24.07.2008 - A alta do preço dos alimentos ameaça levar milhões de pessoas do leste da África à pobreza extrema, alertou hoje a ONG Oxfam.
A entidade fez um apelo aos países mais ricos para que aumentem a ajuda à região. A falta de chuvas, os conflitos étnicos e a pobreza crônica são alguns dos fatores que podem levar 13 milhões de pessoas a necessitar de um auxílio humanitário urgente.
A Oxfam disse que a situação se agravou com o aumento dos preços dos alimentos.
"O custo da comida aumentou até 500% em alguns lugares, deixando em pobreza extrema uma população que sofreu com sucessivos períodos de seca", disse a entidade em comunicado.
Segundo a Oxfam, o custo do arroz importado na Somália subiu 350% entre o início de 2007 e maio de 2008. Neste país, 35% da população precisa de ajuda emergencial e o número pode chegar a 50% no final deste ano.
Rob McNeil, um membro da ONG que esteve recentemente no continente africano, disse que o cenário na Etiópia é desolador.
"Algumas das estradas estavam cobertas por gado morto. Quase não existe água para as pessoas e animais. A população está cada vez mais desesperada", disse McNeil.
Fonte: Terra notícias
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Lembrando...
ONU: tumultos por falta de alimentos podem crescer
09.04.2008 - Os tumultos provocados pela falta de comida que atingiram vários países pobres recentemente podem se disseminar já que a carência de alimentos e os preços elevados devem perdurar por algum tempo, afirmou o chefe da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
Uma combinação de altos preços do petróleo e dos combustíveis, de uma demanda crescente por produtos alimentícios em uma Ásia cada vez mais rica, da utilização de terras cultiváveis para produzir biocombustíveis, de condições climáticas desfavoráveis e da especulação nos mercados de futuro elevaram os preços dos alimentos, provocando violentos protestos em vários países pobres.
Jacques Diouf, diretor-geral da FAO (cuja sede fica em Roma), afirmou na quarta-feira, durante uma visita à Índia, que há um risco crescente de instabilidade social em países nos quais as famílias gastam mais de metade de sua renda com a alimentação.
"O problema é bastante grave no mundo todo devido à acentuada elevação dos preços. Nós vimos distúrbios de rua no Egito, nos Camarões, no Haiti e em Burkina Fasso", disse Diouf a repórteres, em Nova Délhi.
Cinco pessoas foram mortas em uma semana de manifestações no Haiti, país mais pobre das Américas, devido ao alto preço dos alimentos, ao passo que sindicatos de Burkina Fasso (país localizado no oeste da África) convocaram uma greve geral em vista do aumento dos preços da comida e dos combustíveis.
"Há um risco de que essa instabilidade espalhe-se para países onde 50 a 60 por cento da renda das pessoas são gastos com a alimentação", acrescentou o dirigente da FAO.
Segundo os estoques de cereal no mundo seriam suficientes para atender à demanda por oito a 12 semanas. E acrescentou que o suprimento de grãos encontrava-se em seu menor patamar desde os anos 80.
"Isso se deve à uma demanda maior de países como a Índia e a China, onde o PIB (Produto Interno Bruto) cresce a taxas de 8 a 10 por cento e o aumento da renda canaliza-se para a alimentação", disse Diouf após reunir-se com o ministro indiano da Agricultura, Sharad Pawar.
O chefe da FAO afirmou estar aconselhando os governos do mundo todo a investirem em sistemas de irrigação, instalações de armazenamento e infra-estrutura rural, além de tentar aumentar a produtividade de suas lavouras com vistas a superar o desafio da escassez de alimentos.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), o preço mundial dos produtos alimentícios elevou-se 35 por cento em um ano, até o final de janeiro, acelerando uma tendência de alta iniciada, a princípio de forma discreta, em 2002.
Desde então, os preços aumentaram 65 por cento. Em 2007 apenas, segundo o índice mundial de comida da FAO, o preço dos laticínios subiu 80 por cento e o dos grãos, 42 por cento.
Fonte: Terra notícias