09.08.2008 - Reportagem da revista ÉPOCA, agosto 2008.
O pesquisador britânico Richard Lynn dedicou mais de meio século à análise da inteligência humana. Nesse tempo, publicou quatro best-sellers e se tornou um dos maiores especialistas no assunto. Nos últimos 20 anos, passou a investigar as relações entre raça, religião e inteligência. Ao publicar um trabalho na revista científica Nature, que sugeria que os homens são mais inteligentes, um grupo feminista o recepcionou em casa com o que ele chamou de salva de ovos. O mesmo aconteceu quando disse que os orientais são os mais inteligentes do planeta. “Faz parte do ofício de um cientista revelar o que as pessoas não estão prontas para receber”, diz. Ao analisar mais de 500 estudos, Lynn disse estar convencido da relação entre Q.I. alto e ateísmo. “Em cerca de 60% dos 137 países avaliados, os mais crentes são os de Q.I. menor”, disse. Seu trabalho será publicado em outubro na revista científica Intelligence.
ENTREVISTA - RICHARD LYNN
QUEM É
Professor emérito e chefe do Departamento de Psicologia da Universidade do Ulster, na Irlanda do Norte.
Ph.D. pela Universidade de Cambridge, é um dos maiores especialistas em estudos de inteligência em raças e gêneros
O QUE PUBLICOU
Quatro livros sobre inteligência ligada à raça e ao sexo, entre eles Race Differences in Inteligence: an Evolutionary Analysis, e dezenas de artigos em revistas científicas, como a britânica Nature.
ÉPOCA – Por que o senhor diz que pessoas inteligentes não acreditam em Deus?
Richard Lynn – Os mais inteligentes são mais propensos a questionar dogmas religiosos. Em geral, o nível de educação também é maior entre as pessoas de Q.I. maior (um Q.I. médio varia de 91 a 110). Se a pessoa é mais educada, ela tem acesso a teorias alternativas de criação do mundo. Por isso, entendo que um Q.I. alto levará à falta de religiosidade. O estudo que será publicado reuniu dados de diversas pesquisas científicas. E posso afirmar que é o mais completo sobre o assunto.
ÉPOCA – Segundo seu estudo, há países em que a média de Q.I. é alta, assim como o número de pessoas religiosas.
Lynn – Sim, mas são exceções. A média da população dos Estados Unidos, por exemplo, tem Q.I. 98, alto para o padrão mundial, e ao mesmo tempo cerca de 90% das pessoas acreditam em Deus. A explicação é que houve um grande fluxo de imigrantes de países católicos, como México, o que ajuda a manter índices altos de religiosidade nas pesquisas. Mas, se tirarmos as imigrações ao longo dos últimos anos, a população americana teria um índice bem maior de ateus, parecido com o de países como Inglaterra (41,5%) e Alemanha (42%).
ÉPOCA – Cuba é um país mais ateu que os Estados Unidos, mas o nível de Q.I. não é tão alto.
Lynn – Você tem razão. É outra exceção. Pela porcentagem de ateus (40%), o Q.I. (85) dos cubanos deveria ser mais alto que o dos americanos. Mas há também aí um fenômeno não natural que interferiu no resultado. Lá, o comunismo forçou a população a se converter. Houve uma propaganda forte contra a crença religiosa. Não se chegou ao ateísmo pela inteligência. A população cubana não se tornou atéia porque passou a questionar a religião. Foi uma imposição do sistema de governo.
ÉPOCA – E o Brasil, como está?
Lynn – O Brasil segue a lógica, um porcentual baixíssimo de ateus (1%) e Q.I. mediano (87). É um país muito miscigenado e sofreu forte influência do catolicismo de Portugal e dos negros da África. Fica difícil mensurar a participação de cada raça no Q.I. atual. O que posso dizer é que a história do país se reflete em sua inteligência.
ÉPOCA – O senhor quer dizer que a miscigenação influenciou nosso Q.I.?
Lynn – Sim, é uma hipótese em análise ainda. Os japoneses são os indivíduos que na média têm o maior Q.I. (105) entre as raças estudadas. É mais alto que o dos europeus e dos americanos. Em negros da África Subsaariana, o resultado foi 70. Em negros americanos, esse valor é maior (85). Isso pode ser explicado pelos 25% dos genes da raça branca que os negros americanos possuem.
