Parte 3
BERNARDINO GIUSEPPE BUCCI
Frade Menor Capuchinho
LUÍSA PICCARRETA
Coletânea de memórias sobre a Serva de Deus
Com efeito, eu gostava de viver na rua. Era muito vivaz e viva circundado de rapazes pobres. Os meus companheiros gazeavam sistematicamente a escola, caminhavam descalços pela rua, emanavam um cheiro de galinhas, ovelhas e coelhos, que criavam nas suas casas. Por isso, também na escola eu rendia pouco e era o desespero da minha família burguesa da classe média (minha mãe era professora e meu pai funcionário municipal).
Não dei muita importância às palavras de Luísa. Eu frequentava ainda a quarta série da escola primária e nessa época havia grandes problemas sociais, a derrocada do fascismo, a ocupação alemã, as aulas eram interrompidas e havia escassez de alimentos. Esqueci-me totalmente das palavras de Luísa. Após a morte de Luísa Piccarreta, ocorrida no dia 4 de março de 1947, a minha tia Rosária meditava frequentemente sobre essas palavras de Luísa e então começou a fixar-me com olhares estranhos, como se quisesse carpir sinais do meu coração. Sucessivamente, para a grande surpresa de todos, Peppino (meu apelido), o moço mais travesso do bairro da rua Andria, entrou no seminário, não no diocesano mas no Seráfico, dos Frades Menores Capuchinhos de Barletta. Corria o ano de 1948. Tinha transcorrido um ano da morte de Luísa Piccarreta. Considerando o meu caráter, muitos tinham apostado que a minha permanência no seminário duraria muito pouco e que também ali teria criado confusão. Muitas pessoas até mesmo criticaram minha mãe, por ter desgraçadamente permitido o meu ingresso no seminário.
O tempo desmentiu estes prognósticos infaustos e na cidade começou-se a dar crédito às palavras da minha tia Rosária, que com orgulho dizia a todos que Luísa profetizara o meu sacerdócio. Com decisão, a tia Rosária afirmava: «O Peppino chegará a ser um sacerdote. Esta é a Vontade de Deus, expressa pela voz de Luísa».
O mar borrascoso
Passaram vários anos. Minha mãe e meu pai faleceram prematuramente e a nossa família numerosa desagregou-se. Dos duas irmãs e um irmão que se casaram, uma partiu para Trieste, outra para Bolonha e o terceiro para a Suíça: nossa casa ficou vazia e nela só morava a tia Rosária, por nossa concessão.
Eu já era um estudante de teologia no estudantado de Santa Fara, tendo recebido as ordens menores e o diaconato.
Durante o Verão, todo o estudantado se transferia para o convento de Giovinazzo. A estrutura, quase diante do mar, constituía um lugar ideal para transcorrer um período de férias e era também sede do Seminário Maior. Certo dia de agosto, fomos à praia. O mar estava muito agitado, quando um estudante imprudente se lançou na água e logo foi arrastado pelas ondas. Eu e outros dois meus companheiros, nadadores experientes, lançamo-nos em socorro do nosso coirmão mas, em virtude da borrasca, também nós fomos investidos pelas vagas, lançados contra os recifes e novamente tragados pela água.
Nesse ínterim, meio aturdido, eu meditava sobre a minha morte e dizia a mim mesmo: «Já não serei um sacerdote!». Então, invoquei Luísa e disse: «Luísa a Santa, ajuda-me!» e abandonei-me sem reagir. A um dado momento, senti que o meu corpo foi agarrado pelas mãos de outros meus coirmãos, que me salvaram antes que as ondas me revolvessem definitivamente.
Saí da água dilacerado e sangrando, mas vivo. Luísa salvou-me juntamente com os outros três estudantes, meus companheiros de desventura.
Na noite seguinte sonhei que Luísa me fixava com os seus dois grandes olhos, impressos na minha memória, sem nada me dizer.
Foi um sonho admoestador ou um delírio? O fato é que nos dias seguintes tive uma febre muito alta, mas depois restabeleci-me da doença.
No dia 14 de março do ano seguinte, 1964, fui ordenado sacerdote pelo então arcebispo de Bari, D. Henrique Nicodemos, na Igreja dos Padres Capuchinhos de Triggiano.
O Frei Giuseppe Bucci, estudante capuchinho (em cima, segundo à esquerda), ao lado do Diretor e os outros estudantes, em uma foto-recordação.
CAPÍTULO 6
Profecia da púrpura
Outra personagem muito ligada a Luísa Piccarreta foi o Cardeal Cento, de venerada e santa memória.
O Cardeal cento frequentava a casa de Luísa periodicamente, desde os alvores do seu sacerdócio. A tia Rosária fala-me com frequência do Cardeal Cento e, não obstante já tivesse sido elevado à dignidade cardinalícia, ela continuava a chamar-lhe simplesmente Padre Cento ou Dom Cento.
