlos Polo, diretor para a América Latina do Population Research Institute (PRI), assinala que Zavala está errado ao assegurar que a PDS “já se aceitou como não abortiva” porque o Website da FDA assegura em sua seção sobre o Plano B (levonorgestrel) que este fármaco sim pode impedir a implantação de um óvulo fecundado –que é um novo ser humano– no útero; como se vê em http://www.fda.gov/CDER/drug/infopage/planB/planBQandA20060824.htm
“Zavala carrega aos pró-vida o peso da prova de que a PDS não é abortiva, e é pelo contrário ele -como disse o Tribunal Constitucional do Chile- quem teria que demonstrar que se pode descartar o efeito anti-mplantatório”, adiciona Polo.
O perito lamenta que se celebre um recorde de vendas com argumentos falaciosos. "Zavala aplica um cálculo estritamente matemático sobre as vendas com uma percentagem de efetividade que não considera erros ou falhas no uso. Temos informação de médicos que estão atendendo casos de mulheres que tomaram mais de uma dose em um mesmo ciclo menstrual. A verdade é que seguindo todas as indicações de uso dos fabricantes, a PDS evita a gravidez somente em ao redor de 6 por cento dos casos (alguns já iniciados). Quer dizer, no melhor dos casos, 94 por cento das mulheres que compram a pílula, tomam e sofrem seus terríveis efeitos colaterais o fazem em vão e só geram lucros aos comerciantes”.
“O único que interessa a Zavala são as vendas. Não lhe interessam os efeitos adversos como a maior percentagem de gravidezes ectópicas. Tampouco que se gere uma mentalidade abortiva entre os jovens. Recordemos que Zavala, Presidente do Apprende, uma ONG que supostamente não tem fins de lucro, foi denunciado por ser também gerente geral do laboratório que mais vende PDS”, adicionou.
Fonte: ACI