Papa pede a jovens que sejam fora da moda, que passa rapidamente
19.05.2008 - O Papa Bento XVI, que neste final de semana realizou visitas pastorais em Dioceses italianas, na manhã deste domingo, 18, deixou o Santuário de Nossa Senhora da Guarda, nas proximidades de Gênova, e se dirigiu ao Hospital Pediátrico Giannina Gaslini, onde cerca de três mil pessoas o aguardavam. O Papa esteve, ainda, na praça Matteoli, de onde se dirigiu a cerca de 5 mil jovens. Em sua mensagem, pediu que sejam 'fora de moda': "As modas passam rapidamente, são uma corrida frenética. A juventude da bondade, ao contrário, fica para sempre. Posteriormente, recitou o Ângelus e concluiu sua viagem pastoral presidindo uma Missa na Praça da Vitória.
O Santo Padre percorreu os arredores do Instituto com o papamóvel, a fim de que todos pudessem vê-lo. No pátio interno do Hospital, fez um discurso aos funcionários, às autoridades civis e a alguns pacientes.
"Pensando nas crianças doentes, Bento XVI recordou que Jesus, com palavras duras, alertou contra o desprezo e o escândalo em relação a elas, apontando-as como "modelos a serem seguidos em sua fé espontânea e generosa, em sua inocência".
O Papa dirigiu palavras de encorajamento às crianças internadas e às suas famílias: "Nos momentos de trepidação e esperança, recordem-se que Deus jamais os abandonará. Fiquem unidos a Ele e nunca perderão a serenidade, nem mesmo nos momentos mais tristes e sombrios". No final de seu discurso, Bento XVI declarou que esta visita ao Hospital Pediátrico ficará impressa em seu coração.
Discurso aos jovens
Bento XVI se dirigiu então à praça Matteoli, no centro de Gênova, para um encontro com cerca de cinco mil jovens da Diocese, que o receberam com muito entusiasmo, mesmo com muita chuva.
"A verdadeira juventude, não é uma questão de idade, de vigor físico, de forma física, de eficiência. Teoricamente, a juventude deve ser sinônimo de alegria, mas nem sempre é assim. Existem, infelizmente, muitos jovens que são velhos dentro, que se arrastam, mesmo quando possuem bens como a cultura, um emprego satisfatório, relações sociais e perspectivas", disse.
"Sejam unidos, ajudem-se a viver e crescer na fé e na vida cristã, mas não se fechem; sejam humildes, mas não alienados; sejam simples, mas não ingênuos. Pensem, mas não sejam complicados; dialoguem com todos, mas continuem si mesmos", disse o Papa, exortando os jovens.
Para Bento XVI, que tem 81 anos, "ser jovem significa descobrir coisas que não passam com o correr dos anos". E continuou: "Quando um jovem descobre os valores verdadeiros e nobres, não envelhece nunca, mesmo que o corpo siga as leis da natureza. Permanece jovem sempre no coração e irradia juventude, ou seja, bondade, porque a bondade prescinde do passar do tempo".
"Podemos dizer que somente quem é bom e generoso é realmente jovem", dise. Assim, pediu a eles que sejam jovens 'fora de moda': "As modas passam rapidamente, são uma corrida frenética. A juventude da bondade, ao contrário, fica para sempre. Aliás, será perfeita e resplandecente no Céu, com Deus", recordou.
Ângelus
No final do encontro com os jovens, do palco montado no centro da praça, o papa rezou a oração do Ângelus em conexão com a Praça São Pedro e várias emissoras de rádio e canais televisivos. A oração mariana foi precedida, como sempre, de algumas palavras.
Bento XVI foi muito aplaudido quando citou seu predecessor, João Paulo II, que, assim como ele, quis iniciar sua visita pastoral a Gênova com uma benção do Santuário de Nossa Senhora da Guarda.
"O templo, no alto de uma colina, domina a cidade e vela por seus habitantes". Assim, o papa confiou a cidade a Maria, invocando a sua materna assistência aos pastores, às pessoas consagradas e aos leigos: anciãos, famílias e jovens.
