01.08.2020 -Nota de www.rainhamaria.com.br
Publicado no site em 28.09.2016
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“Não temos aqui cidade permanente, mas procuramos a futura” (Hebreus 13, 14).
Vendo tantos ímpios em prosperidade e tantos justos em tribulação, os próprios pagãos, guiados pela luz da razão, reconheceram que a terra não é nossa pátria, mas somente um lugar de passagem e de merecimento. Quão insensatos, pois, somos, se, sendo cristãos e crendo as verdades da fé, nos afeiçoamos aos bens deste mundo, do qual teremos de sair um dia e, entretanto, nos descuidamos de construir com as boas obras uma morada no outro mundo, onde ficaremos por toda a eternidade!
I. Vendo que nesta terra tantos ímpios vivem em prosperidade, e tantos justos, ao contrário, em tribulação, os próprios pagão, iluminados unicamente pela luz natural, reconheceram esta verdade que, dada a existência de Deus e sendo Deus justo, deve haver outra vida, onde os maus sejam castigados e os justos recebam o prêmio. Ora, o que os pagãos admitiram, seguindo unicamente a luz da razão, nós, os cristão, reconhecemo-lo pela fé: “Não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura.” A terra não é nossa pátria, é apenas um lugar de passagem, por onde, em pouco tempo, nos devemos dirigir à morada da eternidade:Ibit homo in domum aeternitatis suae(1) — “O homem irá à casa de sua eternidade”.
Assim, meu irmão, a casa que habitas não é tua morada; é uma hospedaria, de onde bem cedo e quando menos o imaginares, terá de sair. Sabe que, chegada a hora de tua morte, teus amigos mais caros serão os primeiros a expulsar-te. E qual então será a tua morada? Uma cova será a casa de teu corpo até o dia do juízo; e tua alma irá à casa da eternidade, quer no céu, quer no inferno.
Daí o conselho de Santo Agostinho: Hospes es, transis et vides — “És hóspede; vais passando e vês”. Bem louco seria o viajante que, achando-se de passagem num país, nele gastasse todo o seu patrimônio na compra de uma quinta ou casa, que dentro de breves dias teria de abandonar. Lembra-te, portanto, diz o Santo, que não és neste mundo senão um passageiro; não te afeiçoes ao que vês. Vê e passa; procura uma boa casa na qual terá de morar para sempre. — Se te salvares, feliz de ti! Que bela habitação não é o paraíso! Os mais belos palácios dos monarcas não passam de currais em comparação da cidade celeste, única que se possa chamar toda bela:Urbs perfecti decoris (2) — “Cidade de beleza perfeita”. Pelo contrário, ai de ti se te condenares! Estarias abismado num mar de fogo e de tormentos, desesperado, abandonado de todos e sem Deus. E por quanto tempo? Por toda a eternidade!
II. Meu irmão, queres saber qual será tua habitação na eternidade? Será a que tu mesmo tiveres escolhido por meio de tuas obras. Aviva a tua fé, e se pelo passado mereceste o inferno, chora o tempo que perdeste e procura remi-lo, empregando o que te resta unicamente em servires a Deus e em O amares de todo o teu coração.
Se não houvesse outro motivo, pensa que cada instante podes embelezar a casa de tua eternidade e enriquecê-la de imensos tesouros. Portanto não deixes para fazer amanhã o que puderes fazer hoje, porque o dia de hoje estaria perdido para ti e não voltaria mais. Se te fizessem doação de tanta terra quanto pudesses percorrer num dia, ou de tanto dinheiro quanto pudesses contar no mesmo tempo, como não havias de te apressar? E agora, que a cada momento podes adquirir tesouros eternos, quererás perder o tempo?
