04.06.2023 - Nota de www.rainhamaria.com.br
Artigo publicado em 03.06.2015
Naquela manhã, em que o rei Mwanga reuniu a corte, pairava no ar uma grande expectativa. Na sala percebia-se a insólita presença de alguns energúmenos, enquanto o grupo dos pajens reais, esplêndidos exemplares de beleza negra, se comprimia em volta do trono. A estes Mwanga deu uma ordem esquisita: “Todos aqueles entre vocês que não tem intenção de rezar podem ficar aqui ao lado do trono; aqueles porém que querem rezar reúnam-se contra aquele muro.” O chefe dos pajens, Carlos Lwanga, foi o primeiro a se mover do lugar e depois dele outros quinze. “Mas vocês rezam de verdade?” perguntou o rei. “Sim, meu senhor, nós rezamos realmente”, respondeu em nome de todos Carlos, que com seus companheiros havia passado em oração a noite apenas finda. “E querem continuar rezando?.” “Sim, meu senhor, até a morte.” “Então, matem-nos”, decidiu bruscamente o rei, dirigindo-se aos algozes. Rezar, de fato, tinha se tornado sinônimo de ser cristão, no reino de Mwanga, rei de Buganda, uma região que faz parte atualmente da Uganda. No reino de Mwanga rezar, ou seja, ser cristão era absolutamente proibido. Na verdade os inícios tinham sido bons. O rei Mutesa havia acolhido bem os padres brancos de Lavigérie, mas tiveram de se retirar por manobras de alguns chefes.
Novamente chamados por Mwanga em 1885, aí encontraram cristãos comprometidos que ocupavam cargos de responsabilidade. Mas a aliança do “katikiro” – uma espécie de chanceler, cuja conjuração contra o rei foi revelada pelos cristãos – com os cortesãos e feiticeiros teria sido fatal aos cristãos. José Mukasa Balikuddembe, conselheiro do rei, foi decapitado a 15 de novembro de 1885; em maio de 1886 foram mortos Dionísio Sbuggwawo, Ponciano Ngondew, André Kaggwa, Atanásio Bazzukuketta, Gonzaga Gonga, Matias Kalemba, Noé Mwaggali. Depois foi a vez dos pajens de que falávamos, três dos quais foram poupados, segundo o costume, após ter sido feito um sorteio. Ficou fazendo parte dos treze mártires Mbaga Tuzinda, filho do chefe dos carrascos, que tentou em vão repetidamente salvá-lo, mas ele não queria saber de separar-se dos seus amigos, entre os quais estava também um menino de 13 anos, Kizito. Os vinte e dois mártires ugandenses foram beatificados por Bento XV e canonizados por Paulo VI a 18 de outubro de 1964, na presença dos padres do Concílio Vaticano II, e o próprio Paulo Vi consagrou em 1969 o altar do grandioso santuário que surgiu em Namugongo, onde os três pajens guiados por Carlos Lwanga quiseram rezar até a morte.
A história de São Carlos Lwanga e seus companheiros em Uganda, na África.
Diz na Sagrada Escritura
"Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé. Resta-me agora receber a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia, e não somente a mim, mas a todos aqueles que aguardam com amor a sua aparição*. (II Timóteo 4, 7-8)
"E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou terras, por amor de meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna". (Mateus 19, 29)
"Eu ouvi uma voz do céu, que dizia: Escreve: Felizes os mortos que doravante morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, descansem dos seus trabalhos, pois as suas obras os seguem". (Apocalipse 14,13)