Sinal dos Tempos: A pobreza é tanta no Haiti que até barro vira alimento


29.05.2008 - Em sua segunda visita ao Haiti, o presidente Lula prometeu ampliar a ajuda ao país mais pobre das Américas, além de aumentar o contingente brasileiro nas forças de paz da ONU.

O presidente do Haiti, René Preval, aproveitou a visita para pedir mais força policial e menos militar. Segundo Preval, a criminalidade ainda é um problema grave.

A periferia de Porto Príncipe é o retrato de um país que passou por golpes militares e conflitos armados, 80% da população do Haiti vive com apenas US$ 2 por dia.

Em cada três haitianos, dois não têm emprego formal. Um homem diz que falta dinheiro para comer e pagar a escola dos filhos.

As feiras no Haiti são sempre cheias. É possível se encontrar de tudo. A iguaria mais interessante aqui é este biscoitinho aqui o "tê" que é feito de argila, manteiga e sal.

É isso mesmo. A pobreza é tanta que até barro vira ingrediente. O vendedor prova um pedacinho e afirma: "É bom".

No mês passado, o aumento no preço dos alimentos provocou violentas manifestações nas ruas de Porto Príncipe. Seis pessoas morreram e o primeiro-ministro caiu. O protesto chegou perto do Palácio Nacional, que foi protegido pelas tropas da ONU, lideradas pelo Brasil.

As tropas brasileiras estão no Haiti desde 2004, tentando garantir a paz e estabilizar o país. Mas só a presença ostensiva das tropas não resolve.

"Para o Haiti ter paz, falta desenvolvimento, falta criação de emprego, e não é de altíssimo nível, empregos elementares. Para que as pessoas possam ter um salário mínimo", fala o general Carlos dos Santos Cruz, comandante da Missão da ONU - Haiti.

O homem que chefia sete mil militares de 18 países é um gaúcho, o terceiro brasileiro a comandar a missão no Haiti.

Os militares brasileiros são trocados a cada semestre. No momento, estão no Caribe, militares do Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Eles são responsáveis também por distribuir a comida e fazer ações sociais nos bairros mais pobres.

Balões, cordas e a bola de futebol têm provocado o que é raro por aqui: sorrisos.

Fonte: Jornal da Globo

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Lembrando...

ONU alerta para crise global real com alta de alimentos.

25.04.2008 - O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, fez hoje um alerta sobre a disparada dos preços dos alimentos, afirmando que a questão se tornou "uma crise global real".

Segundo ele, a ONU, assim como todos os membros da comunidade internacional, está muito preocupada, e uma ação imediata e conjunta é necessária para remediar o problema.

O secretário falou aos repórteres em Viena, na Áustria, onde discute com líderes mundiais sobre uma maior cooperação entre a ONU e a União Européia.

No domingo, Ban Ki-moon já havia falado sobre a alta dos preços dos alimentos. Na ocasião, ele afirmou que a alta global dos preços ameaça os esforços mundiais contra a pobreza e, se não for enfrentada de forma apropriada, pode afetar o crescimento e a segurança de todo o mundo.

"Se não for enfrentada de forma apropriada, essa crise pode resultar em uma série de outras e se tornar um problema multidimensional que afeta o crescimento econômico, o progresso social e mesmo a política de segurança em todo o mundo", disse ele.

Na quinta-feira, o Programa Mundial de Alimentação da ONU pediu milhões de dólares para lidar com a alta dos preços dos alimentos no mundo, que vem gerando protestos e agitações sociais em dezenas de países e resultou na proibição da exportação de alimentos em cerca de 40 países.

Josette Sheeran, diretora-executiva do programa, afirmou que a agência da ONU está enfrentando um aumento de 40% nos custos dos alimentos desde que preparou seu orçamento de US$ 3,1 bilhões para 2008. Com o orçamento, a ONU oferece comida para refugiados e vítimas de desastres naturais. O programa geralmente ajuda entre 80 milhões e 90 milhões de pessoas por ano e é totalmente financiado por contribuições voluntárias.

O programa pediu um adicional de US$ 755 milhões para cobrir o aumento dos preços, mas recebeu até agora 63%, cerca de US$ 475 milhões. Se os doadores não fornecerem os US$ 280 milhões restantes, "precisaremos abrir mão de alguns programas nas próximas semanas", alertou. "Então estamos em uma situação em que temos que fazer sérias escolhas", disse ela. "Estamos estudando onde está a maior vulnerabilidade e quais programas podemos manter

Fonte: G1

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