Estados Unidos temem pesadelo nuclear no Paquistão
17.11.2007 - Os Estados Unidos nada poderiam fazer para impedir que armas nucleares paquistaneses caiam em mãos de radicais islâmicos devido à crise política atual no Paquistão, de acordo com a opinião de especialistas.
É por isso que, segundo eles, Washington não tem outra escolha senão ajudar a resolver esta crise e manter suas ligações privilegiadas com a elite militar pró-ocidental, quer o presidente Pervez Musharraf se mantenha ou não no poder.
Segundo Daniel Markey, um ex-alto funcionário do departamento de Estado que trabalha hoje para o centro de política internacional Council of Foreign Relations, a hipótese de uma tomada de poder por parte dos islâmicos seria "horrível" - porque obrigaria as forças armadas americanas a localizar e a proteger as instalações nucleares paquistanesas. Para este analista, "é impossível ter a certeza de encontrar" tais instalações devido à falta de informações da inteligência sobre o assunto.
Evitar este "cenário de pesadelo" pressupõe "boas relações de trabalho" com o exército paquistanês, mas "isso não significa que apoiamos um ditador", declarou à AFP.
Se o governo americano decidir deixar de apoiar Musharraf, deverá tomar cuidado para não romper as relações com as instituições paquistanesas. "É esse equilíbrio que é complicado", explicou o especialista.
Leonard Spector, diretor adjunto do James Martin Center for Non-Proliferation Studies em Monterey (Califórnia, oeste dos EUA), também considera que não existem opções militares. "A idéia de que vamos intervir de uma forma ou de outra é uma possibilidade muito remota", afirmou.
Estima-se que o Paquistão, o único país muçulmano a contar com a bomba atômica, possua cerca de 50 armas nucleares.
Por enquanto, o governo americano busca provavelmente a garantia de Musharraf de que sua cadeia de comando é operacional, e que ela se tornará perene em caso de transferência do poder.
"Isso só será um problema em caso de mudança completa da sociedade. E mesmo neste caso, acredito que encontraremos um militar leal" para proteger o arsenal nuclear, declarou Spector.
Para Andrew Koch, analista especializado na segurança e na defesa da consultoria Scribe Strategies and Advisors, as armas nucleares do Paquistão estão, por enquanto, nas mãos de "uma elite pró-ocidental muito profissionalizada".
Além disso, os talibãs e a Al-Qaeda não poderiam utilizar material apreendido durante uma operação porque os núcleos de matéria físsil não estão estocados nos mesmos lugares que o restante das armas.
Entretanto, segundo Koch, alguns cientistas que trabalham neste programa são suspeitos de manter vínculos com extremistas e poderiam passar informações confidenciais sobre a fabricação de bombas nucleares. Este risco será maior com a continuidade da instabilidade política, considera o especialista.
O "pai" da bomba nuclear paquistanesa, Abdul Qadeer Khan, admitiu uma vez ter vendido informações secretas ao Irã, à Líbia e à Coréia do Norte.
Fonte: Terra notícias
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Lembrando...
Risco nuclear faz avançar o Relógio do Apocalipse.
15.01.2007 - O Relógio do Apocalipse, barômetro do Boletim de Cientistas Atômicos, que simboliza a iminência de um ataque nuclear, deverá avançar nesta quarta-feira. A decisão reflete o agravamento da ameaça nuclear, informou um grupo de eminentes cientistas em um comunicado.
O relógio marca atualmente sete minutos para a meia-noite, hora simbólica de uma catástrofe mundial. Esta será a primeira alteração no relógio desde fevereiro de 2002, informou Kennette Benedict, diretora do grupo científico, informando que a decisão "se apoiou em um agravamento da ameaça nuclear e daquelas vinculadas ao aquecimento climático".
A cientista não informou em quantos minutos será adiantado o ponteiro do relógio, criado em 1947 por cientistas de Chicago, que participaram do projeto Manhattan para simbolizar os riscos que as armas nucleares significam para a humanidade. O projeto Manhattan deu origem à bomba atômica, lançada pela primeira vez sobre Hiroshima, no Japão, em 6 de agosto de 1945.
"Este último movimento traduz as inquietações crescentes de uma segunda era atômica devido às graves ameaças causadas pelas ambições nucleares do Irã e da Coréia do Norte, dos materiais nucleares não protegidos na Rússia e em outros lugares, bem como as armas nucleares deslocadas todos os dias nos Estados Unidos e na Rússia", explicou o comunicado.
Fonte: Terra notícias