No início não compreendia que se tratava do Cardeal Cento. Certa vez quando estava em casa, recebi das mãos do carteiro uma missiva com o carimbo do Vaticano e o brasão cardinalício, e só então percebi quem era o Padre Cento, de quem a minha tia falava tanto. Perguntei-lhe por que chamava ao Cardeal com esse nome, e ela respondeu-me: «Eu tinha muita confidência com o Padre Cento, e tratava-o como se fosse meu irmão. Todas as vezes que vinha à casa de Luísa em Corato, era eu que o acompanhava aos vários lugares, desde o arcipreste até ao bispo de Trani, fazendo-lhe ver muitas coisas, as belezas de Corato. Ele era uma pessoa alegre e brincava de bom grado, mas quando celebrava a Missa parecia um anjo. Conheci o Padre Cento desde a minha juventude e, em numerosas ocasiões, comemos juntos na casa de Luísa em companhia de Angelina. o Cardeal Cento entretinha-se muito tempo nas conversas com Luísa. Certa vez, disse-me: "Luísa diz-me sempre que me tingirão de vermelho, mas eu – e dizia-o brincando – procurarei evitar que me vistam para o carnaval". Certo dia vi o Padre Cento com o rosto sisudo; foi a única vez que não brincou e falou pouquíssimo. Foi por ocasião da condenação de Luísa. Apesar da censura do Santo Ofício, o Padre Cento continuou a visitar Luísa, e quando lhe perguntei por que tinha acontecido este desastre, o Padre Cento retorquiu-me com estas palavras secas: "Por favor, Rosária, não fales destas coisas, pois quem mais sofre somos nós". E após um longo silêncio, acrescentou: "São provações tremendas que o Senhor nos manda"».
Como se sabe da crônica, o Padre Cento foi uma personagem importante na Cúria Romana.
A tia Rosária manteve contatos epistolares com o Cardeal Cento e parece que ele recorreu a toda a sua influência quando se tratou de trasladar o corpo de Luísa do cemitério para a igreja de Santa Maria Grega.
A esta altura, devo confessar uma grave falta: não ter sabido reunir as cartas que o Cardeal Cento enviava à minha tia. Efetivamente, quando da piedosa morte da tia Rosária, os meus sobrinhos desfizeram a casa, livrando-se de todo o material que na sua opinião não tinha qualquer importância, no meio do qual estavam as cartas do Cardeal Cento.
Foi uma grande perda. Essa fonte teria valorizado muito o que expus acima e, além disso, teríamos conhecido o pensamento do Cardeal Cento acerca da figura de Luísa Piccarreta. Dever-se-iam fazer pesquisas nos arquivos de família do Cardeal para recuperar este rico material.
O bispo curado
Corria o ano de 1917. O novo arcebispo de Trani, D. Regime, talvez influenciado por uma parte do clero que não só não dava importância a tudo o que acontecia a Luísa Piccarreta, mas até mesmo manifestava abertamente a própria hostilidade em relação à Serva de Deus, predispôs um decreto muito rígido no que se refere a Luísa: proibia-se aos sacerdotes aceder à sua casa e ali celebrar a Santa Missa, privilégio concedido a Luísa pelo Papa Leão XIII e confirmado pelo Papa Pio X em 1907.
Esta disposição devia ser lida publicamente em todas as igrejas da diocese.
Eis como aconteceram os fatos (1).
Enquanto estava assinando o «famoso decreto», D. Regime foi imprevistamente atingido por uma paralisia parcial. Quando foi socorrido pelos sacerdotes ali presentes, fez compreender com vários sinais que queria ser levado à casa de Luísa.
Foi assim que a tia Rosária descreveu este episódio singular: «Era por volta das 11 horas, quando ouvimos o ruído de uma carroça que parou em frente do portão da habitação de Luísa. Debrucei-me da varanda para ver quem era e notei três sacerdotes, um dos quais era transportado quase nos braços pelos outros dois. Luísa disse-me: "Abre a porta que o bispo está chegando". Com efeito, à porta estava D. Regime, apoiado por outros dois sacerdotes – provavelmente o vigário e o chanceler da Cúria de Trani. Pronunciando palavras incompreensíveis, o bispo foi imediatamente acompanhado ao pequeno quarto de Luísa. Era a primeira vez que ele ia à casa da Serva de Deus que, assim que o viu, lhe disse: "Excelência, abençoe-me". O bispo ergueu o braço, como se nada tivesse acontecido antes, e abençoou-a. Estava completamente curado!
D. Regime permaneceu no quarto de Luísa, em colóquio secreto, por cerca de duas horas e, para a admiração de todos, especialmente dos sacerdotes ali presentes, saiu do quarto com um sorrido nos lábios. Abençoou os presentes e foi embora».
Procurou-se manter segredo sobre esse caso, e assim foi para o público em geral. Enquanto estava em Trani, D. Regime visitou periodicamente Luísa Piccarreta, com quem se entretinha em diálogos espirituais. No clero, este episódio suscitou um sacro temor, e o santo confessor de Luísa, Pe. Gennaro di Gennaro, pôde continuar o seu ministério com mais serenidade. Após este acontecimento, também Aníbal Maria di Francia intensificou as suas visitas à Serva de Deus.
