21.07.2008 - Jornais italianos, organizações de liberdades civis e um arcebispo expressaram revolta nesta segunda-feira depois da publicação de fotos de banhistas aparentemente aproveitando um dia de sol na praia de Torregaveta, no oeste de Nápoles, a apenas alguns metros do local onde estavam os corpos de duas meninas ciganas que haviam morrido afogadas momentos antes, segundo informações da CNN.
Segundo a agência Ansa, no último sábado, duas meninas foram vistas nadando com duas outras garotas ciganas que teriam ido à praia para mendigar e vender artesanato. Testemunhas afirmaram que as quatro enfrentaram ondas grandes e fortes correntes. Dez minutos depois, os serviços de emergência chegaram e dois salva-vidas atenderam aos gritos das meninas. Duas delas foram salvas.
As outras duas, no entanto, não conseguiram ser resgatadas a tempo e morreram afogadas. Seus corpos foram colocados na areia e cobertos com toalhas até a chegada da polícia. Segundo a CNN, os banhistas que estavam a praia mostraram indiferença ao ver a cena. Nesta segunda-feira, o caso ganhou destaque em jornais italianos. "Enquanto os corpos sem vida estavam na areia, pessoas tomavam banho de sol ou almoçavam a poucos metros do local", escreveu o jornal La Repubblica.
A publicação Corriere della Sera disse que o grupo de curiosos ao redor dos corpos rapidamente se dispersou. "Poucos deixaram a praia ou deixaram de tomar sol. Quando as autoridades responsáveis pela retirada dos corpos chegaram, uma hora depois, as meninas foram carregadas entre as cadeiras dos banhistas", escreveu o jornal. O incidente também chamou a atenção do arcebispo de Nápoles.
Em seu blog, o cardeal Crecenzio Seppe escreveu que "a indiferença não é uma emoção para os seres humanos". O caso pode acirrar as tensões entre as autoridades italianas e as minorias ciganas, segundo a rede CNN. Nas últimas semanas, o primeiro-ministro Silvio Berlusconi intensificou a luta contra a imigração ilegal e ordenou a identificação de todos os ciganos de Roma.
Redação Terra