Em seguida, o Papa recordou a história da região da Ligúria, constelada por igrejas e santuários, entre mares e montes, e agradeceu a Deus pela fé robusta e tenaz das últimas gerações, que escreveram páginas memoráveis de civilização. "Gênova sempre foi uma terra aberta ao Mediterrâneo e a todo o mundo. Vários missionários partiram deste litoral em direção às Américas e a terras distantes."
Papa pede pribição das bombas de fragmentação
Antes de conceder a benção apostólica, Bento XVI pediu a atenção dos jovens para uma questão importante: "Amanhã, terá início em Dublin, na Irlanda, a Conferência sobre as minas de fragmentação. Esta reunião foi convocada com o objetivo de elaborar uma Convenção para proibir esses explosivos. Espero que, com a responsabilidade de todos os participantes, se produza um instrumento internacional forte e crível: é preciso remediar os erros do passado e evitar que se repitam no futuro. Acompanho com minha oração as vítimas dessas armas e suas famílias, assim como aqueles que participam da Conferência, formulando meus votos de sucesso", disse o pontífice.
Estarão ausentes na Conferência de Dublin Estados Unidos, China, Rússia, Índia, Paquistão e Israel, países que são contra a proibição dessas armas particularmente letais para os civis, recentemente utilizadas no Iraque.
Encontro com os religiosos
Da praça Matteoti, o Papa se dirigiu à Catedral de São Lourenço, para um breve encontro com a assembléia religiosa da Catedral e os membros da vida consagrada. Em seu discurso, Bento XVI encorajou os religiosos e as religiosas, pedindo-lhes que continuem presentes e levando adiante suas obras, não obstante a diminuição em número e em forças.
Ao entrar na catedral, o Papa foi acolhido pelo bispo auxiliar de Gênova, Dom Luigi Ernesto Palletti, e pelos cônegos que prepararam para Bento XVI diversos presentes, como livros e decorações litúrgicas. Recebido com grande calor, o Santo Padre renovou seu alerta para o "desafio educativo", o dever mais urgente, já que, "sem uma autêntica educação, o homem não vai longe".
"Devemos ajudar os pais em seu extraordinário e difícil dever educativo; devemos ajudar as paróquias e os grupos; continuar a disponibilizar, mesmo que com sacrifícios, escolas católicas, grande tesouro da comunidade cristã e verdadeiro recurso do país", exortou.
Santa Missa
Da Catedral, o Papa se dirigiu ao seminário diocesano, onde almoçou com os bispos da região da Ligúria e descansou antes de voltar à Praça da Vitória, para presidir, na parte da tarde, à Santa Missa, da qual participaram cerca de 100 mil fiéis.
Em sua saudação, o anfitrião, Cardeal Angelo Bagnasco, disse que o povo genovês tem uma fé rica de caridade, feita de assistência e solidariedade aos pobres e aos mais necessitados. É um povo generoso, inclusive quando, como hoje, sofre com problemas ligados ao trabalho, à moradia e ao custo de vida. Mas não carece de dignidade e brio, reagindo sempre e ativando sinergias entre os recursos disponíveis.
Nesse contexto, em sua homilia, o Papa afirmou que em nossa sociedade, dividida entre globalização e individualismo, a Igreja é chamada a oferecer o testemunho da "koinonia", da comunhão. Por isso, Bento XVI pediu a adultos e jovens que cultivem uma fé raciocinada, capaz de dialogar profundamente com todos, com os irmãos não-católicos, não-cristãos e ateus.
"Prossigam com sua generosa compartilha com os pobres e mais frágeis, segundo a praxe originária da Igreja". A toda a cidade, aos genoveses e a todos os que vivem e trabalham nesta terra, o Papa pediu que olhem ao futuro com confiança, tentando construí-lo juntos, colocando o bem comum antes de nossos interesses pessoais, mesmo que legítimos.
Aos jovens comprometidos no caminho vocacional, Bento XVI exortou a não terem medo de um itinerário formativo sério e exigente. E na conclusão da Missa, lançou um apelo a crescer na dimensão missionária: "De fato, a Trindade é ao mesmo tempo unidade e missão: quanto mais intenso é o amor, mais forte é o impulso a difundir-se, a dilatar-se, a comunicar-se".
Logo após a cerimônia, por volta das 20h locais, o Papa voltou para o Vaticano.
Fonte: Rádio Vaticano