Nota do capítulo 7
1) O episódio foi-me narrado pela minha tia Rosária e confirmado pelo meu pároco, Pe. Cataldo Tota, pela senhora Mangione e pela então ministra da Ordem Terceira Dominicana, senhora Lina Petrone.
Certo dia, enquanto falava com alguns fiéis (demasiado zelosos) de Luísa a Santa, o Pe. Cataldo proferiu as seguintes palavras: «Com os santos é necessário brincar pouco, se não pode-se incorrer em uma desgraça. Os santos são de Deus, não dos homens. Por isso, prestai atenção a fim de que não vos aconteça o que ocorreu com D. Regime, que teve demasiada pressa em colocar a famosa assinatura».
CAPÍTULO 7
Luísa e as crianças de Corato
Em Corato vociferava-se entre as mulheres idosas, também durante a minha infância, que quando Luísa saía de casa de noite, em carroças fechadas de maneira que não pudesse ser vista, os jovens de Corato correndo à frente da carroça gritavam: «Luísa a Santa está passando!». Luísa só saía à noite por disposição da autoridade eclesiástica, a fim de se evitarem aglomerações e cenas de fanatismo. Pelo menos uma vez por ano – geralmente durante o Verão – Luísa era levada para outra casa, para poder-se efetuar as limpezas extraordinárias: pintura dos ambientes com cal branca, mudança da palha dos enxergões, ou do algodão que se lavava e amaciava.
Nestas circunstâncias, havia uma competição entre as muitas famílias abastadas de Corato que queriam hospedar Luísa. Entre elas estavam as famílias Capano, Cimadomo, Padroni Griffi, Azzariti e outras, que enviavam a própria carroça para apanhá-la. Durante a viagem secreta, acontecia que as crianças de Corato, tomadas de inspiração, se reuniam e gritavam pelas ruas a notícia da passagem de Luísa, dizendo: «Saiam todos, Luísa a Santa está passando!», e todos saíam à porta da própria casa com as lanternas acesas.
Certo dia, descobri que também meu pai tinha participado nessas reuniões noturnas, juntamente com outros jovens da cidade, por ocasião da passagem de Luísa. Quando eu já era grande, estudante capuchinho, perguntei-lhe: «Alguém avisava da sua passagem?». Ele respondeu-me: «Não, sentíamos algo dentro de nós e compreendíamos que teria passado a carroça de Luísa».
O soldado fracassado
Em virtude de várias vicissitudes acontecidas com o passar do tempo e dos reveses financeiros, a nossa família deixou de ser abastada e faltou pouco para tocarmos o nível da indigência. Pelas várias desgraças que se abateram contra a nossa família (a morte de duas irmãs da minha tia e a paralisia parcial de seu pai, o irmão maior que emigrou para a Argentina em busca de fortuna), toda a propriedade foi vendida ou hipotecada.
Só ficou o pequenino irmão Francesco para poder administrar o patrimônio, constituído de um forno à lenha, suficiente para restabelecer a sorte da família.
Entretanto, começou a primeira guerra mundial e Francesco foi chamado às armas.
A mãe da tia pedia à filha que falasse com Luísa, porque só ela podia encontrar uma solução para a situação da família. Mas a tia Rosária fingia que não ouvia, até que certo dia sua mãe, usando expressões fortes, lhe disse: «Se hoje não falares com Luísa, a partir de amanhã não irás mais ter com ela e ficarás em casa a fazer os serviços domésticos».
Assim que foi à casa de Luísa, com o rosto amuado, a tia Rosária foi chamada por ela, que lhe disse: «Por que não me dizes nada? Há bastante tempo que sei tudo. Diz à tua mãe que Francesco não partirá». E assim aconteceu...
No dia em que meu pai devia apresentar-se para o serviço militar, o seu pescoço inchou de maneira enorme, sem que ele sentisse qualquer dor, a ponto de se considerar o adiamento da inspeção militar. No itinerário de regresso a casa, o inchaço desapareceu. Este mesmo fenômeno verificou-se por três anos, até que ele foi dispensado.
Isto foi confirmado pelo meu pai que, no seu dialeto de Corato, dizia: «Ched femn ma fatt’ vdai caus nov» («Aquela mulher fez-me ver coisas novas») e com gestos e palavras explicava-me o que tinha acontecido.
Com efeito, administrando o trabalho do forno, meu pai conseguiu restabelecer pelo menos em parte a sorte financeira da família.
A criança ressuscitada
Este fato estrepitoso foi-me narrado por uma senhora muito idosa e coetânea da tia Rosária, Benta Mangione, que também fazia parte do grupo de moças que frequentavam Luísa para aprender a bordar.
