06.08.2008 - PARIS - Pesquisadores franceses descobriram dois novos vírus, que batizaram de Sputnik e Mamavírus, um gigante e outro de um gênero inédito, escondidos dentro de amebas provenientes dos circuitos de resfriamento da água de sistemas de climatização.
O Mamavírus é o segundo vírus gigante descoberto. Ele supera o Mimivírus, até então o maior dos vírus descoberto em 2003 pelo Centro nacional de pesquisa científica (CNRS) em Marselha.
"O Mimivírus, agente potencial da pneumonia, é ligeiramente menor que o Mamavírus, mas eles pertencem à mesma família", indicou à AFP o professor Bernard La Scola, co-autor com Didier Raoult deste trabalho que será divulgado na edição desta quinta-feira da revista científica britânica Nature.
Estes vírus gigantes atingem o tamanho de bactérias a ponto de serem visíveis a um microscópio comum. O Mimivírus, de um diâmetro de meio micrometro, ou seja a milionésima parte de um metro, foi durante muito tempo tido por uma bactéria que ele imita. Os dois gigantes estavam "disfarçados" em microorganismos (amebas) na água das torres aerorefrigeradoras, o primeiro proveniente de Bradford (Grã-Bretanha) e o segundo, de Paris.
Sputnik foi por sua vez encontrado no Mamavírus graças a um poderoso microscópio eletrônico.
"Ele representa uma nova família de vírus porque se trata do primeiro exemplo de um vírus que infecta um outro vírus distorcendo sua fábrica de reprodução", comentou La Scola - fenômeno que faz com que possa ser considerado um "virofage", por analogia às "bacteriofages" que designam vírus parasitas que infectam as bactérias para se beneficiar delas.
Sputnik, dotado de 21 genes, "deixa doente" seu hóspede gigante. Sputnik possui genes derivados de empréstimos dos vírus gigantes e de outros vírus. Eles podem transferir genes de um vírus a outro, como um vírus "bacteriofage" que transporta genes de uma bactéria a outra, podendo assim modificar suas propriedades.
Uma ampla análise do material genético do oceano de Jean-Michel Claverie, de Adam Monier e Hiroyuki Ogata (Marselha), divulgado em julho pela revista Genome Biology, mostra muitas seqüências genéticas de vírus gigantes próximos do Mimivírus, que pareciam ser parasitas de plânctons. Estes vírus gigantes, assim como vírus satélites como Sputnik, podem desempenhar um papel maior, principalmente sobre as cadeias alimentares nos oceanos e sobre o clima.
Fonte: Terra notícias