Clonar seres humanos continua sendo uma loucura, afirma Nobel de Medicina
09.12.2007 - Oliver Smithies, o geneticista que receberá na segunda-feira o Nobel de Medicina por seu estudo da recombinação genética em ratos, explicou hoje à Agência Efe que "não só por uma questão moral, mas pela atual incapacidade técnica, continua sendo uma loucura clonar seres humanos".
Smithies foi agraciado, junto ao ítalo-americano Mario Capecchi e o britânico Martin Evans, devido a um estudo em que conseguiram "construir os modelos animais de doenças sanguíneas como a anemia e a arteriosclerose".
A grande conquista dos pesquisadores foi extrair e inativar o gene de um rato e, depois, escolher o gene exato antes de intervir, que é o que "marca a diferença" e permite "observar claramente o que ocorre com o animal".
Martin Evans encontrou o meio necessário para criar estes animais modificados geneticamente nas células-tronco embrionárias e mostrou seu trabalho a Smithies.
Desta forma, e graças ao trabalho que ele mesmo e Capecchi tinham realizado nos anos 80, iniciou-se o caminho para o sucesso da pesquisa.
"Desde o início sabia que, se conseguíssemos realizar com sucesso estes estudos, seria algo muito importante", afirmou.
"Por enquanto, esta descoberta não é útil para os humanos", reconhece, enquanto concentra seus esforços neste objetivo, que pode ser alcançado em "10 ou 20 anos, ou talvez em dois, nunca se sabe".
Se a nova pesquisa tiver sucesso, ela ajudará a reduzir riscos como os da rejeição aos órgãos transplantados.
Nascido em 1925, o cientista considera que, após o prêmio ser dado em 2006 também a geneticistas, este campo científico é "muito importante na Medicina atual".
Smithies, nascido no Reino Unido, naturalizou-se americano e revelou hoje que parte da percentagem a que terá direito dos dez milhões de coroas suecas do prêmio (US$ 1,55 milhão) será destinada a "algumas das universidades" nas quais trabalhou.
Fonte: UOL notícias
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Lembrando...
Médicos Católicos pedem a proibição da clonagem.
Após o anúncio da clonagem de embriões humanos, a «Federação Mundial de Associações de Médicos Católicos» («FIAMC», por suas siglas em francês) pediu uma proibição total desta prática.
Em um comunicado, a organização internacional questiona a experiência de cientistas da Universidade Nacional de Seul --chefiados pelo professor Hwang Woo Suk-- que foi mencionada na revista «Science» e que foi apresentada em 12 de fevereiro passado na reunião da «Associação Americana para o Avanço da Ciência», que congregou em Seattle (estado de Washington) milhares de cientistas de todo o mundo.
A equipe coreana pode clonar de 242 óvulos, uma etapa precoce do embrião humano, conseguindo a obtenção de células estaminais viáveis.
Isso «cria importantes perguntas para toda a comunidade médica e científica», considerando também que os cientistas coreanos apresentaram seus resultados orientados ao tratamento de importantes enfermidades, adverte o texto assinado pelo professor Gian Luigi Gigli, presidente da FIAMC --que representa trinta mil médicos de mais de cinqüenta países dos cinco continentes--.
Por um lado, a FIAMC constata que «é imoral investir em tais pesquisas enormes fundos --também públicos-- subtraindo-os de soluções para tragédias planetárias como a Aids, a malária ou a desnutrição».
Também desqualificam o fato de apresentar os futuros resultados «como um dom para a humanidade, quando é sabido que o tratamento será muito custoso» e que «as indústrias estão interessadas em investimentos colossais».
Mas também é imoral «seguir buscando o apoio da opinião pública para estes projetos prometendo o iminente tratamento de muitas enfermidades crônicas, ainda que não haja certeza alguma de verdadeira aplicação clínica durante muitíssimos anos».
«Ainda mais importante --sublinha a FIAMC-- é advertir que estes projetos são imorais porque os pesquisadores devem matar aos embriões humanos clonados para extrair deles as células estaminais».
«Não é aceitável do ponto de vista ético sacrificar deliberadamente a nenhum ser humano --insiste--, ainda que seja com a finalidade de aliviar os problemas e saúde de outros seres humanos».
Contudo, «a pesquisa sobre as células estaminais adultas, ainda que já tenha produzido importantes resultados, inclusive clínicos, é rodeada de silêncio», denuncia a FIAMC.
Além disso, adverte sobre o perigo de «promover o uso das células estaminais embrionárias sem considerar seu elevado potencial de crescimento incontrolado» e do risco de que a falta de respeito na clonagem com fins e pesquisa conduza à clonagem para produzir crianças em série.
Por tudo isto, a «Federação Mundial de Associações de Médicos Católicos» pede «a proibição total da clonagem de embriões humanos» e a promoção da «pesquisa nas células estaminais adultas».
ZENIT