Eis a sua narração: «Certa manhã de um de dia de 1920-1921, enquanto eu estava na casa de Luísa depois de ter assistido à Santa Missa celebrada pelo seu confessor, Pe. Gennaro di Gennaro, entrou no pequeno quarto da Serva de Deus uma jovem totalmente alterada que, com gritos de desespero, apoiou sobre o colo de Luísa o seu filhinho morto e ajoelhou-se ao lado da sua cabeceira, chorando desesperadamente. Todos ficaram estupefatos e Rosária procurava levantar essa mulher. Do modo que lhe falou, compreendi que era uma sua parente. Luísa não ficou incomodada com essa cena e, enquanto acariciava o bebê que estava no seu colo, disse à sua mãe: "O que fazer, Serafina? Toma Luigi e dá-lhe de mamar, porque ele tem fome!", e depositou-o nos braços da mulher».
Então, a tia Rosária convidou a mulher a sair do quarto e voltar para casa. A jovem obedeceu prontamente.
A senhora Mangione e todos aqueles que se estavam no quarto tiveram a sensação que a criança tinha ressuscitado. Porém, consciente de que Luísa não queria que se difundissem determinadas coisas, não falaram com ninguém sobre este acontecimento.
Rosária fechou as pequenas cortinas da cama de Luísa e pediu que todos saíssem, dizendo que Luísa devia recitar a ação de graças pela comunhão, que acabara de receber.
Nem sequer o seu confessor proferiu uma palavra, mas foi logo embora, juntamente com a mãe do bebê.
Alguns dias depois deste episódio, a tia Rosária disse à Angelina: «Aqueles dois – referindo-se ao irmão e à cunhada, que eram jovens esposos – devem deixar de ir ao teatro, se não ambos terminarão na cadeia».
Eis como se desenrolaram os fatos que levaram à presumível morte do recém-nascido.
Os jovens esposos, Francesco Bucci e Serafina Garofalo, eram apaixonados pelo teatro, que frequentavam assiduamente. Nasceu-lhes um filho, a quem deram o nome de Luís. Certa noite, no teatro de Corato, representavam uma ópera de Verdi, parece-me que era Rigoletto. A tentação foi tão forte que os dois colocaram o bebê no berço e foram ao teatro. Quando voltaram para casa – era quase no alvorecer do dia – encontraram a criança que se tinha virado no berço e se tinha sufocado. Tomados de pânico, o pai Francesco fugiu de Corato, enquanto que a mãe Serafina, desesperada, envolveu o bebê em uma coberta e levou-o a Luísa. Na nossa família nunca se falou deste episódio. Somente uma vez minha mãe, Serafina Garofalo, falou de uma criança ressuscitada mas, talvez persuadida por um escrúpulo de culpa, não falou de quem se tratava.
O que posso testemunhar é que minha mãe estava unida intimamente ao seu primogênito e nutria uma grande veneração por Luísa a Santa, a ponto de nos falar muito frequentemente dela. Também meu irmão Luigi alimentava a mesma veneração por Luísa. De fato, depois da condenação de 1938, a tia Rosária veio à nossa casa e quis queimar todos os objetos pertencentes a Luísa, mas meu irmão, que então tinha 18 anos e estava prestes a partir para o serviço militar, opôs-se com todas as suas forças. E quando lhe disseram que quem não obedece à Igreja vai para o Inferno, ele respondeu: «Vou para o Inferno, mas estas coisas não devem ser queimadas» e, por precaução, voltou a colocar todos os objetos pertencentes a Luísa em um pequeno receptáculo e levou-os consigo.
Hoje estes objetos estão com a minha cunhada, Rita Tarantino, e com os seus filhos, que os conservam ciosamente.
Isa Bucci e Luísa Piccarreta
A casa de Luísa era frequentada pelas minhas irmãs Luísa, Maria e Gemma, pelos meus irmãos Agostino, Luigi e o mais pequeno da família, Giuseppe, chamado Peppino.
Todos prestaram testemunho escrito de Luísa Piccarreta mas, por um certo sentido de pudor, limitaram-se ao essencial. De fato, conheço outros acontecimentos que se narravam no âmbito da família.
Minha irmã maior, Luísa, era quem mais frequentava a Serva de Deus, não como aprendiz mas como sobrinha da tia Rosária. Em várias ocasiões, ela ajudava a Angelina e a tia Rosária nos afazeres domésticos e com Luísa tinha um relacionamento de grande familiaridade. Com efeito, foi ela que assistiu Luísa de noite, durante a sua última enfermidade. Quando o médico garantiu que Luísa estava morta, foi ela que tomou a iniciativa de despojá-la, de revesti-la e de procurar estendê-la na cama.
Os cônjuges Francesco Bucci e Serafina Garofalo.