Ó meu Senhor, aí está a morada que mereci pelo meu procedimento: o inferno. Bendita seja para sempre a vossa misericórdia, que esperou por mim e me dá tempo para reparar as faltas. Bendito seja o sangue de Jesus Cristo que me alcançou esta misericórdia! Não, meu Deus, não quero mais abusar de vossa paciência. Pesa-me sobre todos os males de Vos ter ofendido, menos por ter merecido o inferno do que por ter ultrajado a vossa bondade infinita.
Se eu estivesse agora no inferno, ó meu soberano Bem, nem eu poderia amar-Vos, nem Vós me poderias amar. Amo-Vos e quero ser por Vós amado. Eu não o mereço, mas merece-O Jesus Cristo, que na cruz se Vos ofereceu em sacrifício, afim de que me pudésseis perdoar e amar. Pai Eterno, pelo amor de vosso Filho, concedei-me a graça de sempre Vos amar e de Vos amar muito. Amo-Vos, ó Filho de Deus, que morrestes por mim. — Amo-vos, ó Mãe de Deus, que pela vossa intercessão me obtivestes o tempo de fazer penitência. Alcançai-me ainda, ó minha Senhora, a dor de meus pecados, o amor de Deus e a santa perseverança. (*II 63.)
Eccles. 12, 5.
Thren. 2, 15
Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III – Santo Afonso
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Disse ainda Santo Afonso de Ligório:
“O negócio da nossa salvação é certamente a coisa mais importante e ao mesmo tempo mais negligenciada pelos cristãos. Quando se trata de conseguir uma posição, de ganhar um processo, de contratar um casamento, não se poupam trabalhos, não se perde tempo; quantos conselhos, quantas providências não são tomadas; não se come nem mais se dorme. Quando, porém, se trata de assegurar a salvação eterna, ninguém se importa com isso, antes emprega todos os meios para perdê-la e a maior parte dos cristãos vive como se as verdades eternas, morte, juízo, inferno e céu, fossem fábulas vãs inventadas pelos poetas e não artigos de nossa fé. Todo o homem se envergonha de ser desleixado nos negócios mundanos e, afinal, milhares não se envergonham de negligenciar o negócio da eternidade, do qual depende tudo. Concedem que os sábios procederam sabiamente cuidando exclusivamente em sua salvação, mas eles mesmos pensam em tudo, menos em sua alma”. (Extraído do livro Escola da Perfeição Cristã)
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Então, eles dizem: "Este descansou, está com Deus. Será mesmo?"
Por Dilson Kutscher
Quando morre uma pessoa, o que mais ouvimos: "Este descansou, está com Deus, rezemos por ele".
Se for alguém famoso ainda dizem: "Foi para o andar de cima, o Céu esta em festa, deve estar revendo fulano..."
Então, vamos lembrar do seguinte...
"Hás de morrer na hora menos pensada. Quer penses, quer não penses nisso, quer acredites, quer não acredites, morrerás e serás julgado, e te salvarás ou condenarás, conforme o bem ou o mal que houveres praticado; disso não escaparás por mais que digas ou faças. E que te aproveitará ganhar todas as riquezas e alcançar todas as honras, e dar ao corpo todos os prazeres, se vier a perder a tua alma?" (Santo Antônio Maria Claret)
São Camilo de Lélis, ao aproximar-se de alguma sepultura, fazia estas reflexões: "Se estes mortos voltassem ao mundo, que não fariam pela vida eterna?"
E eu, que disponho de tempo, que faço eu por minha alma? Este Santo pensava assim por humildade; mas tu, querido irmão, talvez com razão receies ser considerado aquela figueira sem fruto, da qual disse o Senhor: “Três anos já que venho a buscar frutas a esta figueira, e não os achei” (Lucas 13,7).
Tu, que há mais de três anos estás neste mundo, quais os frutos que tens produzido? Considera — disse São Bernardo — Que o Senhor não procura somente flores, mas quer frutos.
"Eu ouvi uma voz do céu, que dizia: Escreve: Felizes os mortos que doravante morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, descansem dos seus trabalhos, pois as suas obras os seguem". (Apocalipse 14,13)
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