02.11.2020 - Nota de www.rainhamaria.com.br
Publicado no site em 11.08.2015 -
Dives cum dormierit, nihil secum aufert; aperiet óculos suos, et nihil inveniet – “O rico, quando dormir, nada levará consigo; abrirá os olhos e nada achará”(Iob 27, 19).
Oh! Quão bem aprecia as coisas e dirige as suas ações, o que as aprecia e dirige tendo em vista a morte! Lembra-te, portanto, muitas vezes, meu irmão, de que todas as fortunas deste mundo acabam com um último suspiro, com um cortejo fúnebre. Em breve terás de ceder a outrem as tuas dignidades e riquezas.
O túmulo será a morada do teu corpo até ao dia do juízo, e tua alma estará ou no céu, ou no inferno, para ali ficar eternamente. Então nada acharás senão o bem ou o mal que fizeste; tudo o mais terá acabado.
I. É certa a morte. Ó céus! Sabem-no os cristãos, acreditam-no, vêem-no; como é, pois, que há tantos que vivem no esquecimento da morte, como se nunca tivessem de morrer? Se depois desta vida não houvesse nem inferno nem céu, poderiam pensar menos na morte do que atualmente pensam? E porque é que vivem tão mal como estão vivendo?
Meu irmão, se queres viver bem, procura viver o resto de teus dias sem perder a morte de vista. O mors, bonum est iudicium tuum (1) – “Ó morte, quão boa é a tua sentença!” Quão bem aprecia as coisas e dirige as suas ações o que as aprecia e dirige tendo em vista a morte!
– A lembrança da morte faz perder o amor às coisas deste mundo, diz São Lourenço Justiniani: Consideretur vitae terminus, et non erit in hoc mundo quod ametur. Com efeito; todos os bens do mundo se reduzem, na palavra de São João (2), aos prazeres dos sentidos, às riquezas e as honras. Ora, tudo isto é bem desprezível aos olhos do que reflete em que dentro em breve se tornará pó e será sepultado para servir de pasto aos vermes. Foi efetivamente à vista da morte que os santos desprezaram todos os bens da vida presente.
Que louco não seria o viajante que só pensasse em fazer figura no país que atravessa, e não se importasse que assim se reduz a viver depois vida miserável no país onde tem de ficar a vida toda? E não será igualmente insensato o que só procura ser feliz neste mundo, onde se fica apenas uns poucos dias, e se arrisca a ser desgraçado no outro, onde deverá viver eternamente? – Quem possui alguma coisa apenas por empréstimo, pouca afeição lhe tem, pensando que em breve a tem de restituir.
Os bens da terra nos são dados todos de empréstimo; seria, pois, loucura ligar-se-lhes afeição, já que em breve os havemos de abandonar. A morte nos privará de tudo.
II. Meu irmão, todas as posses, todas as fortunas deste mundo terminarão com um último suspiro, um préstito fúnebre, um baixar à cova. Em breve terás de ceder a outrem a casa que construíste; o túmulo será a morada de teu corpo até ao dia do juízo, e depois irá ou ao céu ou ao inferno, para onde a alma já o terá precedido. E então nada acharemos senão o pouco que tivermos feito por amor de Deus, tudo o mais estará acabado.
Porque, pois, esperar, ó meu Senhor? Esperarei até que venha a morte e me encontre tão miserável e enlameado de pecados, como estou atualmente? Se tivesse de morrer agora, morreria bem inquieto e mal satisfeito com a vida que levei. Não, meu Jesus, não quero morrer tão descontente. Agradeço-Vos por me haverdes dado o tempo de chorar os meus pecados e de Vos amar. Quero começar, a partir de agora. Pesa-me sobre todos os males de Vos ter ofendido, ó bondade suprema, e amo-Vos mais que todas as coisas, mais que minha vida. Dou-me todo inteiro a Vós; ó meu Jesus, desde já Vos abraço, Vos aperto ao coração, e Vos entrego toda a minha alma: In manus tuas commendo spiritum meum(3). Para vô-la dar, não quero esperar até o momento em que o Proficiscere lhe intimará a ordem de partir deste mundo. Não quero esperar até então para Vos rogar que me salveis.
Iesus, sis mihi Iesus – “Ó Jesus, sêde meu Salvador”. Salvai-me agora, perdoando-me e concedendo-me a graça de vosso santo amor. Quem sabe se a consideração que estou lendo agora, não será o último apelo, a última misericórdia que me fazeis? Estendei-me a vossa mão, ó meu amor, e fazei-me sair do lodaçal da tibieza. Dai-me fervor, fazei que Vos obedeça com grande amor em tudo que pedis de mim. – Ó Pai Eterno, pelo amor de Jesus Cristo, dai-me a santa perseverança e a graça de Vos amar, mas de Vos amar muito durante o resto de meus dias. – Ó Maria, Mãe de misericórdia, pelo amor que tendes a vosso Filho Jesus, obtende-me estas duas graças: a perseverança e o amor.
1. Ecclus. 41, 3.
2. 1 Io. 2, 16.
3. Ps. 30, 6.
Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III – Santo Afonso
Fonte: Dominus Est
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Nota de www.rainhamaria.com.br
Lembrando o artigo publicado em 25.06.2015
Então, eles dizem: Este descansou, está com Deus. Será mesmo?
Por Dilson Kutscher
Quando morre uma pessoa, o que mais ouvimos: "Este descansou, está com Deus, rezemos por ele".
Se for alguém famoso ainda dizem: "Foi para o andar de cima, o Céu esta em festa, deve estar revendo fulano..."
Então, vamos lembrar do seguinte...
"Hás de morrer na hora menos pensada. Quer penses, quer não penses nisso, quer acredites, quer não acredites, morrerás e serás julgado, e te salvarás ou condenarás, conforme o bem ou o mal que houveres praticado; disso não escaparás por mais que digas ou faças. E que te aproveitará ganhar todas as riquezas e alcançar todas as honras, e dar ao corpo todos os prazeres, se vier a perder a tua alma?" (Santo Antônio Maria Claret)
São Camilo de Lélis, ao aproximar-se de alguma sepultura, fazia estas reflexões: "Se estes mortos voltassem ao mundo, que não fariam pela vida eterna?"
E eu, que disponho de tempo, que faço eu por minha alma? Este Santo pensava assim por humildade; mas tu, querido irmão, talvez com razão receies ser considerado aquela figueira sem fruto, da qual disse o Senhor: “Três anos já que venho a buscar frutas a esta figueira, e não os achei” (Lucas 13,7).
Tu, que há mais de três anos estás neste mundo, quais os frutos que tens produzido? Considera — disse São Bernardo — Que o Senhor não procura somente flores, mas quer frutos.
"Eu ouvi uma voz do céu, que dizia: Escreve: Felizes os mortos que doravante morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, descansem dos seus trabalhos, pois as suas obras os seguem". (Apocalipse 14,13)