Eis o que ela disse, quando voltou para casa:
«Quando Luísa faleceu, criou-se um clima misto de veneração e de temor. Ninguém ousava tocá-la. A tia Rosária e a Angelina choravam e foram afastadas do quarto de Luísa. Procurei estendê-la na cama, mas a tentativa resultou impossível. De fato, ou levantava as pernas ou abria a boca, como se quisesse dizer: "Deixem-me estar!". Então, propus às presentes, entre as quais estava a sua sobrinha Giuseppina, de mudá-la imediatamente, antes que se enrijecesse. E assim procuramos fazer. Então, transportamo-la para o quarto adjacente, onde se preparou uma espécie de catafalco inteiramente branco. O que mais me admirou foi quando a transportávamos, pois tive a impressão que Luísa não pesava nada. Daqui compreendi como a tia Rosária muitas vezes a punha na cadeira de rodas, quando lhe arrumava a cama. No peito de Luísa foi colocado uma espécie de babadouro com a escrita FIAT e a cruz das terciárias dominicanas».
A camisa que tiraram de Luísa foi dobrada pela minha irmã e levada à Tia Rosária, que lhe disse: «Leva-a para casa». Hoje, esta camisa é conservada pela minha irmã Gemma.
A cruz das terciárias dominicanas, que Luísa vestia no leito de morte, e tirada do cadáver de Luísa no dia da sepultura, a tia Rosária sempre a trouxe consigo e hoje sou eu que a conservo ciosamente.
A cruz das terciárias dominicanas que pertenceu a Luísa Piccarreta, hoje conservada pelo Pe. Bernardino.
Gemma Bucci e Luísa Piccarreta
Quando éramos crianças, todos nós frequentávamos a casa de Luísa, de maneira especial as minhas irmãs, que também iam ter com ela para aprender os rudimentos do bordado. Minha irmã Gemma tinha quase a mesma idade minha e de bom grado ia com a minha tia Rosária quase todos os dias à casa de Luísa Piccarreta. Gemma era uma menina magra e franzina, muito querida à tia Rosária e a Luísa. Com efeito, ela recebeu o nome de Gemma precisamente de Luísa, que além disso sugeriu aos meus pais que me chamassem Giuseppe e fez mudar o nome o nome de minha de Giuseppina e Gemma. E foi assim que se fez: a mm deram o nome do pai terrestre de Jesus; e minha irmã, da idade de dois anos, foi sempre chamada com o nome de Gemma, embora não tenha sido possível mudar este dado no registro civil, em virtude das complicações burocráticas.
com muita confiança, Gemma entrava e saía do quarto de Luísa com muita confiança. Ela apreciava a sua vivacidade e dava-lhe a tarefa de reunir os alfinetes que caíam no chão. Certa vez, a pequena Gemma escondeu-se debaixo da cama de Luísa, talvez para fazer uma surpresa à tia Rosária, e foi testemunha involuntária de um fenômeno místico. Luísa tinha ao lado do seu leito uma pequena mesa de cabeceira, na qual havia um sino de vidro e dentro o Menino Jesus.
Em um certo momento, minha irmã percebeu algo de insólito: criou-se um grande silêncio e não se ouvia nem sequer a vozearia das moças que trabalhavam no quarto adjacente. Então, Gemma saiu de baixo da cama e viu o Menino que se tinha animado e estava nos braços de Luísa, que o beijava incessantemente. Gemma não se recorda quanto tempo esteve imóvel, contemplando esta cena; recorda apenas que, a um certa altura, sem que percebesse nada de estranho, tudo voltou à normalidade. A tia Rosária entrou como de costume no pequeno quarto e Luísa trabalhava com o seu bordado, como era o seu hábito. Este episódio nunca me foi revelado pela minha irmã durante a sua infância.
Ela conservou ciosamente no seu coração este acontecimento. Só tomei conhecimento deste evento mais tarde, depois do seu testemunho (agora, as atas) prestado durante o processo diocesano de canonização. Julgo que a assistência de Luísa a minha irmã Gemma foi contínua. A propósito, fui testemunha de uma graça especial.
Quando lhe nasceu o segundo filho, devido à inexperiência do médico e dos seus assistentes, minha irmã correu o risco de morrer. De fato, durante o parto dilacerou-se o útero, provocando uma hemorragia terrível. O médico saiu da sala operatória e dirigiu aos familiares estas palavras assustadoras: «Salvamos a criança, mas no que se refere à mãe, não há mais nada a fazer». Enquanto os outros desataram em lágrimas, veio-me à mente a camisa de Luísa. Fui imediatamente à casa paterna em Corato. Acordei a tia Rosária no meio da noite e contei-lhe o que acontecia; então, pedi-lhe a camisa que ela, chorando, tirou para fora da cômoda. Voltamos juntos ao hospital de Bisceglie e recomendemos a uma enfermeira que pusesse a camisa debaixo da cabeça de Gemma, o que se fez com extrema prontidão. O médico-chefe já tinha ido embora mas logo em seguida vimos o seu assistente, que nos disse: «Se me autorizam, opero-a imediatamente». O consentimento foi concedido, embora o marido de Gemma tenha dito: «Se está inconsciente, opera-a; caso contrário, é inútil fazê-la sofrer mais ainda».