ÉPOCA – O senhor está sugerindo que índios, brancos e negros têm Q.I. diferente entre si?
Lynn – Exatamente. Isso se explica pela história da humanidade. Quando os primeiros humanos migraram da África para a Eurásia, eles encontraram dificuldade para sobreviver em temperaturas tão frias. Esse problema se tornou especialmente ruim na era do gelo. As plantas usadas como alimento não estavam mais disponíveis o ano inteiro, o que os obrigou a caçar, confeccionar armas e roupas e fazer fogo. Ao exercitar o cérebro na solução desses problemas, tornaram-se mais inteligentes. Há também uma mutação genética que teria acontecido entre asiáticos e dado uma vantagem competitiva a essa raça.
ÉPOCA – O senhor chegou a alguma conclusão sobre a inteligência das raças?
Lynn – Sim. Os asiáticos são os mais inteligentes. Chineses, japoneses e coreanos têm o Q.I. mais alto (105) da humanidade. E isso acontece onde quer que esses indivíduos estejam, seja no Brasil, nos Estados Unidos, na Europa ou em seu país de origem. Em seguida, vêm europeus (100) e nas últimas posições estão os aborígenes australianos (62) e os pigmeus do Congo (54).
ÉPOCA – Se fosse assim, seria mais fácil encontrar um gênio entre os japoneses ateus, não?
Lynn – Não. Os asiáticos têm Q.I. alto, mas são um grupo mais homogêneo. Há menos extremos positivos e negativos. Eu não diria que é mais fácil nem mais difícil. Na verdade, não sei. Os gênios aparecem em todos os povos, em todos os países, mas é difícil medi-los. E não é porque se é religioso que se é menos inteligente. Mas há uma tendência de encontrar Q.I. mais alto em pessoas não-religiosas. Em minha opinião, isso acontece porque a inteligência aprimorada leva ao questionamento da religião.
ÉPOCA – Há outras habilidades relacionadas ao sucesso profissional e à felicidade, além do Q.I.?
Lynn – Os testes de Q.I. não devem ser tomados como a coisa mais importante da vida. Há muito de cultural nesses testes. E isso se reflete no mau desempenho de tribos rurais. Há também a tão alardeada inteligência emocional e uma série de características sociais que geram vantagem nos tempos modernos. Mas insisto que o Q.I. é um item fundamental para medir a inteligência de uma pessoa.
ÉPOCA – Que outras conclusões podemos tirar a partir do teste de Q.I.?
Lynn – Inúmeras. É uma área de estudos muito produtiva hoje em dia. Acredita-se que pessoas com Q.I. elevado tenham menores índices de mortalidade e menos doenças genéticas. Aparentemente, há uma relação forte entre saúde e Q.I. alto. Os indivíduos mais inteligentes também apresentam menos risco de sofrer de depressão, estresse pós-traumático e esquizofrenia.
ÉPOCA – Qual é seu Q.I.?
Lynn – Meu Q.I. é 145 (Lynn seria superdotado de acordo com a escala mais popular de Q.I. ). É um número alto, eu sei, mas não destoa entre os colegas da academia. Há Q.I.s mais altos que o meu na Academia de Ciências dos EUA. Mas lá também vale a regra. O número de ateus chega a 70%.
ÉPOCA – Como o senhor vê o papel da religião na sociedade?
Lynn – A religião é um instinto, o homem primitivo tem crença religiosa e isso, por algumas razões, se manteve até hoje. Mas, acredito, somos capazes de superar isso com a razão. (fim)
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Lembrando...
A Igreja Católica é alvo preferido do ateísmo militante, afirma Arcebispo argentino
20.06.2007 - BUENOS AIRES - O Arcebispo de Corrientes, Dom Domingo Salvador Castagna, denunciou que o ateísmo militante tem como alvo preferido à Igreja Católica, em sua reflexão radial de cada semana.
O Prelado argentino se referiu à "tática do desprestígio", ao afirmar que "o homem contemporâneo parece rechaçar o religioso, mas, o que em realidade rechaça é a um Deus que inspira a orientação de seus passos para o lucro de seu destino. Não sabe o que fazer com sua vida e, não obstante, rebela-se contra Quem (Deus) indica-lhe o que deve fazer com ela. A maneira de obter com êxito esse 'rechaço' é desprestigiar a quem aproxima a palavra orientadora e a graça".
