04.04.2024 -

Jean-Marie Guénois escreveu um artigo no LeFigaro.fr (29 de março) intitulado "O fim do reinado no Vaticano - Como a Igreja se prepara para o dia seguinte a Francisco".

Na basílica romana de Santa Maria Maggiore, estão a ser realizados "trabalhos de restauro".

Na realidade, segundo Guénois, o que se chama "restauro" é um túmulo que está a ser preparado para Francisco. "Quero ser enterrado em Santa Maria Maggiore", disse numa entrevista a 13 de dezembro do ano passado.

Guénois observa que a imagem de Francisco "é sempre boa" nos media [anti-clericais] dos oligarcas, enquanto o clima na Igreja se deteriora: "No Vaticano, a atmosfera está mais tensa do que nunca; nas paróquias locais, há confusão".

Escreve que "mais de metade dos bispos do mundo" [todos de regiões onde a Igreja não está em decadência numérica e moral] rejeitaram a peça de propaganda homossexual de Francisco, "Fiducia supplicans".

Cita um cardeal residente em Roma que chama a Fiducia supplicans "a gota de água que fez transbordar o copo", provocando uma fragmentação e polarização sem precedentes na Igreja.

Mesmo na Cúria Romana, Fiducia supplicans desencorajou grupos inteiros de prelados, especialmente bispos, que até então tinham sido "bastante leais a Francisco".

Algo semelhante aconteceu com Tucho Fernández. Depois de "Fiducia supplicans" e da descoberta das suas obras pornográficas, "perdeu a sua credibilidade e autoridade".

Uma fonte do Dicastério para a Doutrina da Fé garantiu a Guénois que Francisco devia ter conhecimento dos livros pornográficos de Tucho e da sua ocultação.

Outra decisão que causou "sérios tumultos" na Santa Sé foi a dura condenação do Cardeal Becciu, um veredito que foi "recebido como um golpe de martelo no Vaticano".

Muitos pensaram que Becciu teria recebido uma sentença simbólica, porque o julgamento mostrou que a principal acusação contra ele, relativa ao investimento em Londres, tinha sido encoberta pelos seus superiores, incluindo o próprio Francisco.

A severidade de um tribunal cujo juiz supremo é o Papa teve o efeito de um choque numa comunidade eclesial pouco habituada a sanções legais", escreve Guénois, "uma severidade muito diferente do tratamento que Francisco reservou ao padre Marko Rupnik".

Guénois comenta depois o ex-sínodo de Francisco, "no qual a Igreja Católica deu a impressão de estar a pôr em causa os seus fundamentos".

Estes acontecimentos alimentaram uma espécie de "mal-estar geral", revela um cardeal, uma "atmosfera tóxica" que é palpável em Roma.

O cardeal citado acima diz que, desde a morte de Bento XVI, "o comboio descarrilou", uma opinião partilhada pelo autor de Demos II, um documento que circula na Cúria Romana desde o final de fevereiro do ano passado, que conclui que a Igreja está "mais dividida do que em qualquer outro momento da sua história recente" e critica o governo autocrático de Francisco, que só convocou o Colégio dos Cardeais duas vezes, em 2014 e 2022, enquanto continua a falar de "sinodalidade".

Guénois confirmou que os cardeais já se estão a reunir em privado para discutir o sucessor de Francisco.

Ao contrário do conclave anterior, "desta vez, de acordo com a opinião unânime, a primeira questão não é 'quem' poderá suceder a Francisco, mas 'como restaurar a unidade de uma Igreja que está agora profundamente dividida'".

Cita um cardeal que pergunta sem rodeios: "Será que a Igreja ainda acredita em alguma coisa?"

Entre os possíveis sucessores de Francisco, Guénois menciona Parolin (Secretário de Estado), Zuppi (Bolonha), Pizzaballa (Jerusalém), Erdö (Budapeste), Omella (ex-Madrid), Tagle (Propaganda Fidei), Tolentino (Cultura), Ranjith (Colombo), Maung Bo (Rangum) e Aveline (Marselha).

Os 17 cardeais eleitores de África serão os "árbitros" do próximo conclave, que continuará a ser dominado pelos 52 eleitores da Europa decadente.

Guénois escreve que há um amplo consenso entre os cardeais sobre dois pontos: "Qualquer um menos um latino-americano, qualquer um menos um jesuíta".

Guénois conclui com o comentário de um "cardeal experiente": "A Igreja, os fiéis, os padres, os religiosos, os bispos, precisam de estar reunidos, não divididos. Querem atenção, serenidade, sabedoria, não uma fuga para a frente".

Via  gloria.tv

 

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