Chegou um amigo do meu cunhado, enfermeiro no hospital psiquiátrico de Bisceglie, que se dispôs a doar seis litros de sangue necessários para a transfusão. A operação obteve resultados positivos e Gemma salvou-se. A tia Rosária viu neste episódio a mão de Luísa.
Eis a narração de Gemma: «Enquanto o médico me operava, vi Luísa perto da minha cama e tinha nos braços o Menino, que me disse: "Isto é para o Paraíso; quanto a ti, tu viverás por muito tempo". E não sei como, mas eu estava consciente de que debaixo da minha cabeça se encontrava a caminha de Luísa"». No dia seguinte, misteriosamente, o recém-nascido adoeceu de bronquite aguda e, assim que o batizei, faleceu.
Toda a minha família considerou este episódio um verdadeiro e próprio milagre. Infelizmente, nessa época ainda não se pensava no processo de canonização e, por conseguinte, não se pensou em recolher os testemunhos do cirurgião e dos enfermeiros, que também estavam convencidos de que minha irmã só se salvou por um milagre, uma vez que o seu caso clínico era singular e inexplicável.
D. Giuseppe Bianchi Dottula, arcebispo de Trani, o primeiro a interessar-se pela Serva de Deus Luísa Piccarreta.
Federico Abresch, terciário franciscano. Por vontade do Padre Pio de Pietrelcina, ele foi o primeiro apóstolo da Vontade Divina em São João Redondo, além de divulgador dos escritos de Luísa Piccarreta.
CAPÍTULO 8
Uma cura
Uma vizinha de casa narrou um episódio que teve lugar em 1935.
A sua cunhada estava morrendo devido a um tumor na cabeça.
Na sua casa ficara somente uma filha, Nunzia, porque o pai e os dois irmãos tinham sido chamados às armas para a conquista da Etiópia.
Essa família possuía muitos hectares de terra.
A moça apelou à tia Rosária para ter um diálogo com Luísa, alimentando no coração a esperança da cura.
Comovida pelo pedido da jovem, a tia Rosária prometeu ajudá-la e falou sobre esse assunto a Luísa, que então pronunciou estas palavras: «Não deve vir à minha procura, porque não sou capaz de fazer milagres; e se ela não vier, rezarei de igual forma ao Senhor em seu favor. Entretanto, transmite-lhe esta mensagem: na igreja de Santa Maria Grega celebra-se o "Lausperene". Que vá rezar ao Senhor a quem poderá pedir todas as graças de que tem necessidade, mas diz-lhe que o faça com grande fé».
Quando recebeu a mensagem, a moça ficou decepcionada. Agradar-lhe-ia ter encontrado diretamente Luísa para expor-lhe os seus problemas.
A tia Rosária percebeu a atitude da jovem e disse-lhe: «Faz o que Luísa te disse!». Com efeito, tia Rosária conhecia Luísa muito bem e sabia interpretar as suas palavras.
A jovem foi à igreja, ajoelhou-se diante do Santíssimo e desabafou livremente toda a sua dor.
Depois de cerca de duas horas voltou para casa e notou um grande silêncio. Na sua ausência, uma parente que ela tinha deixado em casa para assistir a mãe, afastara-se.
Nunzia entrou no quarto de dormir e viu uma cena terrificante: sua mãe encontrava-se imersa em um lago de sangue, que tinha impregnado completamente a cama.
Diante deste espetáculo, a pobre moça lançou um brado de dor, pensando que ela estivesse morta; mas aconteceu algo incrível. Sua mãe levantou-se como que de uma prolongada letargia, perguntando admirada o motivo daquele grito.
O tumor liquefez-se, saindo da cabeça inchada através do nariz, espalhando-se sobre a cama.
Ela estava perfeitamente curada.
Alguns dias depois, Nunzia e sua mãe foram visitar Luísa para agradecer-lhe, mas não foram recebidas, porque a Serva de Deus mandou dizer que nada sabia dessa graça e nada tinha a ver com esse caso, expressando-se com estas palavras: «Que vão agradecer ao Senhor a graça recebida!» (1).
O capricho dos cavalos
Em 1970, quando eu era vice-pároco da paróquia da Imaculada em Barletta, além de assistente local e regional da Juventude Franciscana, depois da Missa dominical das 10 horas dedicada aos jovens, enquanto me despojava dos paramentos sagrados, a senhora Lívia D'Adduzzio entrou na sacristia. Após me ter ouvido falar de Luísa Piccarreta durante uma homilia, disse-me que era de Corato e que a tinha conhecido quando era jovem.
Prestei muita atenção às palavras da senhora D'Adduzzio, terciária franciscana, e assídua frequentadora da paróquia.
Ela era a esposa de Savino D'Adduzzio, um grande benfeitor do convento: foi ele que financiou os grafites do Padre Ugolino de Belluno, realizados no santuário.
A família D'Adduzzio era bastante rica e possuía muitos terrenos, mas os cônjuges Savino e Lívia não tinham filhos.