Depois de precisar que não toda expressão religiosa é desprezada, o Arcebispo explicou que como "a discriminação avança sobre as exigências morais" destas, a que se converteu no "alvo preferido do 'ateísmo militante' e de bombardeio de mal intencionadas acusações contra quem quer viver e expor honestamente a verdade" é a Igreja Católica.
"O mal causou tais estragos que a sensibilidade popular ficou profundamente afetada. Advertimo-lo ao normal desenvolvimento das apreciações sobre distintos e dilaceradores acontecimentos. A responsabilidade na comissão de tudo feito delitivo compreende um amplo espectro da sociedade. Não haverá saúde para os espíritos enquanto se mantenha uma linha divisória maniqueísta que pretenda carregar toda a culpabilidade sobre alguns e exonerar outros constituindo –a estes últimos– em vítimas puras e absolutamente impecáveis", indicou o Arcebispo.
Fonte ACI
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Com ateísmo e secularismo o homem fica cego por seu próprio egoísmo, adverte o Papa
03.03.2008 - VATICANO - Ao presidir a oração do Ângelus dominical, o Papa Bento XVI denunciou a cegueira que afeta ao homem quando se deixa levar pelo ateísmo e secularismo.
“Ao curar ao cego, Jesus revela que veio ao mundo para julgar, para separar aos cegos que podem curar-se daqueles que não se podem curar, porque presumem ser saudáveis. De fato é forte no homem a tentação de construir um sistema de segurança ideológica: inclusive a religião pode formar parte deste sistema, como o puro ateísmo ou o secularismo, mas ao fazê-lo a pessoa se cega pelo próprio egoísmo”, explicou.
Em sua habitual reflexão dominical, o Papa indicou que “nestes domingos de Quaresma, através dos textos do Evangelho de João, a liturgia nos permite empreender uma autêntica viagem batismal”.
“No domingo passado, Jesus prometeu à mulher o dom da ‘água viva’; hoje, curando ao cego de nascimento se revela como ‘a luz do mundo’; na próximo domingo, ressuscitando o seu amigo Lázaro, apresentará-se como ‘a ressurreição e a vida’. Água, luz e vida são símbolos do batismo, o sacramento que "inunda" aos fiéis no mistério da morte e ressurreição de Cristo, nos liberando da escravidão do pecado e dando a vida eterna”, assinalou.
Ao meditar sobre a passagem do Evangelho de hoje, o Papa recordou que “os discípulos, de acordo à mentalidade da época, davam por certo que sua cegueira era o resultado de seu pecado ou o de seus pais. Jesus rechaça esta injúria” e pronuncia palavras de consolo que “nos fazem sentir a voz viva de Deus, que é amor providente e sábio”.
“Jesus não pensa nas faltas, mas na vontade de Deus, que criou ao homem para a vida”, indicou.
O Papa explicou que com o gesto de tomar barro e saliva para curar ao cego, Jesus alude “à criação”.
“Adão significa ‘terra’, e o corpo humano está realmente composto por elementos da terra. Fazendo-se homem, Jesus realiza uma nova criação”, afirmou.
Do mesmo modo, precisou que “a cura suscita um debate, porque Jesus o fez em sábado, transgredindo, de acordo com os fariseus, a lei. Assim, ao final da história, Jesus e o cego se encontram ‘expulsos’ pelos fariseus: um porque violou a lei e o outro porque, apesar de sua recuperação segue levando a marca de pecador desde seu nascimento”.
“Queridos irmãos, saremos em Jesus, que pode e quer nos dar a luz de Deus. Confessemos nossa cegueira, nossa miopia e, em especial, o que a Bíblia chama o ‘grande pecado’: a arrogância. nos ajude Santa Maria, que gerando a Cristo na carne deu ao mundo a verdadeira luz”, concluiu.
Ao final do Ângelus, em sua saudação aos peregrinos pediu que “seguindo o itinerário quaresmal, convido a todos a deixar-se iluminar por Cristo e fazer que, com o testemunho de vida e as boas obras, resplandeça sua luz perante os homens”.
Fonte: ACI