Marquei um encontro com a senhora D'Adduzzio para juntos registrarmos as suas recordações da Serva de Deus. No dia seguinte, às nove horas da manhã, fui à casa D'Adduzzio que se situava na rua Milano, a cerca de 50 metros da paróquia.
A senhora D'Adduzzio era bem informada sobre a vida e os fenômenos concernentes à figura de Luísa, alguns dos quais eu ignorava completamente. Disse-me também que conhecia bem a tia Rosária e a Angelina, irmã de Luísa, e que também assistira ao funeral da Serva de Deus.
Entre as inúmeras coisas que narrou, falando com entusiasmo, chamou a minha viva atenção para o fenômeno dos cavalos, que eu desconhecia. Pedi que me repetisse várias vezes o episódio e tomei apontamentos.
Eis o seu testemunho: «Em 1915 eu era uma menina de dez anos e estava com minha mãe em Santa Maria Grega, onde solenemente se oficiam os santos "Lausperenes". Enquanto escutávamos a reflexão eucarística do sacerdote, sentimos uma confusão que vinha de fora da igreja, palavras e gritos de um homem que dizia: «iá, iá», e ruído de chicotadas.
Todos os meninos que se encontravam na igreja, curiosos, saíram de repente, seguidos pelo sacerdote e por alguns fiéis. Observamos dois cavalos ajoelhados diante da igreja, ligados a uma carroça fechada.
O sacerdote compreendeu imediatamente de que se tratava e, ajoelhando-se, disse: "É Luísa a Santa que está adorando Jesus Eucarístico!".
Todos nos ajoelhamos em grande silêncio e, depois de algum tempo, o sacerdote abriu a porta da carroça e disse algumas palavras a Luísa; em seguida, prontamente os cavalos levantaram-se e partiram.
Todos nós voltamos para dentro da igreja e continuamos a escutar a meditação do presbítero».
Depois do resumo, dirigi-lhe algumas perguntas: «Está certa de que nessa carroça estava precisamente Luísa? Daquilo que sei, Luísa nunca saía de casa».
«Isto é verdade – respondeu-me – as suas saídas eram raríssimas e noturnas, motivadas unicamente por fatores higiênicos, para eliminar os parasitas dos colchões de palha ou de lã, de forma especial dos as pulgas e os percevejos, comuns no ambiente campestre».
«Como pode afirmar que os cavalos se ajoelharam par dar a Luísa a possibilidade de adorar Jesus Eucarístico?».
«Só posso dizer que todos acreditaram em um milagre e que o fenômeno foi objeto de debates em toda Corato. Certamente, havia muitos que não acreditavam, de modo especial os sacerdotes, os quais pregavam que Luísa nada tinha a ver com isto, que se tratava apenas de um capricho dos cavalos, que por acaso tinham parado diante da igreja de Santa Maria Grega, negando que nessa carroça estivesse Luísa».
Fiz-lhe a última pergunta: «Está certa de que Luísa estava dentro dessa carroça?». «Certíssima – respondeu-me. Vi Luísa na carroça quando o sacerdote abriu a porta e lhe falou. Parece-me que o sacerdote era o Pe. Gennaro di Gennaro».
«Mas era o confessor de Luísa, delegado pelo bispo?», respondi-lhe.
«Não sei, mas só posso afirmar que era um santo sacerdote, estimado em toda Corato e tinha recebido uma graça de Luísa».
Com estas palavras terminou o colóquio com a senhora D’Adduzzio (2).
O cenáculo da rua Panseri
Corriam os anos de 1943-1944. Na rua Panseri, minha família tinha um forno que rendia muito bem.
Ao lado do forno morava a tia Nunzia, irmã de minha mãe que, tendo ficado viúva, voltou a casar-se com um camponês viúvo, a quem chamávamos zi' Ciccil. Diante da casa da tia morava uma família muito pobre e numerosa; o seu patrimônio era constituído unicamente de uma vaca. Eles viviam do lucro da venda do leite e de algumas atividades, como pequenos furtos e outras coisas análogas.
A mãe de família chamava-se Maria, que todos denominavam Mariazinha, a vaqueira.
Porém, esta família havia algo de especial: na sua casa reuniam-se os habitantes da rua e, em redor de um grande fogo, convidavam um velho cego que, tocando o seu mandolim, cantava episódios que caracterizavam os acontecimentos antigos e recentes da cidade. Cantando, ele encantava todos: é uma pena que nessa época não existissem gravadores, de forma a poder reunir todas as suas composições musicais.
Enquanto cantava, a pedido narrava fatos realmente acontecidos.
Era um rapsodo, um Homero em miniatura. As suas belíssimas narrações iam de temas religiosos a trágicos, de exemplares a heróicos, como a descrição de uma mãe que aceitou morrer para salvar o filho perseguido pelos garibaldinos.
Eu, que nessa época era um menino de 9-10 anos, gostava de frequentar esse cenáculo em companhia da tia Nunzia. Recordo que me sentava no colo do filho mais velho de Mariazinha, chamado Pascoal.
Em uma noite muito fria, o cego decantou as gestas de Luísa a Santa, descrevendo-a como uma grande heroína, suspensa entre o céu e a terra, entre os anjos e os santos. Dois episódios impressionaram-me de maneira particular: Jesus que lhe falava enquanto carregava a cruz nas costas e o episódio da «Torre Desesperada», onde o Menino brincava e corria no meio dos campos de trigo, de mãos dadas com a pequenina (a franzina Luísa).
Quando narrei estes episódios em casa, minha mãe proibiu-me de frequentar aquela família e repreendeu também a tia Nunzia.
Quando ouvia coisas semelhantes sobre Luísa, a tia Rosária perturbava-se grandemente e pedia ao meu pai que chamasse a atenção do velho cantor cego a fim de que cancelasse Luísa a Santa do seu repertório.
Para a minha tia, tudo isto constituía uma profanação.
Quando cresci, pensei muitas vezes nesse velho cego: se tivéssemos a possibilidade de gravar todas as suas composições musicais a respeito de Luísa, talvez pudéssemos ter um inteiro poema sobre a Serva de Deus. Uma coisa é certa: Luísa impressionou tão fortemente o ambiente de Corato a ponto de ser considerada uma heroína de santidade.
O cavalo curado
Em Corato, especialmente nas noites de Inverno, as famílias reuniam-se geralmente em uma mesma casa em redor do fogo e era muito lindo ouvir tudo o que os anciãos narravam. Entre os episódios antigos e novos que se narravam da cidade havia muitos cujo objeto era Luísa a Santa.
Foi precisamente durante um destes cenáculos populares que ouvi o episódio do cavalo. Um homem muito idoso, quase centenário, narrava o episódio do cavalo em dialeto de Corato nessa época ainda puro, com palavras cheias de vida e com gestos significativos.
Eis a sua narração:
«Quando eu era criança, morava na rua Murge, perto da casa de Luísa a Santa. Eu era um jovenzinho em língua vernácula, "carusiddu" – quando à sua pobre família aconteceu uma desgraça: certa manhã encontraram o seu cavalo moribundo no chão da estrebaria. Chamaram o veterinário, que aconselhou ao pai de Luísa a vender imediatamente o cavalo ao açougueiro para obter pelo menos um pequeno lucro, dado que o pobre animal tinha pouco tempo de vida.
Esta notícia provocou uma grande angústia em toda a família Piccarreta, pois o cavalo representava um meio necessário para o seu sustento.
A família Piccarreta não era rica; a sua renda era constituída unicamente do trabalho do pai. Quando ouviu esta notícia, o compadre Nicola disse com grande dor: "E agora como continuaremos? E – referindo-se às filhas, perguntou-se - quem dará de comer a estas cinco meninas?".
Toda a família e a vizinhança estavam na estrebaria, exceto Luísa, que nessa época tinha quatro anos de idade e tinha uma grande afeição pelo cavalo. Sua mãe não permitiu que Luísa descesse à estrebaria, para não sentir dor.
Toda a família morava em alguns ambientes reservados do edifício dos senhores dos quais o pai era empregado e para os quais trabalhava na fazenda de Torre Desesperada.
Mas a criança – em língua vernácula, "mnen" – tanto insistiu que enfim desceu até à estrebaria.
A esta cena assisti pessoalmente.
Luísa aproximou-se do cavalo, acariciou-o na cabeça, chamou-o pelo nome e disse: "Não morras, porque te quero bem".
Ao ouvir estas palavras, o cavalo levantou-se prontamente.
O veterinário constatou que a febre desapareceu e o cavalo voltou a ser sadio como um "peixe".
A mãe Rosa tomou a filha nos braços e disse: "Minha filha", e levou-a embora.
Todos ficaram surpresos diante de um fato deste tipo e, durante algum tempo no bairro da rua Murge não se falava senão do cavalo curado. Nessa ocasião, uma senhora idosa disse: "Sobre essa criança está o dedo de Deus, e toda Corato ficará encantada pelas coisas que acontecerão"».
Assim terminou a narração do velhinho quase centenário.
O soldado noivo
Uma senhora muito idosa, que se chamava Maria Doria e era minha conhecida, narrava que sua mãe, coetânea de Luísa, durante o Verão ia à região de Torre Desesperada, a uma fazenda próxima daquela em que morava a família Piccarreta.
Esta senhora conhecia perfeitamente os fenômenos que diziam respeito à pequena Luísa Piccarreta, episódios estes ricos de pormenores, que lhe eram narrados pela sua mãe.
Quando era criança, sua mãe entretia-se e brincava com Luísa e as suas irmãs, as amigas mas íntimas.
Muitas vezes observavam que Luísa brincava com um rapaz desconhecido.
No início pensavam que viesse de um povoado vizinho.
O caso singular era que brincava e falava somente com Luísa e em um determinado momento ia embora.
As irmãs e as amigas perguntavam-lhe quem era esse rapaz.
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